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Conteúdo 19 de julho de 2018

A logística brasileira e os novos tempos

É fato que dá certo frio na espinha quando olhamos para o futuro e pensamos em situações logísticas, que certamente viveremos, diante de nossa situação atual. O mundo está mudando! A concorrência toma ares jamais vistos. Novas ideias tecnológicas surgem sem que nos acostumemos com as anteriores. E nós, brasileiros, como nos prepararmos para os novos tempos?

Como é difícil perceber esses novos tempos dentro de velhas situações! Nossa política nos remete aos tempos do feudalismo e suga todas as energias – e recursos – que seriam necessárias para elaborar novos planos de crescimento. Estamos mais voltados ao “como pode isso?” do que ao “como faremos?”. Enquanto isso, nossa infraestrutura parece parada no tempo e, há tempos, dá sinal de que já não comporta nossas operações. As rodovias, portos, os poucos investimentos em ferrovias e a falta de atenção com nossos rios, são hoje fatores, significativamente, limitadores de nosso crescimento. Embora o agronegócio tenha alcançado patamares inimagináveis através de muitas pesquisas e do árduo suor derramado nos campos, nossa baixa capacidade de armazenagem e de escoamento da produção inspiram sérios cuidados.

Divulgado o ranking 2018 dos países inovadores pela Organização Mundial de Propriedade Intelectual, o Brasil avançou cinco posições e hoje ocupa o 64º lugar. Embora tenhamos um povo altamente criativo, trabalhador e empreendedor, as dificuldades para abertura de negócios, concessões de créditos, deficiências na educação e na formação de capital bruto, explicam estarmos nesta posição e apenas em 6º neste mesmo ranking na América Latina.

Somos um dos dez países que mais respeitam a propriedade intelectual. Associado a isto, melhoramos investimentos em novas pesquisas e na qualidade de nossas universidades, mas formamos engenheiros e profissionais das ciências em números ainda insatisfatórios. A área da Logística ainda desponta como uma das mais procuradas – e isso se mantem por cerca de seis anos –, mas a didática na área estratégica ainda deixa a desejar frente à operacional.

Países como Suíça, Holanda, Suécia, Reino Unido, Cingapura, Estados Unidos, Finlândia, Dinamarca, Alemanha e Irlanda – os 10 primeiros em inovações tecnológicas – asseguram que o ambiente de negócios hoje é regido pela moeda mais importante de todas: a informação.

“É a fome que dá o gosto bom à comida”. Mesmo que esse dito popular não pareça tão otimista, temos situações bastante positivas para nossa logística como um todo. É chegada a hora dos desejos de crescimento do país se sobreporem às dificuldades logísticas. Nossas necessidades vêm ajudando para que novos cenários se concretizem. E isso tem a ver com o domínio da informação com que trabalham aqueles dez países citados. Sabe-se que ainda não é hora de comparar países de altas rendas com países de renda média-alta a que a pesquisa faz referências, mas estamos no caminho certo, embora nossa pressa nos faça enxergar as dificuldades maiores que as soluções.

A ideia de união de uma cadeia de negócios parece, cada vez mais, inevitável. Todos os segmentos de mercado sentem os entraves provocados por uma infraestrutura pouco auxiliadora e que deixa a logística sem energia para viver dias já turbulentos. O avanço da iniciativa privada, as concessões e privatizações ainda não refletem um respiro que sabemos não encontrar, pelo menos tão cedo, com o poder público, agora mais voltado às suas próprias e convenientes questões. A principal mudança deve mesmo surgir da reorganização desses pontos.

Saber como a logística brasileira irá encarar novas situações é bem difícil, pois o mercado muda constantemente e nossa carga tributária, nossa política, nossa moeda, nosso ambiente de negócios e até a privação de direitos básicos, formam um emaranhado de caminhos nos quais nos obrigamos a visitar. Paralelo a tudo isso, os planos de desenvolvimento de cada modal de transporte precisam, definitivamente, sair do papel para que necessidades primárias não nos acorrentem. A infraestrutura merece bem mais atenção e investimentos para que a inovação deixe de ser motivo de sobrevivência para ser ferramenta de desenvolvimento.

Marcos Aurélio da Costa Marcos Aurélio da Costa

Foi coordenador de Logística na Têxtil COTECE S.A.; Responsável pela Distribuição Logística Norte/Nordeste da Ipiranga Asfaltos; hoje é Consultor na CAP Logística em Asfaltos e Pavimentos (em SP) que, dentre outras atividades, faz pesquisa mercadológica e mapeamento de demanda no Nordeste para grande empresa do ramo; ministra palestras sobre Logística e Mercado de Trabalho.

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