Buscando entender o verdadeiro sentido da greve
Tenho dois pontos para abordar sobre a greve dos caminhoneiros:
1- Diesel
A reivindicação principal dos caminhoneiros autônomos é justa. O óleo diesel não pode variar todos os dias numa economia dita estável, onde a inflação é de 2,5% ao ano. Para se ter uma ideia, a variação do óleo diesel em 2017, foi de 10,42% e somente nos quatro primeiros meses deste ano, já subiu 11,70%.
O caminhoneiro fecha um frete de São Paulo para Fortaleza por um determinado preço, numa viagem que demora cinco dias e ele, a cada dia que abastece o diesel já subiu, de forma que quando chega ao destino, boa parte do frete combinado foi “comido” pelo combustível.
Acho que a oferta do governo de diminuir R$ 0,46 na bomba, não vai vingar porque os preços hoje são liberados e varia muito de uma bomba para outra e de um estado para outro, ainda que se congele o preço por sessenta dias e após isso com variação mensal. Como controlar o preço de cada bomba num pais de dimensões continentais onde tudo se transporta por caminhão?
Nas minhas contas, isso só funcionaria se tivéssemos um preço único no Brasil inteiro, o que não vai acontecer pois até a paralização cada bomba tinha um preço e cada estado um ICMS diferente.
2- Tabela de frete
Eis outro problema complicado. O frete terá de ser km x ton e de acordo com o produto carregado, e a tabela será elaborada pela ANTT e ainda não sabemos quando será editada. Historicamente a oferta de caminhões sempre foi maior que a demanda e mesmo que tenhamos uma tabela mínima, quem vai ditar a regra é a lei do mercado.
Portanto somente nestes dois itens, já temos problemas que eu diria, difíceis de solucionar, dificultando a desmobilização desta greve.