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Conteúdo 1 de fevereiro de 2011

Logística e infraestrutura

A demanda por serviços de logística tem crescido exponencialmente, cerca de três vezes superior ao Produto Interno Bruto (PIB), e algumas empresas estão dobrando de faturamento por anos seguidos. Mas o setor precisa ponderar até onde este crescimento é sustentável. Isso porque, os gargalos na infraestrutura são entraves para o atual ritmo de expansão.

Os principais desafios para a logística brasileira estão hoje na matriz de transporte, que é excessivamente concentrada no modal rodoviário, correspondendo por 60% do total de cargas movimentadas no país.

A malha de rodovias nacional tem uma extensão total de 1,6 milhões de quilômetros. Destes, cerca de 200 mil (12%) são estradas pavimentadas. A Pesquisa Rodoviária 2007, da Confederação Nacional do Transporte (CNT), avaliou 87.592 quilômetros de rodovias e constatou que 73,9% apresentam alguma deficiência no pavimento, na sinalização ou geometria da via, o que compromete a qualidade e a segurança do fluxo de cargas e pessoas, restringe a interação com os demais modais e gera elevados custos em razão de problemas mecânicos nos veículos de carga.

A intermodalidade é fundamental para se utilizar melhor a infraestrutura no Brasil, mas a malha ferroviária está no limite de sua capacidade. O modal ferroviário corresponde por volta de 20% do transporte de cargas no país. E, segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANT), cerca de metade da carga transportada é de minérios. O restante é composto, em geral, por produtos siderúrgicos.

Quanto ao modal hidroviário, é pouco expressivo, apesar de ser, segundo parâmetros mundiais, o modal que proporciona menor custo de frete. A Hidrovia Paraná – Tiete, por exemplo, transporta cerca de 2 milhões de toneladas para uma capacidade de 20 milhões de toneladas.

É certo que o desempenho dos transportes é vital para a eficiência logística. O mercado, que hoje se estima em US$ 300 bilhões, deve dobrar em 5 anos. Há no Brasil um enorme potencial a ser explorado. Cerca de 5% das empresas brasileiras investem adequadamente em logística, seja por meio de um departamento interno ou contratação de um operador logístico. No Japão e na Europa este índice é de 30% e nos EUA 25%. E dadas às novas exigências da economia brasileira, mais empresas terão que investir na área para continuarem competitivas. Entretanto, segundo a CNT, há uma demanda reprimida à espera, por meio de várias modalidades, de um eficiente sistema de transportes.

Apesar da precariedade da infraestrutura, é preciso dizer que obras em andamento por todo país dão os primeiros sinais de um processo que poderá ser o vetor de grandes mudanças. Como perspectiva desse cenário podemos citar o cimento. Em 2010, o Brasil produziu 59.000 de toneladas, cerca de 14 % acima do ano anterior, mas com as novas fábricas surgindo de norte a sul este número deve dobrar até 2015.

Contudo, os indicadores positivos não garantem solução. Segundo o IPEA, o PAC prevê apenas 23% dos recursos necessários para equacionar os problemas existentes nos portos, por exemplo. E o ritmo de investimentos, embora tenha se intensificado, ainda é incapaz de evitar um estrangulamento nos próximos três ou quatro anos.

A dimensão continental brasileira por si só é um desafio para o desenvolvimento e é evidente que o país está em ebulição. Por isso, não há tempo a perder. Iniciativa privada e poder público precisam buscar saídas em conjunto para os entraves de infraestrutura do Brasil.

É um momento promissor para a nossa economia, mas logística será fundamental para subsidiar esse crescimento.

 

Antonio Wrobleski Antonio Wrobleski

Especialista em logística, presidente da BBM Logística, sócio e conselheiro da Pathfind. Engenheiro com MBA na NYU (New York University) e também sócio da Awro Logística e Participações. Ele foi presidente da Ryder no Brasil de 1996 até 2008. Em 2009 montou a AWRO Logística e Participações, com foco em M&A e consolidação de plataformas no Brasil. Foi Country Manager na DHL e Diretor Executivo na Hertz. O trabalho de Antonio Wrobleski tem exposição muito grande no mercado Internacional, com trabalhos em mais de 15 países tanto no trade de importação como de exportação. Além disso, ele é faixa preta em Jiu-jítsu há 13 anos e pratica o esporte há 30 anos.

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