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Conteúdo 23 de abril de 2015

E se não tivéssemos problemas na logística?

Acredito que todos os formandos, independentemente da área, dividem seus anseios em duas perguntas bem distintas: “onde irei demonstrar o quanto sei?” e “como levar minha área à perfeição?”. A primeira diz respeito ao trabalho, salário, destaque profissional, realizações… A segunda nos direciona para três caminhos: utopia, decepções e trabalho duro.

Quem – como eu – já não imaginou um setor logístico funcionando perfeitamente? Um setor sem deficiências, aproveitando bem os recursos, proporcionando qualidade de vida às pessoas e representando uma solução confiável para tudo? Me pego algumas vezes pensando nisso. Que nada mais é do que a consequência de um mergulho no trabalho duro e a necessidade de trabalhar minhas inúmeras decepções para que um dia possamos chegar perto da utopia do escritor inglês Thomas Morus (1480-1535) que imaginou um governo organizado para um povo equilibrado e feliz.

Às vezes, faz bem esquecer um pouco que são os problemas que nos trazem conhecimentos, oportunidades e sucesso. Embora perigoso, faz bem imaginarmos algo perfeito para trilharmos um caminho que nos leve a isso. Só precisamos nos atentar para o imaginar como planejamento e não como fantasia.

A Logística hoje é o setor que mais agrega valor, mas é também o mais carente de investimentos e, talvez por isso, o que mais alimenta decepções. Com seus problemas “a apanhar com baldes”, este setor no Brasil precisa, cada vez mais, recrutar pessoas com novas ideias, que trabalhem duro sem perder a capacidade de sonhar; que vejam nas decepções algo para ser mudado e não sofrido; que vejam nos problemas grandes oportunidades, porém, acima de tudo, que conheçam e vejam a realidade sem perder aquela poesia do começo com o cuidado de não viver no passado, mas que esse olhar aponte para um futuro melhor.

Quando imagino podermos colocar na mesa dos brasileiros 30% a mais de comida ao invés de desperdiçarmos no transporte e na armazenagem; termos um transporte público eficiente, rápido, seguro e confortável; o reconhecimento dos profissionais do setor pelos bons serviços prestados; olharmos para o mar próximo aos nossos portos e não vermos navios e mais navios numa fila para atracação consumindo dinheiro por falta de vontade política para melhorar a infraestrutura… Imaginar que nossos trens possam cruzar todos os estados brasileiros desafogando as tão prejudicadas e insuficientes rodovias ao mesmo tempo em que imagino nossos rios bem cuidados para a fluidez do nosso transporte fluvial para não afogar também essas ferrovias… Imagino que nossos aeroportos não têm goteiras, pernilongos e atrasos constantes e que a dimensão de tudo o que vemos não representa muito diante daquilo que queremos, daquilo que sabemos que podemos mudar para estarmos mais perto do que imaginamos, do que sonhamos para nós e para os outros.

Uma Logística, sem problemas tão sérios, é a maior ferramenta de uma nação para conquistar índices de crescimento que garantam a qualidade de vida do seu povo. Não seria nenhum exagero dizer que é bastante significativa para o desenvolvimento e para a realização de novos sonhos. Não seria exagero dizer que nossas riquezas seriam duas, três vezes mais. Ou alguém acredita que o país não perde sua eficiência produtiva com um transporte público tão precário? Ou que nossa matriz logística não está limitando nosso crescimento? Nossa economia cresceu significativamente da chamada “Era JK” para cá. O mundo mudou, mas nosso desenvolvimento logístico não acompanhou esse crescimento e o resultado é que temos um motor BMW rodando num fusquinha.

O pior de tudo é saber que não nos faltaria muito para alcançarmos essa perfeição na Logística. Temos uma excelente geografia, conhecimentos, tecnologia e mãos fortes e habilidosas. A barreira é a de sempre: a corrupção que nos afasta das decisões corretas e acrescenta um valor e tempo absurdos em nossas realizações.

Já que a Logística possui essa magia que encanta mesmo diante de tantas dificuldades, não percamos jamais a capacidade de sonhar com um serviço perfeito. E que os problemas jamais nos afaste daquela visão inicial de transformar, agora com mais lucidez. E se os grandes pintores enxergavam seus quadros antes de pintá-los, por que não podemos nós imaginarmos a Logística no Brasil de forma perfeita e como gostaríamos que realmente fosse para justificar o quão duro damos para que ela aconteça? Mas, não só imaginar, também conhecer, exigir e trabalhar.

Marcos Aurélio da Costa Marcos Aurélio da Costa

Foi coordenador de Logística na Têxtil COTECE S.A.; Responsável pela Distribuição Logística Norte/Nordeste da Ipiranga Asfaltos; hoje é Consultor na CAP Logística em Asfaltos e Pavimentos (em SP) que, dentre outras atividades, faz pesquisa mercadológica e mapeamento de demanda no Nordeste para grande empresa do ramo; ministra palestras sobre Logística e Mercado de Trabalho.

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