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Conteúdo 4 de dezembro de 2017

Inventário – um mal necessário?

Inventário é, fundamentalmente, um mal!

Creditam essa frase a Tim Cook, CEO da APPLE, porém, se é verdade ou não que ele a tenha pronunciado, pouco importa.

O fato é que essa afirmação nos remete a uma reflexão sobre quanto o inventário afeta financeiramente uma empresa, tanto em capital investido, quanto no fluxo de caixa e, consequentemente, na sua lucratividade.

Em geral, o custo com inventário pode representar uma parcela muito significativa dos ativos de uma empresa e há um outro custo importante associado à sua gestão e manutenção.

Estudos mostram que inventários podem chegar a mais de 50% do total de ativos, dependendo do segmento econômico.

É com essa percepção que as corporações, em nível mundial, já dão sinais de estar caminhando em direção ao “inventário zero” como estratégia de negócio, modelo no qual eu acredito e considero que não demorará para se estabelecer como padrão.

Isto significa dizer que empresas, tanto quanto possível, manterão seus inventários em níveis muito baixos ou, dependendo do caso, nem sequer os possuirão, passando a adquirir matérias primas e insumos na quantidade e na antecedência necessária para produzir apenas o que será efetivamente vendido, apoiado no bom e velho conceito “Just In Time”.

Trata-se de uma realidade há muito explorada pelas lojas que comercializam seus produtos pela Internet e tenho convicção que muitos varejistas, em suas lojas físicas, passarão a adotar esse modelo, deixando a responsabilidade por uma possível necessidade de manutenção de estoques para o fabricante, no início da cadeia.

Isso é uma revolução, se analisada sob a perspectiva do envolvimento e a inter-relação exigida em todos os níveis da cadeia produtiva. Nesse aspecto, aliás, tenho sido insistente em meus artigos aqui neste Portal.

A necessidade de uma maior e mais efetiva ação colaborativa entre fornecedor-fabricante-vendedor, levará, com toda a certeza, a uma reengenharia dessa cadeia, forçando os players a repensarem o paradigma de altos níveis de estoques em função de longos lead times.

Dessa forma, parece inevitável vislumbrarmos um novo cenário econômico, que impactará de forma significativa:

a) Os operadores logísticos, enquanto empresas que fazem a gestão de inventários de terceiros: Se os estoques abaixarem a níveis que tendem a zero, essas empresas ainda serão necessárias ou terão demanda? Haverá clientes em número expressivo ou o mercado se rearranjará, de forma a coexistirem operadores especialistas, porém em número muito reduzido?

b) As transportadoras, que movimentarão cada vez menos volumes, mas com maior frequência: Estarão preparadas para atender essa nova ordem? Como realizar, por exemplo, as entregas no last mile a custos competitivos e na efetividade esperada (já um desafio real nos dias atuais)?

c) As incorporadoras e as demais empresas do segmento de construção civil, que, nos últimos anos, vêm ofertando galpões e áreas industriais acima da demanda real: Será o momento de repensar seus projetos em termos de disponibilidade de área construída e versatilidade para adaptação à velocidade da mudança da demanda?

d) As indústrias, que são as principais afetadas por esse novo modelo: Terão capacidade de repensar processos, flexibilizando seus parques produtivos? Serão rápidas o suficiente para mudarem seus conceitos de planejamento sobre projeções de demanda futura e gestão dos seus fornecedores, visando reduzir lotes de compras e lead times?

Muito a refletir, não é mesmo?

Novamente, se Tim Cook falou ou não a frase que inicia este artigo, não tem relevância alguma. O que vale é que a APPLE vem sendo consistentemente reconhecida como uma empresa que melhor gestão tem sobre seus inventários, levando o seu turnover a níveis muito superiores a quaisquer competidores ou a outras empresas do concorrido segmento eletrônico.

Um exemplo a ser seguido, portanto.

Até a próxima!

Hernani Roscito Hernani Roscito

Hernani José Roscito

Sócio-Proprietário da MENDES DE ALMEIDA & ROSCITO CONSULTORIA

Consultoria especializada em projetos de Supply Chain

hernani.roscito@marconsultoria.com.br

www.marconsultoria.com.br

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