Facebook Twitter Linkedin Instagram Youtube telegram
Conteúdo 7 de abril de 2015

A missão de contratar

Os recursos humanos hoje representam uma enorme dor de cabeça para o mercado. Nunca foi tão difícil contratar mão-de-obra para as empresas independentemente da função. Se a mais simples exige empenho e responsabilidade, a mais complexa exige, além disso, qualificação e entrega.

São tantos os fatores externos que contribuem para essa dificuldade que até fica difícil elencá-los. Mas, sem dúvidas, a primeira questão está voltada à cultura de parte dos brasileiros em considerar o trabalho algo ligado ao desprazer e sacrifício e, na verdade, ele se torna isso quando não se entende bem a relação de necessidade do trabalho com o que queremos alcançar em nossas vidas.

Outro fator em destaque está ligado ao que se chama de “encaixe de função”: as empresas, por exemplo, exigem graduação para funções menos complexas, como auxiliares, porém quem buscou uma graduação não a buscou para ser auxiliar; já para funções que exigem ainda mais qualificações vem a questão da remuneração; e ainda para aquelas funções da base da pirâmide vem a rotatividade e a migração para outras funções através da qualificação. Em resumo, está cada vez mais difícil preencher a base da pirâmide, pois as pessoas estão buscando uma melhor qualificação e fica difícil também preencher o topo devido aos baixos salários se consideradas as exigências de qualificações. Há a busca então, pelo meio da pirâmide, ou por não querer estar na base ou por não poder estar no topo.

Diante disso, e deixando outros fatores importantes de fora para não complicar muito, as empresas partiram para a terceirização de suas seleções de pessoal. A grande maioria pensou apenas nos custos e deixou em segundo plano questões importantes sobre a individualização necessária aos controles de processos. Como assim? Está ficando para trás aquela coisa de controlar pessoas e se busca, cada vez mais, controlar processos. Só que para isso se faz necessário conhecer mais as pessoas e, embora as empresas de RH sejam capacitadas para selecionar tais pessoas, elas não sabem muito sobre os processos de seus clientes por não vivê-los e acabam correndo riscos de encaixar pessoas na função errada. E aí surge a pergunta: e quando essa pessoa estiver contratada e dentro do processo da empresa, ela não se destaca e resolve esse ponto? Sim, há grandes possibilidades para isso… “se ela for contratada”.

Fulanésio recebeu uma ligação de uma empresa de RH que o chamara para um processo de seleção para uma empresa que não pôde ser revelada naquele momento. Além disso, ele estava no seu trabalho atual e não poderia se ausentar devido sua intransferível responsabilidade naquele momento e sugeriu outro horário em que pudesse participar do processo. Foi dispensado naquele momento mesmo por não ser mais interessante ao processo de seleção. Porém, a empresa na qual poderia trabalhar não avaliaria Fulanésio com um olhar diferente? Não enxergaria nele a responsabilidade e compromisso necessário para a função pretendida? É, parece ainda estarmos longe do caminho do controle de processos enquanto valorizarmos questões distantes de propósitos.

Claro que a busca por especializações faz parte do sucesso dos processos, e as empresas de recrutamento estão habilitadas para a melhor escolha, mas nem sempre é assim. Certa vez, um fato ocorrido retratou bem esse perigo, onde um candidato, após sair da sala de entrevistas de uma empresa de RH, não sendo percebida a sua entrada num banheiro pela entrevistadora que comentou no corredor, de forma absolutamente antiética, que o mesmo não serviria por ser muito parecido com um ex-namorado pelo qual alimentava um ódio extremo.

Enquanto prezarmos pela aparência física mais do que conseguirmos captar sobre competência, estaremos longe do ideal para uma função. E enquanto as empresas se fixarem na questão de que seu pessoal é seu maior custo e não o melhor caminho para o seu sucesso, estarão fadadas à obsolescência de suas ideias e de seus resultados. E nada tem a ver com a competência ou não da terceirização de processos de seleção, pois temos empresas realmente éticas e especializadas no mercado, mas não gostaria que escolhessem uma “noiva” para mim. Minhas decisões estão baseadas em minhas necessidades. E se uma empresa enxerga seu pessoal como o melhor investimento, não tem porque transferir a responsabilidade de escolhê-lo.

Marcos Aurélio da Costa Marcos Aurélio da Costa

Foi coordenador de Logística na Têxtil COTECE S.A.; Responsável pela Distribuição Logística Norte/Nordeste da Ipiranga Asfaltos; hoje é Consultor na CAP Logística em Asfaltos e Pavimentos (em SP) que, dentre outras atividades, faz pesquisa mercadológica e mapeamento de demanda no Nordeste para grande empresa do ramo; ministra palestras sobre Logística e Mercado de Trabalho.

Volvo
BR-101
Mundial Express
Savoy
Globalbat
Retrak
postal