Facebook Twitter Linkedin Instagram Youtube telegram
Conteúdo 13 de fevereiro de 2017

Por que a logística não engrena de vez?

Temos acompanhado as notícias sobre a crise na qual atravessamos percebendo pouca diferença em comparação às últimas duas décadas e meia vividas no Brasil quanto aos investimentos em logística. Com obras pontuais em infraestrutura, o curso de tais investimentos é bem distante do que seria necessário.

Para quem pensa que a questão toda acerca da ineficiência dos investimentos está pautada apenas em desvios de verbas e no alastramento da corrupção, esquece-se de que muitas obras, algumas paradas por erros de projetos, não alcançaram seus objetivos no atendimento a que se propuseram. Claro que os interesses escusos pesam muito sobre o desenvolvimento que aguardamos, mas questões como incompetência, leis ultrapassadas ou não observadas, atividades de lobby e falta de planejamento, contam muito para que amarguemos uma situação tão clara: ou se investe em infraestrutura logística ou o país não sairá disto.

Saímos de uma inflação de 10,67% em 2015 para 6,29% em 2016 e, embora muitos achem que é motivo para comemorar devido nosso histórico de índices, ainda são números altos que comprometem o andamento da economia e, principalmente, a injeção de investimentos na macrologística. Se acrescentarmos a essa enfadonha receita os juros praticados no Brasil, qualquer investidor optará por segurança e comodidade ao invés do desenvolvimento.

Divulgada há poucos dias, a inflação de janeiro de 2017 foi a menor em 37 anos alcançando 0,38%. Sob o aspecto de uma inflação mais controlada a notícia é muito boa. Porém, ela reflete também uma economia em plena recessão, pois sabemos que a movimentação comercial analisada pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) sofre impactos significativos quando temos mais de 12 milhões de desempregados (mais de 25 milhões se considerarmos os subutilizados). Supondo que você tenha utilizado seu carro menos vezes e em trajetos mais curtos, seu custo com combustível foi menor se comparado com situações anteriores.

A informação incompleta gera falsas expectativas que, embora talvez tenham a intenção de plantar otimismos, mais atrapalha do que ajuda. Não precisamos de muito para sabermos que a economia trabalha com números impiedosos que não refletem nada mais do que aquilo que realmente são. E a Logística, como tudo, depende da economia. Contudo, ela não deveria ser o primeiro setor a se cortar verbas quando a economia dá sinais de cansaço. Isso é um vício que deixa a economia cansada.

Outros indicadores que avaliam outras atividades da economia, embora o IPCA meça o preço pago efetivamente pelo consumidor com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos, configurando o melhor indicador para avaliar a inflação, também pesam no fluxo econômico já que setores como o da indústria, comércio de veículos e de serviços, também acumulam quedas em suas atividades. Sejam quais forem, a Logística sofre os impactos.

Os escândalos que assolam nosso país compactuam com nossa situação econômica. Os limites éticos parecem ter sido ultrapassados. Os longos intervalos para investigar e para julgar um crime paralisam atividades e deixam setores inteiros à mercê da estagnação. E isso é muito percebido na Logística. Afinal, quando uma empreiteira cai, leva várias com ela e fica-se sem ter com quem executar a obra. Por vezes, a sujeira alcança até a terceira colocada na licitação, e então os processos param, outros estudos serão realizados, outras licitações…

Infelizmente, em uma obra comandada pela esfera pública, onde a demora no projeto já atrapalha substancialmente seus propósitos, seu início não diz nada sobre seu fim. É tensão total. A qualquer momento ela poderá parar por uma série de fatores.

Como alento, os investimentos privados vêm fazendo a diferença no desenvolvimento logístico no país. Como esperança, os profissionais e a tecnologia estão bem melhores. Como alerta, o alastramento dos vícios públicos.

Marcos Aurélio da Costa Marcos Aurélio da Costa

Foi coordenador de Logística na Têxtil COTECE S.A.; Responsável pela Distribuição Logística Norte/Nordeste da Ipiranga Asfaltos; hoje é Consultor na CAP Logística em Asfaltos e Pavimentos (em SP) que, dentre outras atividades, faz pesquisa mercadológica e mapeamento de demanda no Nordeste para grande empresa do ramo; ministra palestras sobre Logística e Mercado de Trabalho.

BR-101
Mundial Express
Savoy
Globalbat
Retrak
postal