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Conteúdo 16 de novembro de 2017

Supply Chain e evolução tecnológica: o que eu faço agora?

Em minhas palestras e interações com estudantes, professores e executivos de vários segmentos eu tenho me deparado com alguns questionamentos que são bastante pertinentes aos avanços e usos da tecnologia nas mais diversas áreas. Via de regra e em função dos fóruns de discussão, essas questões são levantadas em relação a como a tecnologia vem apoiando a área de supply chain e, por conseguinte a logística. E como parte das indagações, são comuns as perguntas relacionadas a quão distante estão as empresas nacionais em relação aos exemplos mais eminentes e conhecidos globalmente como é o caso da Amazon, Apple e Walmart para citar alguns.

Na minha humilde opinião e convivendo com fantásticas pessoas ao longo do tempo, não tenho receio de dizer que o Brasil é um celeiro de bons executivos, bons empreendedores, criadores de bons modelos de negócios, boas universidades e geradores de ideias extremamente inovadoras. Enfim, nós somos criativos. E, portanto, não podemos menosprezar a história de empresas vencedoras que aí estão como é o caso de Embraer, Natura, O Boticário, Gerdau, Magazine Luiza, Vale, BRF, Grupo Ultra, CSN entre muitas outras.

Contudo, quando miramos os robôs, drones, inteligência artificial entre outros dispositivos e aplicações de vanguarda precisamos entender que inovações passam por desenvolvimentos, testes, pilotos e investimentos que muitas vezes são difíceis de serem obtidos em graus de baixa escalabilidade. Nossa liderança tecnológica está longe de ser comparada aos países de primeiro mundo como Estados Unidos, Japão, Alemanha, Inglaterra entre outros.

Temos muitas empresas nacionais que investem “pesado” em tecnologia como elemento viabilizador de suas estratégias na busca da diferenciação e principalmente no aspecto operacional. Dificilmente iremos encontrar empresas de médio e grande portes que não possuam um sistema de gestão de transportes ou gestão de armazéns tendo códigos de barras ou rádio frequência (RFID) ou tecnologia de posicionamento geográfico de veículos como apêndices importantes na execução das transações operacionais. Muitas vezes não as possuem, mas delegam aos seus operadores logísticos tais responsabilidades dentro do modelo de terceirização. Empresas com produtos de giro rápido, grandes volumes, demanda por rastreabilidade demandam agilidade e as operações tendem a ser mais automáticas.

A globalização e os avanços tecnológicos contínuos vem causando impactos importantes nos transportes e na logística como um todo de tal maneira que o seu uso passa a ser primordial para se obter competitividade, segurança e otimização de custos da cadeia de abastecimento.

Ultimamente tenho realizado alguns trabalhos de assessoria através da minha empresa Berthas e tenho percebido uma preocupação constante com o mercado, a demanda e o comportamento de consumo. E está corretíssimo. No entanto, as execuções tanto internas como externas não recebem a mesma importância. E muitas vezes clientes são perdidos por falhas na execução e na entrega. Este é um custo extremamente alto para se pagar. As prioridades devem ser equivalentes. E há que se alinhar as estratégias. Existe uma percepção de que se vende bem, mas se entrega mal. Isso vale para todos os segmentos e tamanhos de empresas. A perda de clientes representa um ônus que vai além do financeiro.

As aplicações tecnológicas existem para agilizar, otimizar e trazer maior confiabilidade às operações. Procedimentos, políticas e regras devem ser implantadas e seguidas. E aos profissionais, treinamentos adequados devem ser dados. Apenas implantar uma tecnologia não trará os benefícios buscados. Não é possível falarmos em Internet das coisas e logística 4.0 se não realizamos o básico em nossas organizações. Modelos de negócios e processos continuarão existindo. E são elementos importantes do todo. A tecnologia viabiliza e pode melhorar processos, além de coletar uma grande quantidade de dados. Porém se as entradas dos dados não forem adequadas, as informações geradas causarão impactos desastrosos nas decisões a serem tomadas. Qualquer tecnologia deve ser analisada para avaliar seus impactos e seus benefícios e sua implantação deve estar alinhada com a estratégia e as necessidades do negócio. Não pode ser modismo.

O mundo se transforma rapidamente. Muitas pessoas nasceram no auge do gigantismo e da criatividade de uma Amazon e seguramente fazem suas compras através de seus celulares ao invés de realizarem visitas aos supermercados ou lojas. Esta visão evolutiva é preponderante nos dias atuais. A tecnologia está presente em todos os lugares e nos permite a mobilidade. A conectividade entre dispositivos se faz presente e se torna fundamental para ser usada também na logística moderna. A automação, multiplicidade de canais, realidade virtual e veículos autônomos são alguns dos exemplos de inovação que vem ocorrendo na chamada economia digital.

Muitas empresas ainda não se deram conta de que é preciso efetivamente avaliar o que há disponível para também concluir que o uso adequado das ferramentas existentes vem a influenciar processos e modelos de negócio. Não é objeto deste artigo falar de economia colaborativa como é o caso do Waze, Uber entre outros serviços e que são modelos de negócios possíveis devido a tecnologia. Tais modelos impactam o mundo dos negócios e as parcerias, obrigando a rever os modelos também dentro da Supply Chain.

Portanto devemos fazer bem a lição de casa. Usar efetivamente os sistemas existentes, mesmo que sejam básicos e posteriormente dar saltos que sejam requeridos pelo negócio ou que possam ser propiciados pelas novas inovações existentes e que vem por aí. Não fique na zona de conforto. Mova-se.

Paulo Roberto Bertaglia Paulo Roberto Bertaglia

Fundador e Diretor Executivo da Berthas, empresa de consultora especializada em supply chain e cofundador da Aveso, organização que atua conectando o ecossistema de startups, investidores e empresas em busca de soluções. Atuou nas empresas: IBM, Unilever, Hewlett-Packard e Oracle. Ao longo da carreira tem se especializado nas áreas de Supply Chain Management, Gestão estratégica de Negócios, Liderança, Vendas e Terceirização de Serviços. Professor de pós-graduação em Logística, Gestão Estratégica de Negócios e Tecnologia da Informação. É Autor de vários livros, entre eles Logística e Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento – Editora Saraiva, 4ª edição – 2020. Realiza palestras de temas estratégicos, cadeia de abastecimento e liderança empresarial para empresas e instituições educacionais, além de consultorias e mentorias. É fundador da Prosa com Bertaglia, movimento voluntário para a educação cujo acesso é: https://bit.ly/3VW9Anp

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