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Conteúdo 3 de agosto de 2015

A hora de pagar a conta

Só se fala em crise. Assim como tudo tem seus altos e baixos, a economia do Brasil não fugiria à regra. Mas, o que há de diferente nessa crise? Como nossa logística está reagindo a esse período – que só está no começo – e em qual setor deixará suas marcas? A verdade é que, com a falta de atenção, ela pode trazer consequências catastróficas para todos os segmentos da economia. Para alguns, consequências passageiras, para outros determinantes.

O Programa de Investimento em Logística (PIL), cujo valor total será de R$ 198,45 bi provindos de investimentos privados e financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do qual já tratamos aqui e que nos leva a acreditar que está mais numa ordem de sobrevivência política do que propriamente numa abertura para as tão sonhadas soluções logísticas, já que a maioria dos projetos não saiu do papel no plano anterior divulgado em 2012, veio tarde demais. O momento realmente é para investimentos. Contudo, com a retração da economia, não precisamos de muito para entender que com a baixa na cadeia produtiva, um país que funciona como arrecadador não disporá de orçamentos para suas intenções. Da mesma forma, o pilar do PIL, os investimentos privados, segue a mesma lógica.

O que realmente não dá para entender é o nosso despreparo diante de uma situação previsível como esta. Previsível por quê? Ora, imaginemos que recebemos um cartão de crédito com um limite razoável e que aquele bem que tanto almejávamos agora está acessível. Comprá-lo parece inevitável. O saldo ainda dá para outras coisinhas e o momento deve ser bem aproveitado, afinal temos uma renda e merecemos usufruir daquilo que antes estávamos privados… A hora de pagar a conta chegou e a renda parece não estar compatível com o débito. Isso é o que está acontecendo com o Brasil. Simplesmente chegou a hora de pagar a conta.

Desde 2008, com a acentuada crise americana e depois a europeia, o Brasil vinha recebendo injeções financeiras de investidores que fugiam dos perigos previsíveis dos mercados estrangeiros. Passados esses perigos previsíveis, esses investimentos foram embora e nos deixaram com uma falsa sensação de poder. Não há dúvidas de que o país se beneficiou com a situação. Porém, como um grande e suculento tomate que não foi colhido na hora certa, os investimentos não foram bem aproveitados, pois encontraram uma infraestrutura atrasada e insuficiente que não permitiu que a cadeia produtiva encontrasse uma maior e melhor forma sustentável para fomentar todos os segmentos da cadeia econômica. Resultado? O tomate só despertou os olhos ávidos da corrupção que pensou estar diante de algo diferente, jamais visto na história do país e que, se antes era retirada uma fatia, agora podem ser retiradas duas que não farão falta… Mas, fez! E o tomate não se sustentou no ramo e veio ao chão para ser atacado pelas outras pragas que o aguardavam.

Da mesma forma que buscamos equilibrar nossas contas, o Brasil tem que fazer o mesmo para voltar a gerar oportunidades. É só uma questão de proporção. Também dependemos de políticas públicas acertadas para que continuemos com chances de quitar nossas dívidas para depois voltarmos a comprar e continuarmos crescendo.

Parece que não entendemos que não há nada de graça no mercado. Mesmo quando o “grátis” está em letras garrafais. Se não pudermos adquirir só o que é grátis separadamente – o que nunca se pode – estaremos pagando no que venha atrelado. Nos deixamos levar por facilidades além da nossa capacidade financeira e, como dito, se tudo é uma questão de proporção, temos aquela TV a mais para colocar no quarto enquanto o país gasta com uma política energética incapaz de suprir tanta demanda, ou obtivemos mais um carro enquanto o Brasil insiste em gastar US$ 5 bi com caças suecos. Tudo o que ficou foi o trauma de termos perdido mais uma chance por não aproveitamos o momento de forma consciente e planejada. Pode ser pior se acharmos que ainda somos os donos da bola.

Surpreendidos com a fatura, passamos a entender que a economia funciona de forma sistemática onde se deve comprar e produzir. Passamos a fase das compras e temos que nos organizar para voltar a produzir ao mesmo tempo em que pagamos a conta. Como? São muitas as respostas.

Marcos Aurélio da Costa Marcos Aurélio da Costa

Foi coordenador de Logística na Têxtil COTECE S.A.; Responsável pela Distribuição Logística Norte/Nordeste da Ipiranga Asfaltos; hoje é Consultor na CAP Logística em Asfaltos e Pavimentos (em SP) que, dentre outras atividades, faz pesquisa mercadológica e mapeamento de demanda no Nordeste para grande empresa do ramo; ministra palestras sobre Logística e Mercado de Trabalho.

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