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Conteúdo 20 de abril de 2017

Até a corrupção sabe que infraestrutura é a solução

Como não se indignar com tamanha embriaguez vivida na disputa pelo poder político e com a enxurrada de declarações que tentam dar conta do quanto de dinheiro público foi destinado aos bolsos insaciáveis de nossos políticos? Como não nos entristecermos ao olhar para o lado e ver uma obra inacabada por falta de recursos, ou outra no projeto que sequer começou, enquanto assistimos desfiles de palavras que não condizem com o que sabemos e com o que entendemos acerca do interesse público?

Tempos difíceis esses que o Brasil atravessa… E não nos surpreendamos mais uma vez se tudo isso não findar como queremos. Afinal, sempre tivemos conosco que isso funciona assim mesmo, que nossos políticos não podem nos oferecer nada diferente disto e que nossa justiça é lenta ao ponto da prescrição. Isso tudo parece uma justificativa para que suportemos as burocracias, os ônibus e trens lotados, as faltas de saúde, de segurança e de uma educação que nos faça pensar diferente. Será que estaremos deixando isso para trás desta vez ou continuaremos achando que isso é normal?

Se analisarmos as coisas sob os aspectos do mercado, podemos concluir que nossa infraestrutura, minguada e desprezada, foi a principal ferramenta que conduziu esses mais de R$ 10 bilhões, até agora, aos bolsos daqueles cujas melhorias defendiam. E só defendiam para que circulasse ainda mais dinheiro para alimentar um canal de corrupção que por si só já é absurdamente danoso, porém, por ter sido instalado no setor de infraestrutura, tem seus efeitos elevados a uma potência difícil de ser especificada.

Com a principal empreiteira do país envolvida nessas ações absurdas, passamos a entender de forma mais clara as razões que nos levaram às nossas conhecidas dificuldades de transporte, incluindo o deficiente sistema de escoamento de nossa produção e o transporte público, ao déficit de armazenagem, à precariedade de nosso atendimento logístico que compromete nossa competitividade. Enfim, entendemos da forma mais dolorosa os porquês de uma infraestrutura atrasada e ineficiente. Por outro lado, disputas políticas cada vez mais arraigadas na ilicitude e empoderadas com um dinheiro que deveria ser um bem público.

Será que os objetivos da corrupção seriam alcançados se o segmento fosse outro? Dificilmente. Não que não haja corrupção pesada nos demais segmentos, mas é na infraestrutura que tudo se concentra, pois ela é a principal ferramenta para o desenvolvimento de todos os outros segmentos, inclusive reflete também na educação e na saúde com a oferta de estruturas físicas. Pois é, até a corrupção sabe que a infraestrutura do Brasil é o caminho para as mudanças que de fato precisamos. Pena que os interesses nessas mudanças são escusos.

As propinas levantadas no período em que a construtora afirma ter destinado mais recursos ao caixa dois de, pelo menos, 18 dos 35 partidos políticos, contrastam com os investimentos em infraestrutura no mesmo período. Ou seja, quanto mais dinheiro circulava em licitações, mais diminuíam os recursos destinados efetivamente para a infraestrutura. Os contratos tinham um único intuito: criar condições para desvios. Enquanto isso, a qualidade das obras era afetada, os prazos não cumpridos e os resultados eram esses que acompanhávamos com tristeza e com um doloroso sentimento de culpa e impotência.

Os inimigos de nossa infraestrutura são muitos e são fortes. Se não contássemos com a força de um sistema logístico empresarial que faz uso dessa infraestrutura insuficiente de forma inteligente, teríamos um colapso inevitável já que as pontas – contratado e contratante – não funcionam, exceto quando o interesse é próprio.

Marcos Aurélio da Costa Marcos Aurélio da Costa

Foi coordenador de Logística na Têxtil COTECE S.A.; Responsável pela Distribuição Logística Norte/Nordeste da Ipiranga Asfaltos; hoje é Consultor na CAP Logística em Asfaltos e Pavimentos (em SP) que, dentre outras atividades, faz pesquisa mercadológica e mapeamento de demanda no Nordeste para grande empresa do ramo; ministra palestras sobre Logística e Mercado de Trabalho.

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