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Capa 11 de dezembro de 2017

Drones na logística: Segmento ainda está em fase de conhecer mais a fundo essa tecnologia

Embora já sejam inúmeras suas aplicações no segmento, muitos não fazem ideia do potencial de ganho em sua utilização, e no fim descobrem aplicações que nem ao menos eram de seu conhecimento.

Embora ainda sejam uma tecnologia emergente nas aplicações de uso civil, em segmentos industriais diversos, os Veículos Aéreos Não Tripulados – VANTs, mais conhecidos como drones, ganham, cada dia mais, espaço nas aplicações logísticas.

“Grandes corporações de vendas online já usam os drones em larga escala, como Amazon e DHL (veja o Box), para entregas de pequeno porte e em pequenas distâncias, com projeção de aumento exponencial para o futuro muito próximo”, destaca Jean Daniel Mazon Sereni, diretor administrativo da Bembras Agro (Fone: 16 3411.1281).

Já Paulo C. de Miranda, VP Comunicação e AgTech da FT Sistemas (Fone: 12 3932.6200), diz que as empresas de logística podem utilizar os VANTs no segmento de transportes de cargas para acompanhar seus veículos, monitorando embarque, trajeto e desembarque da carga 24 horas por dia e em tempo real. “E um dos recursos que podem ser aplicados com o uso dos VANTs é fazer o reconhecimento de paradas não programadas e identificar rotas fora do itinerário.”

Além disso – continua Miranda –, os VANTs podem realizar a segurança patrimonial e de infraestruturas, permitindo ao usuário maior controle de suas operações, evitando desperdícios e promovendo a segurança.

Também há aplicações dos drones para levantamento de as built (expressão em inglês que significa “como construído” e na prática representa o levantamento métrico de todos os elementos e estruturas existentes com altíssimo nível de detalhamento) de rodovias e ferrovias, ou ainda monitoramento de faixas de servidão. “Além disso, há projetos de drones para entrega – e nós temos um projeto em desenvolvimento para aplicar drones para inventário de estoque a partir de tecnologia RFID”, complementa George Alfredo Longhitano, diretor da G Drones (Fone 11 3673.1016).

Como se pode perceber, os drones, de forma geral, vieram para trazer economia de tempo, custo e risco em operações. “Hoje é possível utilizar os drones para diferentes aplicações na logística, como mapeamento estratégico de áreas para construção de galpões, inspeções de segurança nos Centros de Distribuição, inspeções nas estruturas e controle de inventários. Até mesmo entregas podem ser realizadas, principalmente para transportes internos na empresa, como, por exemplo, o transporte de equipamentos”, também comenta Raquel Molina, diretora executiva da Futuriste Tecnologia (Fone: 11 2638.1316).

E ela continua: “É importante ressaltar que novas aplicações podem ser customizadas, sempre que forem obedecidas as regras da regulamentação vigentes. Como, por exemplo, uma solução que estamos iniciando com um centro de pesquisa bastante renomado de São Paulo, com a finalidade de melhorar os processos logísticos”.

Vantagens e benefícios

O uso de VANTs permite ao usuário agregar a seu sistema de segurança uma capacidade de promover maior segurança a instalações, funcionários e ativos em operação. Esta é uma das vantagens do uso dos drones na logística, de acordo com Miranda, da FT Sistemas.

Ele diz que drones fabricados pela sua empresa são equipados com uma gama de sensores e atuadores e realizam voos em rotas pré-programadas ou em modo manual, fornecendo informações sobre movimentações estranhas à operação, o que permite tomar decisões em tempo real, como a mudança de rotas de caminhões ou acionar equipes de segurança.

“Agilidade e custo são as palavras de ordem, seguidas de muito perto pela diminuição de riscos inerentes ao processo de cada segmento”, completa Sereni, da Bembras Agro, também falando das desvantagens e dos benefícios do uso dos drones na logística. Ou, como aponta Longhitano, da G Drones, redução de custos, diminuição de erros por intervenção humana e velocidade das operações.

Resistência

Mas, a despeito das vantagens apontadas do uso dos drones na logística, ainda há certa resistência quanto a sua aplicação.

“Como se trata de uma tecnologia emergente nas aplicações de uso civil, em segmentos industriais diversos, é natural que se detecte uma adoção que encontra barreiras para a sua plena implantação e potencialização. Acreditamos que o segmento de logística ainda está em fase de conhecer mais a fundo as possibilidades dessa tecnologia. Os estudos da PwC publicados em 2016 colocam o setor de logística como um grande beneficiário desta tecnologia. Acredito que em breve as empresas mais estruturadas e experientes no mercado brasileiro começarão a utilizar mais esta nova tecnologia, sendo imediatamente seguidas pelas empresas de médio e pequeno porte, uma vez que seu uso passará a ser não apenas obrigatório, mas também exigido por seus clientes e fornecedores, que querem garantir a segurança de seus produtos”, explica Miranda, da FT Sistemas.

De fato, por serem uma tecnologia nova, os drones naturalmente possuem um maior tempo de maturidade no mercado, até que se vejam os reais benefícios de sua utilização. “Notamos que em apresentações a potenciais clientes muitos não faziam ideia do potencial de ganho em sua utilização, e no fim descobrira aplicações que nem ao menos era de conhecimento dos mesmos”, comenta Raquel, da Futuriste.

Sereni, da Bembras Agro, também destaca que por ser uma tecnologia ainda “entrante” no mercado, e também por quebrar um número muito grande de paradigmas, as empresas levam um tempo para entenderem como isso pode ser aplicado e o quanto isso pode ajudar no dia a dia. “As empresas que ainda não adotaram drones para uso em larga escala estudam com muita atenção como fazê-lo e como introduzi-los no negócio sem que provoquem dificuldades à logística, especialmente frente aos consumidores finais, uma vez resolvidos esses entraves, a aplicação em larga escala se mostra cada vez mais iminente”, completa o diretor administrativo da Bembras Agro.

Problemas

Longhitano, da G Drones, é o primeiro dos entrevistados a apontar os problemas para se adotar os drones na logística: ainda há algumas questões legais a serem resolvidas, bem como aprimoramentos técnicos.

Por outro lado, Miranda, da FT Sistemas, diz que não há grandes problemas em se adotar essa ferramenta na logística.

De acordo com ele, o maior desafio talvez seja analisar a fundo as necessidades de sua aplicabilidade para o setor. Também é importante frisar que desde o dia 2 de maio de 2017, a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) regulamentou a utilização de aeronaves não tripuladas, com o objetivo de tornar viáveis as operações desses equipamentos, preservando-se a segurança das pessoas. A instituição das regras também contribuirá para promover o desenvolvimento sustentável e seguro para o setor (veja o Box ao lado).

Hoje – continua Miranda –, as empresas que atuam no fornecimento destas aeronaves é que possuem o maior desafio de certificar seus produtos para atuarem com 100% de conformidade à legislação recente vigente no país.

“A primeira questão que notamos é o desconhecimento geral, inclusive até de algumas empresas que vão oferecer serviços de drones, em relação a suas limitações. Já aconteceu de, em visita a clientes, ouvirmos: ‘já veio uma empresa aqui que tentou aplicar drone para ‘tal’ aplicação e não deu certo’. Na verdade, já foi possível identificar logo no início da conversa que o drone da solução apresentada não atendia as expectativas técnicas do que estava sendo demonstrado”, comenta, agora, Raquel, da Futuriste.

Tendências

Sobre as tendências neste segmento, Sereni, da Bembras Agro, afirma que o uso de drones ainda não conhece limites para uso na vida das pessoas e corporações. O uso na área militar já existe em larga escala, desde no transporte de materiais pesados até retirada de soldados em áreas de difícil acesso. Em Dubai já existe o serviço de Taxi Drone para pessoas de até 100 kg. Na área medica, são usados pequenos drones para entrega de desfibriladores, entre outros, em centros urbanos com trafego intenso de veículos. Na área de transmissão de energia elétrica há o uso intenso de drones para leitura térmica de linhas de transmissão e transporte de peças pesadas para manutenção de torres e postes.

Miranda, da FT Sistemas, também ressalta que, na Europa, a Espanha já se antecipa, autorizando uma empresa de transporte de valores a utilizar VANTs no monitoramento das remessas. Em Portugal, empresas do setor de transportes só aguardam a legislação que implementará o uso da tecnologia para que os dispositivos aéreos passem a operar dentro setor de cargas.

“Considerado o oitavo país mais perigoso para se transportar carga, segundo dados divulgados em março deste ano pelo comitê do setor de cargas no Reino Unido (Joint Cargo Committee), o Brasil teve, em 2016, prejuízos que ultrapassaram mais de R$ 1,4 bilhão. Para que índices como esses sejam combatidos, o uso da tecnologia é fundamental e os VANTs começam a ser utilizados em todo o mundo como a mais nova arma no combate a esse tipo de crime”, completa o VP Comunicação e AgTech da FT Sistemas.

Já Raquel, da Futuriste Tecnologia, destaca que a tendência no setor de drones é que o uso seja cada vez mais relacionado a oportunidades de negócios, com drones que consigam entregar resultados em situações bastante específicas por conta das customizações que serão implementadas para cada necessidade. Segundo a diretora executiva, os drones ficarão cada dia mais acessíveis e inteligentes, permitindo operações com maior nível de automatização e ainda mais segurança em seu uso.

O que as empresas oferecem

Bembras Agro – Presta serviços na área agrícola e pecuária, oferecendo mapas de leitura das mais diversas vertentes para tomadas de decisão mais assertivas no trato da terra, preparo de solo, linhas de plantio, falhas de plantio, monitoramento de pastos e perímetros, tudo em tempo real.

FT Sistemas – Desenvolve VANTs Táticos Leves, entre eles, o FT-100, de asa fixa, e os helicópteros 100 FH e 200 FH, dotados de rotores na configuração intermesh. A empresa investe em sistemas integrados de inteligência baseados em VANTs e atua nos mercados de defesa, segurança, infraestrutura, agronegócio e meio ambiente.

Futuriste – Desenvolve o mercado brasileiro de drones, contando com treinamentos, venda de equipamentos, assistência técnica, serviços de inspeções, mapeamento 3D aéreo e com área de P&D que permite customização de equipamentos e o desenvolvimento de soluções diferenciadas com drones.

G Drones – Trabalha com desenvolvimento e venda de drones para aplicações profissionais, capacitação e prestação de serviços de mapeamento e inspeções.

COM A PALAVRA O USUÁRIO

Na Europa, a DHL tem feito entregas em locais remotos. Na América Latina, drones têm sido utilizados para vigilância de Centros de Distribuição e há projetos em fase de piloto para a verificação de inventários.

“Os drones são uma tecnologia com um potencial muito grande na logística, mas como toda novidade, precisa amadurecer um pouco sua utilização. A aplicação mais direta é na entrega de pequenos volumes, mas temos que ver esse potencial mais de perto. Por exemplo, existem muitas questões regulatórias em aberto e o risco em áreas muito populosas é real. De forma que a DHL entende que os drones podem ser mais utilizados para entregas remotas ou em áreas menos populosas. Outra ideia seria colaborar com entregadores em distâncias bem curtas – em uma mesma rua ou condomínio, por exemplo. Os drones estão sendo usados, por exemplo, para segurança patrimonial na DHL Supply Chain no México. Também podem ser usados em grandes áreas abertas para conferência de estoque e até para auxiliar a estocagem. Nestas duas últimas funções, porém, demanda-se ainda um grande desenvolvimento. No Brasil temos um grande projeto em andamento para utilização de drones dentro de armazéns da DHL Supply Chain na atividade de contagem cíclica de inventário, onde o drone voa e coleta fotos e informações das posições do armazém e se integra ao sistema de gestão de armazenagem”, comenta Alex Tosetto, diretor sênior e head de IT Produtos para América Latina da DHL Supply Chain (Fone: 19 3206.2200).

Ele também destaca que são diversas as vantagens do uso dos drones na logística. “Temos, certamente, mais agilidade em entregas, segurança ou estocagem, por exemplo. Chegar a locais de difícil acesso também é um fator muito importante, assim como colaborar com o ser humano em atividades corriqueiras no futuro próximo. Outra vantagem é a diminuição de custo quando falamos de contagem cíclica de inventário, na qual não precisamos mais alugar equipamentos plataforma e o drone performa a atividade de maneira totalmente autônoma sob supervisão de nossa equipe. Temos nos atentado, também, para a questão humana, onde a utilização dos drones para as rondas de segurança patrimonial diminui o risco de incidentes com pessoal das equipes de segurança que anteriormente teriam de fazer as rondas por eles mesmos.”

Mas, Tosetto pondera que, como toda nova tecnologia, existe alguma resistência ao uso dos drones na logística e um custo relativamente elevado. “Mas acreditamos que as duas barreiras principais agora sejam questões regulatórias – que são muito novas também – e o desenvolvimento da própria tecnologia que demanda alguns avanços para a captura de seu valor integral.”

Além dos fatores citados acima, ter pessoas treinadas e um processo logístico bem desenhado são etapas que devem ser superadas antes da implantação dos drones. “Também contamos com parceiros na implementação da tecnologia e para eles também há uma curva de aprendizado importante a ser considerada, portanto creio que hoje o maior desafio é a maturação da tecnologia”, avalia o diretor sênior e head de IT Produtos para América Latina.

Com relação às tendências neste segmento, o executivo da DHL Supply Chain diz que a sua empresa vislumbra dois caminhos principais, sustentados por um terceiro: primeiro é o desenvolvimento de drones cada vez mais inteligentes, fáceis de operar e até capazes de realizar pequenas atividades de forma autônoma. O segundo é a autonomia de voo e operação que tende a aumentar – as baterias têm pouca duração no momento ainda. Isso tudo com os custos associados aos drones em queda, tornando sua utilização possível em um maior número de situações.

“Hoje vemos claramente a utilização para segurança patrimonial, voos de verificação de estrutura predial, voos internos para contagem de inventário, entregas em sites remotos e futuramente entregas em grandes cidades”, finaliza Tosetto.

“CAMPANHA DRONE CONSCIENTE” INCENTIVA O VOO SEGURO E SEGUINDO AS NORMAS

Mais de 100 mil drones voam no Brasil. Já existem regras claras para uso profissional e recreacional. Entretanto, apenas um quarto destas aeronaves não tripuladas está registrado na ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil e um número ainda menor no DECEA – Departamento de Controle do Espaço Aéreo, que autoriza cada missão. Além disso já é comum o relato, nas redes sociais, de imagens e filmes produzidos por drones nitidamente fora das regras, colocando em risco o patrimônio e a integridade de pessoas. Culminando, recentemente, com o incidente amplamente divulgado pela grande mídia, de um drone voando na cabeceira da pista do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, SP, fato que gerou um caos no tráfego aéreo por algumas horas. O grande desafio que se apresenta é popularizar as regras, ainda desconhecidas por toda a sociedade e particularmente por muitos pilotos de drones que chegam ao mercado aos milhares todos os anos. Para atender esta demanda foi criada a “Campanha Drone Consciente”, idealizada inicialmente pelo DECEA e utilizada em eventos promovidos em parceria com a ABM – Associação Brasileira de Multirrotores, onde pilotos e autoridades se reúnem para difundir as normas em vigor. Após o incidente de Congonhas, a “Campanha” está ganhando intensidade e participação, envolvendo Youtubers, blogueiros e formadores de opinião do setor, além de moderadores de grupos no WhatsApp, Facebook e LinkedIn, com o objetivo de disseminar, de forma coordenada, conteúdos que divulguem a regulamentação e boas práticas da operação com drones. Fazem parte da “Campanha” os sites “Dronegócios” e “Piloto Policial”, além da feira DroneShow. A expectativa é reunir, na campanha, outros canais de conteúdo, associações setoriais, entidades reguladoras e outros eventos afins. Importantes aliados a esta campanha serão os órgãos de segurança, como as Polícias Militares estaduais, que já estão sendo preparadas para atuar primeiramente na orientação aos usuários de drones e depois na fiscalização mais ostensiva nas situações de risco iminente. Dentre as atividades do grupo, estão reuniões para alinhar a estratégia de comunicação com a sociedade, realização de webinars e lives para divulgar as boas práticas, além da divulgação de conteúdos em forma de artigos, tutoriais e infográficos. A ideia é que todos que estão ligados ao setor corporativo ou recreacional estejam unidos para ampliar as boas práticas de utilização dos drones no Brasil. Além disso, a própria sociedade, sendo melhor informada, será um grande aliado neste trabalho de fiscalização, podendo denunciar operações fora das normas de segurança. Para participar da “Campanha” ou obter mais infor mações, basta entrar em contato com Emerson Granemann, idealizador da feira DroneShow e um dos coordenadores da “Campanha Drone Consciente”, pelo email emerson@mundogeo.com. Para entrar em contato com a ABM, o email é abmultirrotores@gmail.com. E para tirar dúvidas com o DECEA, o caminho é utilizar o SAC no www.decea. gov.br/drone.

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