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Conteúdo 30 de maio de 2017

As formas de fazer mais com menos

Confesso não ser muito fã desse método na linha em que está sendo utilizado. O que este termo realmente veio dizer é que seu papel é bem mais profundo e positivo dentro do cenário ambiental e que sua utilização de forma comercial não tem muito a ver com a verossimilitude que a maioria gostaria.

Os processos de manufatura nos Séculos XVIII e XIX, período em que acontecia a Revolução Industrial, marcavam a necessidade de produzir mais em menor tempo possível. Só depois, bem depois, foram incluídas também questões que envolviam o uso adequado dos recursos naturais, matérias-primas e logística. Incomparavelmente, essas questões se dotaram de maior importância e de maiores impactos nos dias de hoje devido à proposta do consumo inteligente.

Infelizmente, a imensa maioria das tentativas baseadas na utilização desse termo toma o caminho unicamente da redução dos custos e esquece-se do foco no qual, para os dias atuais em que o consumidor está bem mais exigente e o Planeta necessitando de sérios cuidados, a qualidade parece dar espaço para a velocidade tecnológica e sua obsolescência programada. O ICMD (Introdução, Crescimento, Maturidade e Declínio) dos produtos parece sempre divergir dos aspectos ambientais e, indubitavelmente, preservam totalmente a linha do simples consumo.

Se perguntássemos em uma empresa o que seria fazer mais com menos a resposta estaria ligada aos menores custos, que se incluem aqui as revisões de processos, as reduções do quadro de pessoal, as modernizações de linhas de produção e as crescentes “espremidinhas” na logística lean. Ela produziria mais e venderia mais porque sua competitividade está baseada no menor custo possível. Já se perguntássemos ao consumidor como esse termo poderia lhe agradar, ele facilmente responderia que fazer mais com menos seria ter um produto de maior qualidade pagando o menor preço. E, se ainda pudéssemos perguntar à natureza, esta responderia que o termo significa fazer apenas o suficiente agredindo-a menos.

É fato que o consumo movimenta a economia. E não venho aqui pregar contra a modernização e o desenvolvimento tecnológico, ou mesmo contra a razão de uma empresa que, sem dúvidas, é o lucro, ou ainda contra nossa condição de participantes desse sistema pelo meio profissional, mas que não passem despercebidas as outras vias, também legítimas, do “fazer mais com menos”. A Logística Reversa, por exemplo, está cada vez mais se voltando ao pós-venda quando sua razão está no pós-consumo e, porque não dizer, no antes de produzir. Sabe-se também que as empresas passam a respeitar mais as condições ambientais quando seus produtos são submetidos a clientes cuja consciência ambiental se sobrepõe ao simples consumir. O que importa mesmo é que a linha dos recursos a que se aplica o “fazer mais com menos” rompe, ou deveria romper, as barreiras da empresa deixando de ser algo meramente de interesse interno para tomar proporções que vão além do “meu” e alcançar o “nosso”.

Muitos podem ver como uma grande fantasia, mas já existem empresas voltadas ao o uso desse termo de forma mais abrangente sem desprezar, é claro, sua razão de lucro. E esse é o grande desafio para os próximos anos. Afinal, produzir de qualquer forma não combina mais com o estilo de consumo que vem se desenhando. O “como foi feito” está, cada vez mais, sendo inserido nos termos da competitividade e abrindo novos caminhos para novas formas de consumo. Estamos aprendendo da pior forma possível que alimentos produzidos com o simples intuito do aumento do lucro, sejam com novos conservantes para aumentar o tempo de prateleira (shelf life) ou com a diminuição do tempo para o abate, no caso do frango e do boi, estão nos deixando doentes.

Quando esse termo estiver focado nos recursos naturais e também na qualidade, os ganhos serão divididos para todas as partes: empresas, consumidores e para o Planeta. Da forma que está, a sustentabilidade dos negócios pode estar refletindo mais uma dependência de uma das partes, e uma hora isso pode acabar.

Nossa evolução nos prepara naturalmente para fazermos mais com menos. Porém, quando o fruto estiver apenas no lucro por meio da redução dos custos, não estaremos evoluindo porque o lucro nunca será suficiente até que se faça substituir as máquinas que nos substituíram.

Marcos Aurélio da Costa Marcos Aurélio da Costa

Foi coordenador de Logística na Têxtil COTECE S.A.; Responsável pela Distribuição Logística Norte/Nordeste da Ipiranga Asfaltos; hoje é Consultor na CAP Logística em Asfaltos e Pavimentos (em SP) que, dentre outras atividades, faz pesquisa mercadológica e mapeamento de demanda no Nordeste para grande empresa do ramo; ministra palestras sobre Logística e Mercado de Trabalho.

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