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Logística Farmacêutica 14 de setembro de 2017

3rd Pharma reuniu profissionais da cadeia de saúde em dois dias com quase 40 palestras

Nos dias 16 e 17 de agosto, a cadeia logística da saúde se reuniu no espaço Apas, em São Paulo, SP, para a terceira edição do Pharma Supply Chain & Health Brazil, realizado pela Anfarlog – Associação Nacional de Farmacêuticos Atuantes em Logística (Fone: 11 5087.8861).

Além do espaço dedicado à exposição de produtos voltados ao setor, que abrigou os estandes das empresas patrocinadoras, o evento contou com o Congresso 3rd Pharma e mais dois fóruns simultâneos: o 1º Fórum Internacional de Cadeia Fria e Logística de Pesquisa Clínica e o 1º Fórum Internacional de Segurança na Cadeia Logística Farmacêutica, que aconteceram em três salas durante os dois dias.

Ao todo, foram 32 palestras mais sete mesas redondas com quase 70 palestrantes de empresas como World Courier, GLP, Grupo Luft, Grupo Polar, Lufthansa, UPS, Pfizer, DHL Supply Chain, Avon, Johnson & Johnson, Alcon, Fedex, Panalpina, Kuehne + Nagel, Bayer, Libbs, entre outras, sem falar de representantes da Anvisa, do Sindusfarma, dos aeroportos de Viracopos (em Campinas, SP) e do Galeão (no Rio de Janeiro) e da própria Anfarlog.

“Estamos muitos felizes com o resultado do evento. A avaliação foi altamente positiva, tanto dos congressistas quanto dos expositores. Cumprimos o prometido, de levar apenas profissionais de alto nível gerencial para palestrar”, comenta Saulo de Carvalho Júnior, presidente da Anfarlog e coordenador do 3rd Pharma.

Segundo ele, na próxima edição, que deve acontecer em setembro de 2018, no mesmo local, serão enfatizadas, ainda mais, as mesas redondas, que foram um sucesso. “Também faremos algumas melhorias: teremos uma sala única, em vez de três simultâneas, e almoço no local”, adianta Carvalho Júnior.

Temas abordados
Nelson Mussolini, presidente do Sindusfarma, foi um dos palestrantes do encontro. Ele disse que o Brasil é importante dentro do mercado farmacêutico global, ocupando a 8ª posição em 2016 em comparação a outros países. A expectativa é chegar ao 5º lugar em 2021. “No entanto, essa colocação, seja 8ª ou 5ª, significa apenas 4% do mercado farmacêutico mundial. Ou seja, ainda temos um grande mercado a ser explorado, como se vê no Japão e nos Estados Unidos”, expôs.

Mussolini deixou claro que o vilão da saúde no Brasil não é a indústria farmacêutica, citando que os planos de saúde, por exemplo, aumentaram seus preços três vezes mais que os medicamentos. “Temos, ainda, um sério problema tributário, além dos altos impostos. São 27 legislações sobre o assunto, sendo que cada uma possui cerca de 300 artigos.” Segundo ele, gastamos tempo e recursos demais com burocracia.

Felipe Augusto Gomes Sales, gerente da GIMED – Gerência de Inspeção e Fiscalização de Medicamentos e Insumos Farmacêuticos da Anvisa, falou sobre os principais regulamentos relacionados à logística do setor, como a Portaria nº 802/1998 (Consulta Pública nº 343/2017), que inclui o distribuidor como mais um ente na cadeia farmacêutica, além de preconizar que a armazenagem e o transporte de medicamentos termolábeis devem ser feitos em refrigeradores, câmaras frias, contêineres refrigerados ou freezers. Também abordou outros pontos, como alarmes no caso de excursões de temperatura e monitoramento contínuo. “Essa portaria tem foco maior no transporte. O Brasil é muito complexo nessa questão, se não pensar nisso, os produtos não terão a qualidade esperada.”

Já a RDC nº 157/2017 dispõe sobre a implantação do Sistema Nacional de Controle de Medicamentos e os mecanismos e procedimentos para rastreamento com o uso do código bidimensional DataMatrix. “A ideia é criar um aplicativo que permita a todos os interessados ter acesso às informações sobre o produto. Esse projeto ainda está em fase experimental e deve levar uns três anos para ser concluído”, explicou Sales.

Por sua vez, Liana Montemor, gerente técnica do Laboratório Valida do Grupo Polar, apresentou um caso prático de qualificação de embalagens térmicas, seguindo os requerimentos do guia da Anvisa “Qualificação de Transporte de Produtos Biológicos”. De acordo com ela, a temperatura na qual o produto biológico deve ser transportado deve ser aquela que assegure sua qualidade, de acordo com o estudo de estabilidade de longa duração realizado. A empresa poderá prever excursões de temperatura ao longo do transporte, por tempos limitados, desde que tenha realizado estudos de estabilidade de estresse que deem suporte às excursões pretendidas.

Além disso, ressaltou que os sistemas de transporte devem ser adequados para proteger os produtos das condições de temperatura e umidade mais extremas que podem ocorrer ao longo do ano na rota de transporte qualificado. Segundo Liana, é recomendado o monitoramento da temperatura durante o transporte de biológicos em território nacional.

A gerente técnica explicou, ainda, sobre a ERU – Especificação de Requerimento de Usuários, documento que deve definir os requerimentos necessários de forma detalhada e consistente para atender a um projeto de qualificação de embalagens térmicas, descrevendo o que se quer realizar com ele. “É fundamental que o usuário informe todos os requerimentos. Tempo e temperatura devem ser levados em conta na qualificação”, explicou.

Abordando o tema tendências do Supply Chain para a indústria farmacêutica, Carlos Grzelak Jr., vice-presidente para a América Latina da Emcure Farmacêutica, mostrou a sofisticação dos processos de Supply Chain. Entre a previsão de vendas e a produção, as empresas hoje têm colocado um gerente de demanda, que é aquele que nas reuniões de SOP desafia os profissionais para saber se a demanda é real e se a logística está adequada. “Sempre há um duelo entre essas áreas, mas as equipes precisam trabalhar unidas. Os profissionais de vendas devem ter responsabilidade ao definir seu forecast, e os de SC necessitam se comprometer com os prazos”, ressaltou.

Em sua palestra sobre estratégias logísticas para as demandas de mercado, Ricardo Sério, country manager Brazil da World Courier, falou a respeito dos produtos biológicos, terapias celular e genética, e pesquisas clínicas diretas ao paciente, que exigem uma logística especial.

Ele explicou que os biológicos – aqueles produtos que têm o ciclo de vida diferenciado – representam um grande desafio para a cadeia. “Trata-se de uma indústria complexa com produtos complexos, com baixo volume e alto valor agregado.” No Brasil, eles representam 4% da quantidade de medicamentos distribuída pelo SUS, mas 51% do orçamento.”

Com relação às terapias celular e genética, Ricardo contou que a cadeia desses produtos tem ranges de temperatura muito restritos e requer qualificação dos sistemas de transportes. Os tempos de turnaround são extremamente apertados – tipicamente de 18 a 36 horas, com coletas e entregas 24/7, aos finais de semana e feriados, com limitações de transporte e viagens, como inabilidade de raios X, além de desafios com embarques entre fronteiras.

Para lidar com esse setor, ele destacou que é preciso ter SOPs específicos e plano de transporte robusto com as companhias aéreas para garantir a velocidade e a robustez em todo o processo de cadeia fria. “Atrasos em qualquer etapa podem inviabilizar o tratamento”, disse.

Em outra palestra foi apresentado o case da Johnson & Johnson com a GLP. Renato Fusaro, diretor de Real Estate & Planejamento da J&J na América Latina, contou como se deu o processo de escolha do galpão logístico para abrigar suas operações em São Paulo. A empresa precisava definir a localidade considerando a distância do CD até os hospitais onde seriam feitas as entregas, as estradas que seriam usadas no trajeto e o tempo que levaria para cada operação. “Com base no tempo, calculamos a distância. Com isso, eliminamos algumas estradas do projeto e chegamos a 190 galpões logísticos”, explicou.

A área de Real Estate da J&J fez, então, um filtro avaliando valor do aluguel, localização, certificações da Anvisa, entre outros itens, e, destes 190, selecionou 41. Após visitas a essas estruturas, o número caiu para 25, os quais receberam outra visita, desta vez mais técnica. Daí, chegou-se a sete galpões e começaram as negociações. “De cinco, escolhemos um. Foram quatro meses nesse processo”, expôs.

Fusaro disse que é importante fazer a conta não somente do aluguel, mas também de quanto ainda seria necessário investir na estrutura para atender às necessidades da empresa. Alguns galpões podem ter o valor de aluguel maior, mas não será necessário nenhum tipo de adequação.

Ricardo Antoneli, diretor de desenvolvimento da GLP Brasil, apresentou, então, o galpão escolhido. Localizado em Guarulhos, SP, possui 67.000 m² de área bruta locável climatizada e foi construído com alto padrão de qualidade, reunindo localização, segurança e infraestrutura completa. A GLP investiu, inclusive, na construção de um viaduto para facilitar o acesso e a saída do local, gerando ganhos de eficiência logística.

“Para escolher um galpão para operações farmacêutica, é preciso levar em conta a segurança, devido ao alto valor agregado dos produtos, a localização, a climatização e o baixo custo operacional. Tudo o que o GLP Guarulhos oferece”, mostrou. Antoneli lembrou, ainda, que a empresa tem 2 milhões de metros quadrados de galpões dedicados ao setor farma no mundo.

Uma das mesas redondas do 3rd Pharma foi sobre os desafios do agenciamento de cargas farmacêuticas e a manutenção da qualidade de produtos. Thiago Raymondi, gerente nacional de frete aéreo de Pharma & Healthcare Operations da Kuehne + Nagel, comentou que as margens das empresas do setor estão cada vez menores. “Somos parte importante da cadeia farmacêutica e sofremos pressão para reduzir custos”. Ele também expôs que há várias nuances nas operações no segmento porque cada cliente solicita controles diferentes de temperatura da carga, seja apenas na armazenagem ou também durante o transporte.

Respondendo a uma pergunta do público, Fábio Acerbi, diretor de operações aéreas da América Latina da UPS, disse que é difícil fazer uma estimativa de quanto o cliente pode perder se não investir em uma solução mais robusta. “Logística é investimento, não gasto.”

Para o profissional, é preciso pensar nos riscos e na preservação da imagem da empresa ao negociar custos, inclusive, indicou que a equipe de finanças deve fazer parte dessas reuniões. “Não dá para ser barato e eficiente”, frisou. Ele citou, ainda, outro desafio: nem todos os clientes abrem inteiramente sua operação para os Operadores Logísticos.

Edevaldo Gadotti, diretor de operações da Fedex no Brasil, ressaltou que embarcadores, transportadores e usuários devem atuar em conjunto. “O mercado precisa amadurecer para desenvolver uma relação sólida”. Quanto ao valor do frete, salientou que é fundamental que os OLs saibam até onde podem chegar oferecendo alto nível de serviço. Adriano Bronzatto, head de Processos de Negócios e Qualidade para o Mercosul da Panalpina, também participou da mesa redonda.

Diversos outros temas foram apresentados, entre eles: value-based healthcare, mulheres que fazem a diferença, cenário político e econômico, modelo de risk management para logística de temperatura controlada, fiscalização sanitária, roubo de cargas, judicialização na saúde, segurança 4.0, falsificação de medicamentos e gestão de relacionamento com terceiros.

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