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Conteúdo 19 de dezembro de 2017

Indústria 4.0: Demanda Antecipada

Este artigo é para desafiar-nos e colocar-nos a pensar. Refletir sempre é bom.

Tem sido interessante a construção dos blocos de negócios no contexto das organizações, principalmente quando os processos não só dependem da tecnologia, mas somente se viabilizam através da tecnologia. Um desses blocos sem dúvida alguma é a aplicação da demanda antecipada e seus importantes impactos na cadeia de abastecimento. Uma inovação importante.

Para os menos acostumados com o termo, a antecipação da demanda, permite que os operadores logísticos possam antecipar a sua logística trazendo maior eficiência ao processo e qualidade dos serviços, prevendo a demanda mesmo antes do pedido ser colocado. Esta abordagem, pode permitir uma redução do tempo de entrega, otimização de ativos e melhor planejamento das operações logísticas. A antecipação da demanda é possível graças às grandes bases de dados existentes nas empresas que se conectam diretamente e principalmente com consumidores. É o famoso Big Data. É uma vez mais o apoio da tecnologia promovendo uma melhor eficiência operacional.

Graças a essa coleção enorme de dados é possível realizar as análises preditivas. E isso tem evoluído dia após dia. Certas áreas de negócios são mais suscetíveis ao uso em massa do Big Data. Não, não é nenhuma bola de cristal.

Um exemplo bastante característico é a área de manutenção onde a coleta contínua e massiva dos dados permite identificar se um determinado equipamento precisa de algum tipo de interferência, mesmo antes de alguma parada. Outra utilização proveniente desta captura massiva de dados é avaliação do comportamento de clientes e consumidores, principalmente aqueles voltados para o comércio eletrônico, onde mais facilmente se captura os dados possibilitando executar ações táticas e operacionais de vendas. Contudo, o desejo de algumas organizações é planejar e entregar antecipadamente os produtos antes que um pedido seja colocado. Ainda creio que há um desafio de grande envergadura a ser transposto uma vez que é muito difícil predizer se alguém irá ou não realmente comprar um determinado produto.

A ideia da antecipação da demanda tem sido alavancada por investimentos e desenvolvimentos tecnológicos provenientes de grandes organizações e se originou nesta década na Amazon, um dos maiores varejistas do mundo.

E por que esta estratégia pode vir a ser interessante? O elemento essencial parte dos próprios clientes e consumidores que buscam confiabilidade e rapidez na entrega de seus itens. O transporte antecipado somente poderá ocorrer através de profundas análises do comportamento de compra dos clientes, uma vez que, o importante é a capacidade de prever um pedido antes mesmo que ele venha a ocorrer. É fundamental entender esta lógica. Genial! Claro. Não resta dúvida. Logicamente etapas intermediárias precisam ser analisadas e monitoradas cuidadosamente num processo de comunicação importante entre quem vai receber o item e quem está entregando o item. A visão e atuação holística de processos e funções é fundamental.

A questão que permanece é: será que o transporte e mesmo o empacotamento antecipado de produtos faz sentido?

Já sabemos que o mercado tem sido cada vez mais centrado no consumidor e os mesmos buscam soluções mais personalizadas. Cada vez mais a cadeia de abastecimento ou supply chain precisa apresentar uma flexibilidade para poder atender a estas necessidades. Dentro do contexto de se ter o consumidor exigindo respostas mais ágeis, o sistema de distribuição passa a ser muito mais de puxar do que de empurrar. Aí nos deparamos com um ponto extremamente sutil. Quando mergulhamos no tema da demanda antecipada, entrega antecipada e transporte antecipado; estamos nos voltando mais para o conceito de empurrar o produto para o consumidor ou para o cliente final. Me acompanha? Pare e reflita comigo. Leia novamente o parágrafo.

Não há dúvida de que a tecnologia é o elemento-chave que viabiliza o funcionamento da cadeia, portanto, para que seja mais eficaz e eficiente é fundamental que componentes tecnológicos estejam cada vez mais maduros e completamente funcionais para atender a esses requisitos.

Uma característica importante da abordagem da demanda antecipada é que, prioritariamente, mas não necessariamente, as empresas de comércio eletrônico com seus massivos dados teriam maiores condições de prever um pedido ou um comportamento de compra antes que viessem a ocorrer. Isso possibilita que produtos possam ser movimentados para os centros de distribuição dessas organizações, em locais mais próximos dos clientes que tenham uma tendência de realizar a compra desses produtos. Importante é que entregas mais rápidas ou no mesmo dia ou levando horas poderiam ocorrer. Contudo é meu entendimento de que os dois métodos, puxar e empurrar, continuariam coexistindo.

Eu não tenho dúvidas de que as oportunidades são diversas nesse campo, uma vez que, permite melhorar a satisfação do cliente final pela rapidez e agilidade com que o produto é entregue. Em paralelo uma gestão de estoques mais efetiva poderia ser caracterizada além de se realizar planejamentos mais finos, tanto no aspecto de capacidade de armazenagem, de transporte além de utilizar mais eficientemente os recursos logísticos. Adicionalmente alguns riscos de supply chain poderiam ser minimizados.

Os desafios, por outro lado, seriam grandes uma vez que os dados deveriam ser compartilhados entre os vários colaboradores do ecossistema além de que estas análises são extremamente custosas exigindo uma segurança dos dados bastante complexa.

Que a força esteja contigo. Santo Natal, e esplêndido 2018.

Paulo Roberto Bertaglia Paulo Roberto Bertaglia

Fundador e Diretor Executivo da Berthas, empresa de consultora especializada em supply chain e cofundador da Aveso, organização que atua conectando o ecossistema de startups, investidores e empresas em busca de soluções. Atuou nas empresas: IBM, Unilever, Hewlett-Packard e Oracle. Ao longo da carreira tem se especializado nas áreas de Supply Chain Management, Gestão estratégica de Negócios, Liderança, Vendas e Terceirização de Serviços. Professor de pós-graduação em Logística, Gestão Estratégica de Negócios e Tecnologia da Informação. É Autor de vários livros, entre eles Logística e Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento – Editora Saraiva, 4ª edição – 2020. Realiza palestras de temas estratégicos, cadeia de abastecimento e liderança empresarial para empresas e instituições educacionais, além de consultorias e mentorias. É fundador da Prosa com Bertaglia, movimento voluntário para a educação cujo acesso é: https://bit.ly/3VW9Anp

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