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Conteúdo 1 de junho de 2016

Integrar visões de curto e longo prazo pode abrir novas oportunidades nas cadeias logísticas

* Cindy Haring, presidente da DHL Global Forwarding Brasil

O recrudescimento do cenário econômico brasileiro leva muitas empresas e gestores a se focarem exclusivamente em questões relativas ao curto, ou até, curtíssimo prazo. Claro, é necessário dar respostas rápidas às urgências do momento, mas deixar totalmente de lado o médio e o longo prazo tira a oportunidade de capturar oportunidades duradouras ou de se estabelecer em mercados ascendentes. Além disso, especialmente no mercado de logística, algumas tendências já se mostram muito nítidas e podem apontar caminhos para o enfrentamento em melhores condições da redução da atividade econômica.

Identificar tendências e traçar cenários futuros não é algo simples, mas o DPDHL enfrentou este desafio e produziu dois importantes estudos globais, com renomados especialistas de mercado e da academia, que apontam para tendências futuras. No estudo “Chegando ao amanhã, necessidades dos clientes em 2020 e o futuro” são apontados 10 tendências para 2020 no mercado de logística. Didaticamente, elas foram agrupadas em três blocos:

1 – Desenvolvimento global: a economia mundial cresce – que abrange o impacto das mudanças climáticas, a revolução verde em produtos, serviços e fontes energéticas, o crescimento das desigualdades econômicas e sociais e a consolidação da liderança econômica da China.

2 – O novo consumidor: novas necessidades, expectativas e comportamentos – a internet está transformando as expectativas e comportamentos do consumidor. Demandas por individualização, transparência, agilidade e sustentabilidade, bem como conveniência, conforto e simplicidade só tendem a crescer. As comunicações pessoais (redes sociais) permanecem uma prioridade.

3 – Logística alterada: o novo modelo da indústria – o mercado de logística incorpora tendências e estabelece novos padrões de cooperação e iniciativas verdes. Alternativas de manufatura (impressoras 3D, por exemplo) criarão novas possibilidades e o provedor logístico será cada vez mais um consultor responsável por desenvolver soluções de acordo com cada situação em específico.

Por sua vez, outro estudo do DPDHL, “Logística 2050”, traça cinco cenários econômico-sociais e seus impactos no mercado de logística em 2050. Para fins de análise, vou comentar sobre dois: o “Economia Descontrolada”, que prevê um crescimento econômico massivo provocando impactos ambientais e o crescimento vertiginoso do mercado logístico; e o “Estilos de Vida Customizados”, que descreve um mundo onde individualização e consumo personalizado são preponderantes. Os consumidores estão habilitados para criar, projetar e inovar seus próprios produtos. Isto leva a um aumento nos fluxos comerciais regionais, com apenas matérias-primas e os dados ainda fluindo globalmente.

Nos demais três cenários do estudo (“Mega-eficiência, em megacidades”, “Protecionismo paralisante” e “Resiliência Global – Adaptação Local”), saltam a vista questões como cidades inteligentes, retorno do protecionismo de mercado e os impactos de eventos climáticos cada vez mais severos que poderiam levar a uma maior regionalização das cadeias logísticas.

Como todo exercício de previsão, é muito difícil que ele se concretize por completo, mas já podemos notar, agora mesmo, uma combinação destas tendências e cenários se materializando. Por exemplo, o desaquecimento econômico no Brasil coloca uma pressão sobre os operadores para aumentarem a eficiência das cadeias logísticas que administram. De outro lado, eventos climáticos extremos e instabilidades políticas internacionais vem provocando um maior rigor de diversos países na circulação de pessoas e produtos. A demanda por personalização e agilidade também já é algo bem intenso e perceptível em nosso dia a dia.

Assim, para além do pessimismo geral, o mercado de logística apresenta grandes oportunidades que podem ser até favorecidas pelo atual momento. Agora, muitas empresas estão mais abertas a reverem alguns paradigmas e adotarem novas soluções. Temos observado, por exemplo, crescer o interesse pelo modal cabotagem, cujos custos são mais competitivos frente ao transporte rodoviário. O desenho de cadeias de suprimentos cada vez mais ágeis e flexíveis também é uma demanda grande do mercado, fortalecendo, portanto, o papel de consultor dos operadores.
Devemos manter a motivação e perseguir estas oportunidades que podem reabrir os caminhos para a expansão dos negócios e posicionar em vantagem as empresas quando a economia se estabilizar. Acima de tudo, em um mundo em transformação, a logística não é um acessório, mas um ativo fundamental que conecta nações, empresas e consumidores e tem muito a contribuir com a economia como um todo.

* Cindy Haring é presidente da DHL Global Forwarding Brasil desde 2011. Previamente, a executiva ocupou vários cargos de liderança, locais e regionais, na DHL no Chile, EUA e México. Ingressou no mercado logístico em 1989, tendo grande experiência, na América Latina, na área de comércio internacional.

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