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Conteúdo 20 de janeiro de 2008

Cortes em pleno vôo

O governo federal, para compensar a perda da CPMF – Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira, anunciou cortes nos gastos públicos de R$ 20 bilhões.

As áreas atingidas pelo corte são: saúde, educação, cultura, ciência, tecnologia, esporte, desenvolvimento urbano, saneamento e habitação, e somam cerca de R$ 3 bilhões em investimentos, sendo que os gastos totais do governo são estimados em R$ 560 bilhões.

O vice-líder na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros, afirmou que “tudo vai ser atingido e não existe a possibilidade de algum ministério ser poupado”.

No momento em que a ordem é apertar o cinto dos gastos, a presidência tomou o caminho inverso no que se refere ao conforto em seus aviões.

O contrato com uma empresa privada para fornecimento de alimentação para as aeronaves presidenciais acaba de ter um aumento de 14,87%, já descontada a inflação de 2007. Passou de R$ 1,5 milhão para R$ 1,8 milhão, segundo o "Diário Oficial" da União.

A empresa contratada é a Comissária Aérea Brasília, fornecedora da Presidência há décadas e sem concorrente.

O contrato prevê o fornecimento de comida e bebida para todos os aviões da Presidência: o Airbus 319 ("Aerolula", usado pelo presidente), dois Boeings 737-200 (os "Sucatinhas"), sete aviões da Embraer, sete jatos Learjet e dois helicópteros. Além do presidente, ministros e autoridades do Legislativo usam essas aeronaves.

As refeições para o avião presidencial são diferenciadas. Segundo a empresa, o cardápio “depende do que o Lula pede, tem muita comida regional, muito feijão de corda e também lombinho, picanha, bacalhau”.

Entre janeiro e novembro do ano passado, os gastos do governo federal com passagens e diárias em hotéis foram de R$ 843,7 milhões, segundo dados disponíveis do Siafi (sistema de acompanhamento de gastos do governo). Acho que essa fatia deve ser “insignificante” para a contribuição no esforço do governo de cortar R$ 20 bilhões para compensar o buraco deixado pelo fim da CPMF!

Lula já avisou a auxiliares que pretende intensificar suas viagens pelo Brasil no primeiro semestre de 2008. No segundo semestre, por conta do período eleitoral, o presidente deve fazer viagens ao exterior, principalmente para a Ásia.

Como se não bastassem estas “ajudas de custo”, sabemos que os nossos queridos deputados têm o direito de receber de volta o dinheiro gasto em gasolina, seja indo para seus redutos eleitorais, ou ações particulares (muitas delas amorosas).

Nos primeiros dois meses da atual legislatura, os deputados pediram o reembolso de 11 milhões e 200 mil reais, ou seja, um milhão de litros de gasolina, o que daria para dar a volta ao mundo 255 vezes.

Embora nós estejamos indignados com tudo isso neste momento, pouco ou nada fazemos para mudar esta situação e nos conformamos em ser remetidos, por esta política, à Roma antiga, onde César dava pão à massa pobre, para saciar a fome, e shows de gladiadores para saciar a mente.

Como qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência, aqui no Brasil de 2008, também vivemos a cultura do “Pão e Circo” e por isso já estamos nos “sacolejando”, treinando para o Carnaval, e nos esquecendo que estas pessoas, hoje no poder, foram colocadas nesta função por nós.

Que tal nas próximas eleições pensarmos um pouquinho mais e colocarmos pessoas realmente comprometidas com o povo.

 

* Ricardo Diniz é empresário e presidente da Associação Comercial Empresarial de Jundiaí.

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