Facebook Twitter Linkedin Instagram Youtube telegram
Conteúdo 24 de agosto de 2015

Acreditando no trabalho duro

Poderia citar alguns dos muitos brasileiros que começaram do zero e hoje dominam segmentos do mercado conquistados com muito suor e ideias originais. Poderia contar suas histórias de abdicações, de decisões difíceis e de suas quedas que, na maioria das vezes, os fizeram pensar em desistir, de “chutar o pau da barraca” como dizem. Mas, ao invés disso, acreditaram que só poderiam chegar onde queriam trabalhando duro, inovando, se superando, se reinventando. E chegaram! Poderíamos nos alegrar com exemplos assim se essa pequena parcela não estivesse à beira de ser engolida pela grande parte dos brasileiros que deixaram de acreditar no trabalho, e espalham aos quatro cantos que ninguém mais enriquece à custa do trabalho duro.

Também não critico quem pensa assim. Afinal, com a nossa atual situação política, não poderia deixar passar despercebida a impunidade daqueles que metem a mão no dinheiro público desvirtuando a atividade do trabalho e posando como empresários de sucesso. É quase uma “lavagem de dinheiro” já que conseguem dobrar de patrimônio em tão pouco tempo atribuindo a uma empreitada de sucesso, quando na verdade foi tudo originado de forma avessa ao sentido do trabalho duro. Talvez o maior prejuízo nesses casos não seja o montante que desviam, mas o enfraquecimento de nossas convicções sobre as formas lícitas de como vencer na vida com suor e com ética. E, aos poucos, tendemos a acreditar que o crime compensa e que o trabalho honesto é perda de tempo. Ambas as tendências estão bem equivocadas, mesmo que vivamos num país onde a lei está do lado do mais forte, a verdade jamais será negociada, pois ela é uma só.

Cada vez mais o trabalho vem assumindo sinônimos de sofrimento, de obrigação. Num mundo competitivo está cada vez mais difícil trabalhar naquilo que se gosta e o que deveria ser regra hoje se tornou exceção. O velho bordão de que “o trabalho dignifica o homem” é sempre usado para justificar algo que nós mesmos criamos para nos convencer de que temos que suportar dezesseis horas diárias, entre idas e vindas e o horário de trabalho, e ainda encontrarmos dignidade nisso. Onde está a dignidade de quem acorda às 04:00 horas da manhã e retorna às 22:00 horas para dormir e recomeçar tudo no dia seguinte? Dois ônibus e um metrô para chegar ao trabalho esgotados; uma jornada sem qualidade, sem perspectivas, e um retorno ainda pior que a ida. O nome disso, no qual muitos brasileiros estão mergulhados, chama-se “sobrevivência” e não dignidade.

Violência, infraestrutura de transportes insuficiente e um custo de vida alto agravado pela carga tributária que se paga sem que haja qualquer retorno com a qualidade necessária, vêm tornando o trabalho duro uma alternativa de sobrevivência e não de desenvolvimento com crescimentos humano e econômico. Talvez por isso estejamos descrentes quanto ao trabalho duro nos tornar ricos, pois já o realizamos para garantir o básico. Aonde isso vai dar não se sabe. O que se sabe mesmo é que só o trabalho duro já não garante prosperidade. Ele deve vir acompanhado de Q.I. – e nada tem a ver com aquela história do “Quem Indica” –. O trabalho duro deve estar atrelado à “Qualidade” e à “Inovação” senão não passará de uma rotina, desgastante e enfadonha.

Não se pode esquecer também daquela outra parte que não acredita em trabalho duro e desvirtua as conquistas alheias. Quem já não passou por alguma situação ao adquirir um bem, seja uma casa, um carro ou até mesmo um aparelho celular, à custa de trabalho duro, e ouviu de terceiros aqueles comentários maliciosos sobre a origem disso ou daquilo? Parece que quem trabalha duro está fadado a não poder crescer tamanha a descrença no trabalho honesto.

Deixemos tudo isso de lado e passemos a acreditar no trabalho duro e acompanhá-lo com Q.I. Grandes vencedores só chegaram lá porque agarraram a oportunidade como uma caixinha de joias e colocaram lá o trabalho duro com inteligência, qualidade e inovação. É difícil imaginar o que será de nós se deixarmos de acreditar no trabalho que realmente torna o homem digno, quando esse trabalho é realmente digno. Talvez sua riqueza esteja na satisfação, na paz e na força para vencer. O dinheiro jamais deverá ser uma razão, pois ele será sempre uma consequência.

Marcos Aurélio da Costa Marcos Aurélio da Costa

Foi coordenador de Logística na Têxtil COTECE S.A.; Responsável pela Distribuição Logística Norte/Nordeste da Ipiranga Asfaltos; hoje é Consultor na CAP Logística em Asfaltos e Pavimentos (em SP) que, dentre outras atividades, faz pesquisa mercadológica e mapeamento de demanda no Nordeste para grande empresa do ramo; ministra palestras sobre Logística e Mercado de Trabalho.

Enersys
Volvo
Savoy
Retrak
postal