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Conteúdo 15 de maio de 2018

Dificuldades do empreendedorismo no Brasil

Não há dúvidas de que a crise que afetou a vida dos brasileiros, em especial os mais de 13 milhões que sentiram, infelizmente, seu maior grau representado pelo desemprego, e a atual e cambaleante situação da nossa política e de nossa economia deixando empresas e empregados desmotivados e temerosos por se juntar ao primeiro grupo citado, trouxe à tona os velhos anseios empreendedores que carregamos no dia a dia. Velhos por serem sonhos alimentados há muito tempo, mas novos por se transformarem em ideias atuais deixando aquela célebre pergunta que fica martelando na cabeça de muitos: “Poxa, por que não tive essa ideia antes?”

Também é verdade que, com os primeiros sinais de recuperação econômica – que criam muitos descrentes em números confiáveis num ano de eleições – muitos sonhos voltam a hibernar porque sabemos o quão é difícil abrir e manter uma empresa no Brasil. Um certo telejornal até comparou o Brasil com alguns países de outros e de nosso continente quanto às questões burocráticas que envolvem a criação de uma pessoa jurídica. Enquanto demandamos de seis meses até dois anos para concluir um processo dessa natureza, muitos países o fazem em semanas e alguns até em dias, porque entendem que o foco do desenvolvimento está na movimentação e ascensão da economia com a acessibilidade da cidadania também.

A concorrência representa um desacorrentamento do consumidor e assim ele tem maior constância de consumo, o que também traz constância na arrecadação. Mas, no Brasil, há uma preocupação maior com quem mais contribui com os cofres do governo. São regalias que conflitam com interesses comuns fazendo com que esses grandes grupos se tornem exploradores desse consumidor que se retrai sempre que se sente ameaçado em suas prioridades. Conseguimos assim, ser um misto de qualquer coisa, mas não capitalistas, socialistas ou qualquer desses “istas” que vise nos direcionar para um desenvolvimento real. O que sabemos mesmo é que tais dificuldades para o empreendedorismo no Brasil apontam para algo nada democrático ou nada inteligente.

Talvez o maior dano disso tudo esteja representado pelas figuras do patrão e do empregado, com toda a sua desarmonia e, muitas vezes até com maciça presença de ódio. Ou é difícil encontrarmos patrões que suprimem direitos e empregados que trabalham contra a empresa e contra si?

Não precisa ser um filósofo grego para saber que o ódio cega e deixa tudo bem mais difícil e irracional. Parecemos estar longe de enxergar nosso patrão como um parceiro e que minha parte como funcionário seja me qualificar sempre e buscar exercer minhas atividades de maneira responsável e voltada ao crescimento da empresa para que eu também cresça, nela ou onde meu valor for mais reconhecido diante do profissional que me tornei. Parecemos estar longe de ver um empresário que escolha bem a terra, que selecione bem suas sementes, que forneça adubo e água na medida para de fato colher “laranjas doces”. Hoje o que mais estamos vendo são empresários que plantam em qualquer lugar e de qualquer jeito e gritam com suas laranjas: “Seja doce! Eu quero que você seja doce!”

Se nos abismamos quando assistimos certas reportagens que mostram a liberdade que um funcionário tem para exercer sua criatividade dentro de uma empresa, o respeito presente na relação patrão X empregado e os esplêndidos resultados dessa relação pautada no lucro sim, mas também nas qualidades das vidas pessoais, profissionais e empresariais… é porque estamos mesmo bem longe dessa realidade.

Até que nos manuais e cursos espalhados por aí, além das informações de como montar um negócio, como ganhar dinheiro, como se superar… contemplem também questões de respeito e valorização da pessoa humana e não só da pessoa jurídica, talvez possamos ver a derrocada dessa figura que transformou patrão e empregado em inimigos. No mínimo, surgiria uma abertura para se pensar: E se eu fosse funcionário? E se eu fosse empresário? Ou talvez o maior efeito de tudo fosse eu não alimentar minhas frustrações por não conseguir ser meu próprio patrão ou eu, como patrão, perceber que preciso dos outros.

Enquanto isso, convivemos com a quebra de dois parâmetros importantíssimos: o empresário que deixou de enxergar sua empresa como um filho e do funcionário que deixou de ver seu trabalho como sua segunda casa. Se não cuido bem de meu filho, sabe-se lá o que me aguarda! E se não me sinto bem no trabalho, sabe-se lá o que vou produzir!

Marcos Aurélio da Costa Marcos Aurélio da Costa

Foi coordenador de Logística na Têxtil COTECE S.A.; Responsável pela Distribuição Logística Norte/Nordeste da Ipiranga Asfaltos; hoje é Consultor na CAP Logística em Asfaltos e Pavimentos (em SP) que, dentre outras atividades, faz pesquisa mercadológica e mapeamento de demanda no Nordeste para grande empresa do ramo; ministra palestras sobre Logística e Mercado de Trabalho.

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