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Conteúdo 8 de março de 2018

É possível combinar qualidade de vida com resultados positivos trabalhando em logística?

Olá caro leitor, sabe aqueles encontros inesperados que se tornam uma grata surpresa ao rever alguém querido? Pois é, eu tive o privilegio de experimentar essa sensação dias atrás ao reencontrar um querido amigo dos tempos de faculdade. Uma feliz coincidência que nos reaproximou depois de 16 anos, começamos a colocar o papo em dia e depois de falar de filhos e esposas invariavelmente vem àquela pergunta, “e no que você está trabalhando?”, naquele momento percebi um certo desconforto no semblante dele que logo disse: “estou gerenciando uma transportadora, e você sabe como é estressante trabalhar em logística…” Devo explicar que por formação somos engenheiros de produção e depois da formatura cada um seguiu um caminho, eu mais voltado para a área de supply chain e meu amigo na linha de produção.

É bem conhecido o estigma que a operação logística carrega, por ser a ultima etapa do processo, na sua maioria, ela não é considerada parte do produto e pelos riscos envolvidos muitas empresas preferem não amarrar sua marca no processo logístico se eximindo da culpa de atrasos ou falhas que possam acontecer na operação de transporte. Mas eu quis saber no detalhe o que era mais estressante para ele, uma vez que eu sabia da sua competência em conduzir linhas de montagem com centenas de colaboradores. Então visivelmente cansado ele disse que o ponto principal para ele era a falta de visibilidade no processo de entrega; quando ele gerenciava uma linha de montagem ele tinha visão de todo o processo a qualquer momento sem delay ou ruído na informação e se ainda assim ele tivesse alguma duvida sobre os números ele poderia ir até a linha de montagem e verificar com seus próprios olhos o que estava acontecendo; “como é que eu posso ter olhos em 200 caminhões ao mesmo tempo e tomar ações corretivas a tempo para minimizar perdas, é impossível combinar qualidade de vida com resultados positivos trabalhando em logística…” Essa afirmativa dele caiu como um raio na minha cabeça, pois muitos profissionais da nossa área tendem a concordar e se conformar, mas hoje com a evolução da tecnologia existem ferramentas muito boas para suportar a operação de transporte.

Foi em 2015 na XIX Conferencia Nacional de Logística dentro da MOVIMAT que encontrei outro amigo, Halley Takano, que junto com outros colegas estava há dois anos na época criando a Comprovei, empresa especializada na tecnologia para gestão das coletas e entregas. A missão da empresa é melhorar a vidas das pessoas com entregas incríveis. Aqui cabe uma explicação sobre o que seria uma entrega incrível; uma entrega incrível vai além do jargão “produto certo, no lugar certo, na hora certa” é uma entrega que traz uma história; e melhorar a vida das pessoas também vai além do consumidor final feliz, mas todos que participam dessa operação, analistas, motoristas, ajudantes e até os gerentes como meu incrédulo colega de faculdade. Pensei que essa seria a ferramenta que ele precisa conhecer.

Quando comecei a contar que era possível controlar a operação de transporte mesmo com todas as incertezas e variáveis nem sempre controláveis ele veio com a resistência de mais de uma década controlando linha de produção dizendo; “isso não funciona, estamos distante dessa possibilidade, a primeira barreira são os motoristas com forte resistência a manejar tal tecnologia, mesmo que em um smartphone. Outro ponto é acesso a internet, o Brasil ainda tem que caminhar muito para ter uma rede de internet confiável em todo território nacional, entre outros pontos…” nesse momento entramos em um debate extremamente saudável onde eu comecei a colocar aspectos que ele não conhecia ou tinha resistência a conhecer.

Eu disse a ele que já na implementação de um sistema como este, é possível notar uma melhora pelo simples fato de que todos os envolvidos se sentem observados e aqueles que não trabalham com excelência começam a trabalhar pelo menos com eficácia.

Ele contrapôs dizendo que com essa tendência de mercado aumentando o mix de produto deixando tudo cada vez mais customizável invariavelmente faz com que as entregas sejam mais fragmentadas aumentando os riscos de erro no processo. Eu concordo totalmente com essa tendência, isso só reforça a necessidade de usar a tecnologia a nosso favor, substituindo a leitura e digitação pela imagem; um leitor de código de barras ou um celular com câmera faz toda a diferença nessa etapa.

“Mas vamos esbarrar na padronização das informações, cada empresa tem uma forma de conduzir sua armazenagem.” Disse meu amigo certo de que tinha provado a inviabilidade do uso de tecnologia de ponta na logística. Nesse caso, operação de transporte, a base de informações está na Nota Fiscal e neste aspecto o governo exige uma padronização mínima, a forma mais usada é o upload na plataforma do arquivo XML da NFe via webservice. Assim temos todas as informações necessárias para controlar a operação de ponta a ponta minimamente padronizada. Se temos o controle de toda a operação não é difícil imaginar que teremos acesso a notificações que permitem antecipar estratégias de contenção que podem salvar operações dadas como perdidas no modelo tradicional de entrega. A plataforma analisa a rota calculando os ETA (Estimated Time to Arrival) ou HEC (Horário Estimado de Chegada) para cada local de entrega na viagem e a medida que se vai progredindo nessa rota, esses horários estimados são dinamicamente recalculados e dependendo do grau de atraso previsto, os gestores e/ou os clientes podem receber alertas via SMS ou E-mails. Um exemplo clássico é através do tempo médio dado pelo roteirizador combinado com um atraso inesperado como um acidente de transito no trajeto é possível saber que a ultima entrega da rota não chegará no tempo previsto ainda no período da manhã, possibilitando negociar alternativas com o cliente impactado antes de gerar a tradicional frustração de não cumprir o prazo.

Essa plataforma também permite a integração com a Internet das coisas onde se torna possível, por exemplo, o controle da temperatura de uma frota de caminhões refrigerados real time. O controle de temperatura real-time permite um acompanhamento minuto-a-minuto ao longo de toda viagem, assim o gestor terá dados muito mais consistentes para contatar se uma carga refrigerada teve sua qualidade afetada dependendo do tempo ou intensidade que a temperatura tenha ficado fora dos níveis ideais. Sistemas antigos permitiam apenas a verificação da temperatura ao final da viagem, em geral quando o caminhão volta a sua base (muitas horas ou até dias após as entregas). Eis a solução para quem disse não ser possível ter olhos em 200 caminhões. As vantagens não se restringem ao departamento de logística, muitos outros podem se beneficiar de uma tecnologia como essa; vendas com a comprovação real time da entrega finalizada, finanças podendo adiantar o processo de faturamento com o canhoto assinado e digitalizado.

Temos que falar também nas informações acumuladas no sistema que é um divisor de águas no que tange a tomada de decisões estratégicas, elas deixam de ser por impressões e passam a ser embasadas em fatos, como por exemplo medir a performance de entrega das transportadoras. Outra forma de melhorar o processo é o controle do tempo médio de espera entre as entregas podendo ranquear os clientes/fornecedores e negociar ajustes operacionais e até comerciais com os que estão travando o processo de entrega.

Quanto mais eu argumentava mais o meu incrédulo amigo se entusiasmava até que eu perguntei: E aí a logística está ou não está no século 21?

“Parece que em fim começaram a olhar para logística com a atenção merecida, desenvolvendo ferramentas realmente importantes para os gestores de logística. Vamos marcar uma conversa com o seu amigo para que eu possa conhecer mais sobre a Comprovei, essa solução pode ser o que faltava para combinar qualidade de vida e resultados positivos no universo da logística.”

De certa forma me senti honrado em mostrar o potencial que temos hoje para usar em todas as operações de logística. O que nos falta agora é sair da zona de conforto e se arriscar mais com o novo, investir em soluções que podem trazer resultados positivos na vida profissional nos tornando maios leves e na vida pessoal também com mais tempo para nossas famílias.

Até a próxima.

Marcos Miranda

Pós-Graduado em Administração para engenheiros (FEI)
Formação acadêmica em Engenharia de Produção
15 anos de experiência com supply chain

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