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Conteúdo 24 de novembro de 2015

O fantástico mundo da logística ocorrido nas últimas eleições de 2014

A utilização da logística empresarial como uma poderosa ferramenta estratégica, atualmente, tornou-se, um grande desafio, em função do surgimento da evolução tecnológica aplicada à logística empresarial frente às exigências do mercado competitivo.  A priori, sabe-se que, a essência da logística, se inicia com a fabricação e distribuição de produtos até fazer chegar às mãos dos consumidores. Essa ferramenta, constitui um verdadeiro paradoxo, sendo ao mesmo tempo, uma das atividades econômicas mais antigas e um dos conceitos gerenciais mais modernos devido as mudanças de ordem econômica e tecnológica. Falar de logística envolve pensar em um conjunto de ações que coordena todo o fluxo de bens e informações, desde os pontos onde as matérias-primas são geradas até o local onde o produto final é consumido, podendo ser avaliada de forma mais abrangente e considerada como logística integrada (ou total), Importante destacar que todas as ações visam doravantemente à busca constante da eficiência (como fazer) organizacional e da eficácia econômica –  (obtenção dos resultados almejados com o mínimo custo logístico total, de forma a atender aos requisitos do cliente final).

 A logística não se limita apenas à coordenação e execução do transporte de produtos. A necessidade de integrar esta operação com a gestão dos materiais e da armazenagem, com o controle das informações e com a rede de instalações é hoje, vital para o planejamento e operação de uma Cadeia de Suprimentos (Supply Chain).

Torna-se relativamente simples compreender isto observando-se o modelo logístico tradicional, representado por transações comerciais de compra e venda de produtos. Mas ao expandir-se o campo de análise é possível enxergar logística em muitas outras atividades. Sem dúvida, o processo eleitoral é um dos melhores exemplos desta situação.

Apesar de normalmente não ter consciência do fato, cada vez que aperta o botão ‘confirma’, o eleitor está participando de um dos mais avançados e eficientes sistemas logísticos do planeta. Nas últimas eleições realizadas em  2014, a exemplo, destes cinco municípios da região sul e do interior da Bahia: Aiquara; Dário Meira; Itagi. Itagibá e Jitaúna; haviam mais de 50.102  eleitores aptos a votarem em 164 seções principais (com urnas) bem como 52 seções agregadas às principais; e; 20 urnas de contingência espalhadas por todos os municípios mencionados. Este processo utilizou, no total, 164 urnas eletrônicas[1]. Recursos humanos e profissionais envolvidos, tivemos: 656 mesários; 44 coordenadores de local; 09 técnicos de urnas; 763 pessoas diretamente envolvidas com o cartório eleitoral, considerando-se quatro mesário por seção, o contingente de pessoas envolvidas ultrapassou 1.200 mil duzentas pessoas; isto sem contar com motoristas engajados, fiscais de prédio; policiais escalados e pulverizados em todos os municípios para garantir a segurança dos eleitores e das eleições, etc.

São números consideráveis e acentuados, mas proporcionais ao tamanho da integração desses municípios supracitados. O que impressiona mesmo é o fato de toda a votação acontecer simultaneamente em toda Bahia e no país, sendo concluída em apenas 9 horas, tendo-se iniciado automaticamente a outra etapa do processo eleitoral, que envolve o processamento e totalização do monstruoso volume de informações obtidas, trabalho, que graças à estrutura tecnológica criada, também é realizado rapidamente.

Planejar o sistema, carregar as informações e distribuir as urnas, selecionar e treinar pessoas, além de fazer toda a logística reversa (recolhimento para apuração e desdobramento do relatório final) dos dados e urnas após a votação são algumas das etapas mais visíveis do processo. Seria impossível para um Cartório Eleitoral ou para qualquer outra instituição executar todo este trabalho sem um grande suporte logístico com ênfase no planejamento das operações que devem ser desenvolvidas no dia da votação, respeitando ainda, as exigências legais contidas em qualquer eleição.

A análise desta espetacular e fantástica “logística eleitoral” leva a uma inevitável comparação com os setores produtivos do Brasil, onde a voz corrente reclama das condições estruturais, políticas e econômicas existentes, quase sempre representadas pelo infame “Custo Brasil”, isto é; o permanente gargalo da infraestrutura nacional.  Ou seja, são dois “brasis” distintos, um que representa a vanguarda, e outro que ainda sofre com problemas básicos correlatos aos processos logísticos.

Os setores atrasados são reféns de problemas atrelados a um mau (ou a falta de) planejamento no passado, onde algumas decisões equivocadas foram tomadas, como por exemplo, a concentração do transporte de cargas no modal rodoviário, sabidamente um dos mais onerosos para deslocamentos de grandes distâncias. Entretanto, este ou outros fatores não podem ser colocados como limitadores ao aperfeiçoamento logístico, mas sim, como obstáculos que precisam ser superados. Isso se consolida um verdadeiro paradoxo!!!

Assim, considerando, o sucesso do modelo tecnológico da logística eleitoral, os profissionais da área, seja no setor público ou privado, têm a oportunidade de pesquisar este processo visando encontrar soluções e oportunidades de melhorias em suas atividades logísticas. Em uma área onde bons exemplos nacionais ainda são escassos, esta chance não deveria ser desperdiçada.

Adm. Gilvam Vieira – Bacharel em Administração. Especialista em Metodologia do Ensino Superior.  Pesquisador em: Logística e Supply Chain Management. Servidor Público Municipal.

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