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Conteúdo 23 de setembro de 2015

A humanização nas relações do trabalho

Vivemos atualmente uma fase, no mínimo estranha, no que concerne à importância das relações de trabalho de forma mais humana, mais fraterna. Não é – e nem pode ser – a competitividade uma desculpa para a falta de cordialidade e para comportamentos, não só antiéticos, como até denominados desumanos. A competitividade hoje não persegue apenas metas, também persegue pessoas.

A estranheza de como o trabalho vem se tornando um instrumento que promove a falta de sensibilidade entre as pessoas é que, não só se prega, como é absolutamente vital para as pessoas e organizações uma relação cada vez mais humana, cooperativa e fraterna entre os grupos que almejam sucesso. O trato com o ser humano não é só uma condição existente no mercado, ele deve ser uma meta também, pois nada se alcança se o básico não está presente.

Estamos vendo chefes cada vez mais arrogantes, detentores de um único lado da verdade e incapazes de se tornarem exemplos daquilo que cobram. Estamos vendo pessoas desapegadas ao zelo da relação humana e presas às coisas pequenas que rondam o trabalho, como mexericos e outras coisas que não levam a nada. Presenciamos diariamente coisas absurdas das famosas “panelinhas” que desvirtuam o caminho das organizações como se o objetivo delas fosse fatiado e readequado de forma a atender pequenos grupos que lutam entre si. Para muitos não há dúvidas de que isso venha a se originar numa carência dos propósitos educacionais que ensinam, acima de tudo, a igualdade e o respeito.

Em tempos em que um “bom dia” se tornou mera formalidade, estamos desaprendendo a querer o bem aos que fazem parte do caminho do nosso sucesso profissional. Da mesma forma que questões ligadas ao relacionamento de pessoas configuram os maiores motivos para demissões atualmente, as organizações vêm dando cada vez menos atenção a esses pontos. Mergulhadas em cumprimentos de metas, elas tornam pessoas invisíveis e desprezam o principal meio de realização de seus propósitos.

Mas, o que significa humanizar relações de trabalho e o que podemos obter com essa prática? Basta pensarmos o quanto é penoso acordar e logo pensarmos que estamos prestes a encarar um ambiente pesado que, além de exigir nossa competência, extrai o máximo de nossa paciência. Basta imaginarmos um ambiente onde o respeito seja o principal instrumento de trabalho e que não queiramos para o outro aquilo que não queremos para nós. Essa humanização passa por meus preconceitos e vai até o íntimo dos meus sonhos. Se conseguir entender que meus sonhos precisam do outro para se tornar reais e que não posso apenas pensar em usar o outro para realiza-los, mas deixar-me ser instrumento para a realização de sonhos também, começarei a entender melhor sobre humanização e o que isso pode agregar no meu dia a dia no trabalho.

Talvez a fase mais difícil para uma humanização no trabalho seja me tornar um humano não perfeito assumindo meus medos, meus erros, minhas fraquezas e tudo o que são considerados defeitos para a manutenção de um ser estritamente competitivo. Aliás, ser para o outro aquilo que somos com nosso travesseiro configura a maior virtude necessária nesse meio: a coerência. Porém, estamos cada vez mais preocupados em sermos o que não somos para agradar quem não gostamos.

Vi verdadeiros milagres acontecerem quando certas frases como “desculpe, eu errei” e “peraí, deixa eu te ajudar!” foram ditas no momento certo. Foi como se a transformação de um fosse proporcionada pela atitude do outro. E é basicamente isso que acontece na fluidez de uma relação humanizada: se ver no outro.

Sorte que há organizações voltadas ao interesse da boa convivência entre seus integrantes. Elas entendem que a qualidade dessas relações precede qualquer aspiração de sucesso comum e logo esses integrantes percebem que acima de um lado profissional está a paz em todas as suas potencialidades e que a qualidade de vida está relacionada com sua proporcionalidade. O que parece ainda não ser percebido por outras empresas é o sucesso que essas organizações alcançam pelo exercício dessa humanização. Muitas preferem apenas sonhar com lucros como se para isso não precisassem de pessoas.

Marcos Aurélio da Costa Marcos Aurélio da Costa

Foi coordenador de Logística na Têxtil COTECE S.A.; Responsável pela Distribuição Logística Norte/Nordeste da Ipiranga Asfaltos; hoje é Consultor na CAP Logística em Asfaltos e Pavimentos (em SP) que, dentre outras atividades, faz pesquisa mercadológica e mapeamento de demanda no Nordeste para grande empresa do ramo; ministra palestras sobre Logística e Mercado de Trabalho.

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