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Conteúdo 16 de janeiro de 2017

2017 desafios para a logística

Com a divulgação dos primeiros números importantes de 2016, que nos ajudam a entender e planejar 2017, como a inflação de 6,3%, o setor logístico que já vem amargando consecutivos anos de queda nos investimentos não vai poder esperar muito da agenda deste ano que se desenha ainda com a atenção voltada para as reformas da Previdência, situação político-econômica e com cortes significativos de orçamentos.

Começamos bem com uma redução, mesmo que ainda não ideal, da taxa de juros básicos de 13,75% para 13%. Ainda são juros bem expressivos para uma economia cansada e que já deveria dar sinais de recuperação, mas isso só deve acontecer na segunda metade do ano. E então, é bom que já tenhamos resolvidas muitas das questões acerca da nossa classe política, que vem nos trazendo mais espantos que esperanças, para que haja um olhar voltado aos investimentos para 2018 ou os números poderão declinar novamente.

Muitos podem pensar que o ano já foi jogado fora, mas não é bem assim. Apenas não podemos esquecer que além das reformas já citadas e os escândalos de corrupção que ganharão novos elementos, deputados federais e senadores estarão voltados para as eleições das duas casas e não haverá dúvidas que isso demandará um tempo precioso até que possamos presenciar, mais uma vez, a “obrigação” de se investir em logística – infelizmente, visto dessa forma há anos.

Será 2017 o ano em que o Brasil se convencerá definitivamente que investir em logística é dar vários passos à frente? Países que adotaram um caminho de crescimento contínuo nos ensinaram que é necessário ter foco em infraestrutura logística para fomentar diversos segmentos econômicos, o que não ocorre no Brasil, pois vimos programas que previam investimentos na área serem esquecidos com qualquer tropeço da economia ou com a mudança dos ventos políticos. Equivocadamente temos uma logística que sobrevive da economia e não uma economia que se desenvolve diante de uma infraestrutura logística adequada.

Bem que gostaríamos de noticiar um avanço para 2017 e comemorarmos os investimentos que o setor tanto precisa, mas os que foram anunciados ainda são incertos diante de um desequilíbrio econômico em que o país está mergulhado. Os cortes e o congelamento orçamentário nos levam a duvidar se os R$ 13 bi previstos para 2017 serão mesmo empenhados. O próprio valor já nos dá uma amostra de que o Brasil ainda não aprendeu a investir, pois as rodovias terão 70% dele. Não que investir em rodovias não seja uma necessidade, é que na verdade continuamos alimentando uma matriz logística ultrapassada, onde as rodovias ainda ditam o preço de nossos produtos e tornam os demais modais de transporte reféns de sua precariedade. Aliás, segundo estudo divulgado em 2016 pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), com a atual situação, só as rodovias necessitariam de R$ 292,5 bi e as ferrovias de R$ 281,5 bi para se adequarem às demandas da movimentação econômica brasileira.

Enquanto isso, com as necessidades de soluções para as exportações brasileiras, que representam apenas 11,5% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto a média em outros países, segundo o Banco Mundial, é de 29,8%, ficamos na dependência de investimentos privados através de concessões para as quais o governo não clarifica regras.

É doloroso ver o desinteresse pela área logística tão evidente no Brasil. Cada ano que não investimos em infraestrutura representa mais dois na recuperação do tempo em meio à competitividade imposta pelos mercados internacionais. R$ 151 bi são perdidos por ano devido à falta de investimentos básicos para manter a infraestrutura existente. Contudo, a Logística é ferramenta de superação e atravessaremos mais esse ano com muito trabalho e dedicação. E que essa dor que mencionei possa fazer o país perceber que 2017 poderia ser um ano bem diferente.

Marcos Aurélio da Costa Marcos Aurélio da Costa

Foi coordenador de Logística na Têxtil COTECE S.A.; Responsável pela Distribuição Logística Norte/Nordeste da Ipiranga Asfaltos; hoje é Consultor na CAP Logística em Asfaltos e Pavimentos (em SP) que, dentre outras atividades, faz pesquisa mercadológica e mapeamento de demanda no Nordeste para grande empresa do ramo; ministra palestras sobre Logística e Mercado de Trabalho.

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