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Top do Transporte 15 de agosto de 2017

Exclusivo: transportadores e embarcadores revelam à Logweb como estão lidando com a crise

Além de contar como se adequaram logisticamente nos últimos dois anos para superar as dificuldades econômicas enfrentadas pelo país, os entrevistados avaliam as mudanças no relacionamento entre contratante e contratado e o que é preciso considerar para melhorar essa relação.

Já sabemos que a crise vem impactando duramente a área de logística, mas é interessante conhecer as mudanças que ocorreram nas transportadoras nos últimos dois anos e como elas lidaram com os problemas para continuar no mercado.
Marcus Sartori, coordenador administrativo da Transal – Transportadora Salvan (Fone: 48 3411.1000), conta que os volumes de mercadorias transportadas entre 2015 e 2016 caíram em mais de 30%, mas a redução no faturamento bruto foi pequena, pois a empresa conseguiu repassar algum reajuste na tabela de fretes. “Porém, se levarmos em conta que vínhamos nos anos anteriores com crescimento médio de mais de 10%, no período em questão todo aumento de faturamento em virtude do incremento nos preços foi consumido pela inflação e pela queda do volume transportado, portanto, ganho real zero.”
A evidente diminuição nas receitas fez com que a Transal buscasse reduzir custos e, assim, acabou demitindo 20% dos funcionários de todos os setores e unidades da empresa. “Além disso, os investimentos em renovação e ampliação da frota foram revistos, pois os preços dos veículos novos despencaram juntamente com o dos veículos usados, inviabilizando a efetiva troca. Mesmo assim, algumas oportunidades de compras à vista apareceram”, expõe Sartori.
Em resumo, o cenário econômico do país forçou a empresa a alterar seu planejamento diversas vezes, especialmente no tocante à manutenção dos principais clientes, assumindo, em certos casos, algum risco de inadimplência futura em virtude das dificuldades que enfrentavam. Para o ano de 2017, a expectativa é de crescimento de 10% no faturamento.
Devido a essa situação, Celso Luchiari, diretor da TA (Fone: 19 2108.9000), observa que o mercado ficou ainda mais competitivo. “Com a necessidade de baixar, cada vez mais, os custos internos, precisamos rever vários processos a fim de manter o valor do frete praticado, sem repassar ao cliente. Tivemos de aprender a fazer o mesmo e, às vezes, até mais, de uma maneira mais inteligente, com menos recurso. Hoje trabalhamos com uma estrutura mais enxuta e eficiente”, revela.
Reflexo da crise econômica, a queda no volume transportado obrigou a TGM Transportes (Fone: 44 3229.2700) a fazer mais com menos, enxugando custos fixos e variáveis, mas sem descuidar da qualidade e do resultado final. “Vimos as margens beirarem a zero, tendo de aumentar a produtividade de equipes de entrega, coleta e operação. Foram necessários investimentos em tecnologia para reduzir perdas com extravios e, também, no desenvolvimento dos colaboradores que mais se mostraram preparados para lidar com adversidades, sobretudo aqueles que conseguem ser multifuncionais e multidisciplinares”, revela Thiago Granero de Melo, gerente geral.
Celino dos Santos, diretor comercial da LOGDI – Logística Dois Irmãos (Fone: 41 3593.2400), aponta que houve aumento acentuado na inadimplência, perda expressiva de clientes em função de repasses nas tarifas e diminuição do quadro de colaboradores em 40%.
Na Expresso Minuano (Fone: 51 2121.0999), como conta Jaime Krás Borges, sócio diretor comercial, houve pequena retração de faturamento, mas uma elevação considerável nos custos operacionais. “O resultado foram as margens negativas.”
No entanto, para Claudemir Groff, diretor comercial da Transportes Translovato (Fone: 54 3026.2777), os momentos de crise também têm seu lado positivo, pois obrigam as empresas a saírem da zona de conforto. “No nosso caso, passamos a olhar mais para dentro, revendo processos e adaptando rotinas de trabalho, ou seja, buscamos inovar. O momento exigiu que a empresa adotasse uma postura diferente, o que acabou sendo favorável, pois gerou melhorias nos serviços prestados”, salienta.
A RV Ímola (Fone: 11 2404.7070) também foi obrigada a repensar seus processos, clientes e operações, o que, segundo o presidente, Roberto Vilela, propiciou maior controle interno de custos. “Investimos muito em tecnologia e treinamento com o objetivo de conquistar maior governança interna”, acrescenta.
Esse lado também é visto na Braspress Transportes Urgentes (Fone: 11 2188.9000), pois os últimos dois anos foram ricos em mudanças, segundo Urubatan Helou, diretor-presidente. “Temos como características nos reinventarmos todos os dias, independentemente de crise. Nesse período, consolidamos nossa transferência para o Planeta Azul, em Guarulhos, SP, investimos pesado em renovação da frota, concluímos obras de expansão em várias filiais, implantamos simulador de direção e telemetria, reestruturamos todo o parque de TI e o quadro de vendas, implantamos um moderno sorter – sistema automatizado de distribuição de encomendas na filial de Curitiba, PR, e no Planeta Azul, dentre outras ações”, conta.
Em razão da crise, a RTE Rodonaves (Fone: 16 2101.9902) fortaleceu a gestão de custos com maior rigor e implementou uma metodologia para análise dos investimentos de forma mais criteriosa para promover o corte de custos improdutivos. Além disso, estreitou o relacionamento com os clientes, criando janelas de oportunidades, melhorou suas estruturas e ampliou a malha de atendimento de maneira assertiva. “As parcerias também foram importantes. Em suma, deixamos a crise no retrovisor e conseguimos bons resultados”, expõe o diretor adjunto de mercado, Murilo Ricardo Alves.

Transportador x embarcador
Sobre a relação transportador x embarcador, o que mudou em função da crise? Para Clóvis Luiz De Bona, diretor comercial da matriz Chapecó, SC, da Expresso São Miguel (Fone: 49 3361.6666), mudaram algumas percepções com relação ao atendimento. “Embarcadores sensíveis a preço optaram por olhar mais o custo em detrimento do nível de serviço, o que, em muitos casos, pode ter reflexo negativo. Outros embarcadores perceberam que em momentos de volatilidade, atender bem o cliente é uma forma de geração de valor e aumento de participação de mercado. Para a transportadora fica o desafio de saber qual é o seu posicionamento”, declara.
O setor vive tempos difíceis, como observa Sergio Quintal, gerente comercial da unidade São Paulo da Patrus Transportes Urgentes (Fone: 31 2191.1000). Segundo ele, os processos concorrenciais, ou BIDs, amplamente utilizados pelos embarcadores ao longo dos últimos três anos, contribuíram para “corroer” as tarifas do setor de transporte. Em alguns casos, regrediu-se dez anos, com tarifas 20% a 40% inferiores às praticadas em 2016. “Os embarcadores vêm reavaliando sistematicamente seus custos com transportes e movimentação e armazenagem de materiais. E a cada rodada, estão fazendo isso melhor, mais rápido e mais focados em resultados! Ou os transportadores e Operadores Logísticos se adaptam aos novos tempos ou perderão inúmeras oportunidades de novos negócios e até de manterem seus atuais clientes.”
Neste mercado de turbulência, Quintal acredita que é preciso concentrar os esforços em avaliar criteriosamente custos e despesas, transformando-os de fixos para variáveis, procurando realizar operações customizadas.
Em função da crise, José Paulo Nogueirão, diretor comercial e de marketing da Jamef Transportes (Fone: 11 2121.6100), conta que os níveis de urgência aumentaram, assim como a necessidade de melhores prazos, pois o mercado deixou de produzir em grandes escalas e de manter os seus estoques lotados. “Cada vez mais, grandes varejistas buscam por prazos menores, desta forma, podemos afirmar que o curto prazo para entrega hoje é um grande diferencial.”
De acordo com ele, quanto mais próxima for a relação do transportador com o embarcador melhores serão as condições de atendimento. “Todos os embarcadores possuem características próprias e a customização é fundamental para uma operação logística eficaz, reduzindo custos e melhorando os prazos de entrega”, opina Nogueirão.
De fato, a pressão por redução de preços se tornou intensa, na opinião de Gustavo Ribeiro de Paiva, diretor executivo da Meridional Cargas (Fone: 11 2989.1515). Para ele, a relação transportador x embarcador deveria ser melhorada com negociações comerciais mais justas.
Sobre essa questão, Ismael Zorzi, diretor executivo do Grupo Farrapos (Fone: 85 3052.3146), conta que muitos embarcadores têm exigido valores mais competitivos, porém, ele considera esse tema delicado, pois os custos têm chegado a patamares difíceis de serem revistos e até mesmo negociados. “Algumas transportadoras, no desespero, têm aceitado sem olhar a conta final, e isso tem trazido consequências catastróficas em vários níveis operacionais, financeiro e mercadológico.”
Sartori, da Transal, diz que existe uma busca constante para que a relação transportador x embarcador seja sempre melhorada, evoluída a níveis de satisfação que atenda a todos. Para ele, é uma utopia dizer que se está “bem” com os clientes, pois basta algum motivo de força maior, como a própria crise, para que todos os problemas de um relacionamento complexo, como é o caso, sejam manifestados, desde uma simples falha de comunicação até mesmo os veículos utilizados. “Isso acontece porque todos querem resolver seus problemas independentemente de quem possa atingir, então, é normal que ruídos e faíscas aconteçam em maior número que o habitual. Mas com sabedoria e inteligência todos os conflitos serão sanados, fortalecendo a parceria”, ressalta.
Para Helou, da Braspress, a relação transportador x embarcador mudou muito em função da crise. Segundo ele, o desaquecimento econômico, aliado a uma excessiva oferta de transportes, acirrou a concorrência que já era muito forte e a transformou em predatória, com o consequente descongelamento das tarifas praticadas pelo transporte rodoviário de cargas.
“Com a recessão e as tarifas baixas implantou-se o caos no setor, contudo, o embarcador que se aproveitou desse quadro deu um tiro no pé, porque basta a economia brasileira aumentar um ponto percentual no PIB – Produto Interno Bruto para que se instale enorme dificuldades no escoamento da produção, pois as empresas de transporte ajustaram os seus respectivos set ups operacionais para uma realidade de recessão. O crescimento da economia imporia a essas empresas investimentos que elas não têm capacidade financeira de realizar ou de maturação lenta”, conta o profissional.
Ainda de acordo com o presidente da Braspress, a relação sempre foi imperativa por parte do embarcador. “Este é um quadro que se alterará de forma automática, pois os transportadores tangidos pela necessidade não aceitarão mais imposições operacionais de preços, fazendo com que o embarcador mude também o seu comportamento, diante desse estratégico fornecedor.”
Melo, da TGM, também ressalta que a relação ficou mais tensa, delicada e limítrofe. “Pela grande pressão interna das empresas para que reduzam seus gastos a qualquer custo, a força vem intensa de cima para baixo, como um aperto gravitacional, sobrando para o transportador tomar a simples decisão de baixar o preço do frete ou perder a carga para outra empresa que faça mais barato. Esta relação acaba sendo predatória, mas é o mercado”, reconhece.
Por outro lado, a transportadora também busca menores preços, principalmente nas commodities: diesel, lubrificante, peças, seguro, aluguéis… “A pressão que vem pela força da gravidade nós continuamos passando para baixo, revendo negociações com fornecedores para também conseguirmos sobreviver e readequar nossas tabelas a esta realidade.”
O gerente geral da TGM observa, ainda, que há outra vertente que nos últimos três anos tem se tornado uma nova rotina nas empresas, que é administrar inadimplência, atrasos de pagamento e renegociações de prazos, o que, segundo ele, também é um “soco no estômago” no caixa dos transportadores, que precisam pagar suas despesas à vista e receber em até 60 dias, prazo que não existia antes e hoje se tornou comum. “Fora clientes em recuperação judicial, gerando um passivo congelado, a receber daqui a alguns anos, parcelado e sem remunerar juros. Esta difícil questão financeira depende diretamente de uma boa relação de parceria com o embarcador, e os transportadores têm se mostrado uma nova prova de fogo na relação. Como se diz, é na saúde e na doença”, salienta Melo.
Ainda segundo ele, a relação só começará a melhorar quando os valores voltarem ao que deveriam ser, mas considera utópico pensar que isso acontecerá em menos de cinco anos. “O embarcador fez com que seus clientes também se adequassem à realidade do momento. Prazos de entrega ficaram em segundo plano. Se você quer receber mais rápido, pague mais caro. Se quer economizar, espere mais um ou dois dias para receber.”

Top do Transporte
Todas as transportadoras que participam dessa matéria foram finalistas do prêmio Top do Transporte 2017, ou seja, alcançaram pontuação suficiente, de acordo com os próprios embarcadores, para figurar no Ranking Top do Transporte 2017. Confira nesta edição as vencedoras em cada uma das categorias! A cobertura da cerimônia de entrega da premiação será publicada na próxima edição da LOGWEB, enquanto isso, veja a seguir como as finalistas avaliam o prêmio, que está em sua 11ª edição.
“É uma importante forma de reconhecimento e seleção de prestadores de serviços em transporte, uma vez que os embarcadores já validaram a qualidade das empresas presentes no prêmio. O uso desta importante fonte de informação encurta caminhos e potencializa a geração de negócios” – Bona, da Expresso São Miguel.
“A Transal participa do prêmio desde a primeira edição, em 2007. Em 2011, figuramos em segundo lugar no segmento químico e petroquímico. Vemos nessa premiação o reconhecimento dos nossos clientes, pois estamos sempre em busca de soluções para atendê-los de maneira responsável, com qualidade e segurança. Só a menção do nome da empresa na pesquisa nacional nos deixa muito orgulhosos, pois temos certeza de que nossos esforços estão sendo reconhecidos, o que nos motiva a continuar com o trabalho, sempre respeitando clientes, colaboradores, meio ambiente e comunidade” – Sartori, da Transal.
“O prêmio Top tem se destacado em cada versão realizada, pois diante da mudança de comportamento e transformação de mercado, características adversas dos embarcadores fazem com que os resultados a cada ano tenham impactos positivos no setor para os transportadores eleitos os melhores em cada categoria. E vocês, idealizadores do projeto, estão agregando valor nas nossas ações junto aos nossos embarcadores. Parabéns às revistas LOGWEB e FROTA&CIA.” – Quintal, da Patrus.
“O trabalho do dia a dia precisa ser reconhecido por um prêmio tão significativo como este e que tem participação ativa no mercado. É importante destacar as inovações e as grandes ideias do setor” – Vilela, da RV Ímola.
“O prêmio é muito importante, pois apresenta ao mercado as melhores empresas de transporte para cada um dos segmentos avaliados. Ser indicada novamente é uma grande conquista para a TA, visto a competitividade do mercado atual. É o reconhecimento do trabalho de todos na empresa” – Luchiari, da TA.
“A premiação é uma iniciativa importantíssima para o nosso setor, pois envolve vários embarcadores que expressam a sua opinião sincera e de forma democrática. Fortalece a nossa credibilidade, nos mantendo fiéis aos nossos compromissos de melhoria contínua. Trata-se de um significativo incentivo para nós, haja vista que manter um serviço de qualidade, seguro e ágil já reconhecido por nossos clientes há mais de cinco décadas é um desafio, pois com as diversas peculiaridades que enfrentamos, como alto fluxo de carros nas ruas, condições de estradas, restrições de tráfego, legislação, entre outros, sermos reconhecidos nos dá a certeza de que estamos no caminho certo” – Nogueirão, da Jamef.
“O prêmio Top do Transporte tornou-se, devido à sua comprovada seriedade e isenção, referencial e de grande credibilidade para os transportadores e embarcadores. É o reconhecimento das transportadoras que têm melhor custo-benefício e nível de serviços” – Borges, da Expresso Minuano.
“Ter sido honrado com o prêmio Top do Transporte por veículos tão importantes como as revistas LOGWEB e FROTA&CIA. tem grande significado, pois os critérios que levaram à conquista foram avaliados pelo próprio mercado, mostrando, de forma inequívoca, que estamos no caminho certo, apesar de aumentar a nossa responsabilidade” – Helou, da Braspress.
“O Top do Transporte é extremamente importante para nós, pois demonstra o reconhecimento dos clientes quanto aos serviços prestados e incentiva a empresa a continuar investindo e melhorando a cada dia. Desde a primeira edição, em 2007, a Translovato trilha um caminho de vitórias. A cada ano ficamos entre as mais lembradas em diversos segmentos” – Groff, da Translovato.
“É importante podermos ser avaliados pelos clientes e termos a percepção do mercado quanto à qualidade das transportadoras” – Paiva, da Meridional Cargas.
“O prêmio é sinônimo das empresas que realmente fazem o dever de casa, criando diferenciais e referenciais no mercado em que atuam. Isso nos faz ter a certeza que estamos no caminho correto e sustentável do negócio. É de suma importância a indicação a essa premiação, pois ela mostra a lisura e a transparência com a qual atuamos e desenvolvemos o nosso negócio” – Zorzi, do Grupo Farrapos.
“O Top do Transporte se perpetua há mais de uma década pela credibilidade e reconhecimento, tanto em relação à organização, quanto às métricas, transparência e isenção, sendo o motor propulsor de negócios no segmento. O prêmio é um verdadeiro impulsionador das empresas reconhecidas, uma injeção de ânimo em toda a equipe, como um verdadeiro ‘Oscar’. Ser indicado já é motivo de comemoração” – Melo, da TGM.
“Para a LOGDI foi uma grata surpresa, entendemos como uma grande oportunidade de divulgação para as empresas do setor” – Santos, da Logística Dois Irmãos.
“Ficamos felizes com a indicação ao prêmio Top, pois demonstra que somos referência no setor de transporte no Brasil, sendo um reconhecimento do trabalho que temos feito. Além disso, o selo tem uma credibilidade muito grande pela forma e reputação dos pesquisadores. Para a RTE Rodonaves é um alavancador de oportunidades em diversos segmentos e é uma honra estar entre os melhores, ainda mais porque essa conquista vem por meio do reconhecimento dos embarcadores” – Alves, da RTE Rodonaves.

Em momento de crise, custo vem em primeiro lugar
Em razão da crise, o Grupo FQM – Farmoquímica (Fone: 21 2122.6000), que atua na área farmacêutica, fez algumas adequações logísticas, como explica Márcio Batista, coordenador do setor. “Foi um momento de conter e equilibrar as despesas. Redirecionamos nossa operação logística para um novo Centro de Distribuição, com maior capacidade para armazenagem e expedição de mercadorias, gerando uma operação mais inteligente”, conta.
Batista observa que, em momentos como este, custo vem em primeiro lugar. Sendo assim, esse período contribuiu positivamente para uma melhor relação transportador x embarcador, pois com a pressão dos embarcadores para uma menor margem de frete, as transportadoras precisaram revisar sua malha de operações logísticas, consequentemente, agradando aos embarcadores. “Quer dizer, em época de recessão, também tem céu azul”, ressalta.
Segundo Batista, o transportador tem papel muito importante na cadeia logística, pois ele agrega soluções que oferecem flexibilidade e velocidade no atendimento aos clientes, gerando maior competitividade para o embarcador. Para o profissional, alguns itens primordiais na escolha de um parceiro logístico são: tempo de atuação e credibilidade no mercado, boa distribuição geográfica, capacidade de transmitir informações on time e custo (frete) x benefício (prazo e qualidade na entrega).
O coordenador de logística revela que o Grupo FQM tem um bom relacionamento com as transportadoras parceiras, mas o cumprimento dos horários de agendamentos de coletas para a expedição de mercadorias é um fator a melhorar. “A transportadora poderia oferecer treinamento regular para os colaboradores do setor de coletas, mostrando os impactos que são gerados, tanto para o embarcador quanto para o transportador, quando não há o cumprimento dos horários”, declara.

A integração dos sistemas é imprescindível na parceria logística
Em se tratando do segmento de plásticos, a mudança ocorrida na Indústria de Plásticos HERC (Fone: 51 3021.4900) em razão da crise foi a abertura de novos caminhos para conquistar o mercado de varejo na distribuição.
Devido ao momento econômico delicado, André Luis Pereira, supervisor de logística, observa que as demandas de transportes ficaram menores, aumentando a oferta, o que remete a uma grande competitividade por preço e qualidade. Na escolha do parceiro, a empresa sempre opta por uma combinação de preço e qualidade, de modo que não impacte nas performances de entrega, para garantir o atendimento ao cliente no prazo.
“Sobre a relação transportador x embarcador, acredito que no mundo em que vivemos, a integração dos sistemas seja fundamental, pois as informações são cruciais para o bom atendimento entre ambos”, ressalta.

É fundamental contar com parceiros que tenham resposta rápida
Atuante no segmento metalúrgico, a Coppersteel Bimetálicos (Fone: 19 3765. 9800) precisou adaptar seus processos logísticos para enfrentar o período econômico turbulento do país. Odair Benedette, supervisor da área, conta que a crise obriga as empresas a tomarem decisões imediatas, inclusive de redução de custos, mas que, por vezes, pode até ensinar a buscar soluções antes inimagináveis. “Ao longo dos anos acredito que a logística não passou por uma mudança tão significativa como a que estamos vivenciando. Para diminuir nossas despesas, recalculamos os custos do transporte de nossa matéria prima, que vinha de Belo Horizonte, MG, e passava em Orlândia, SP, para tratamento antes de ser despachada para a filial, em Campinas, SP. Após estudos/reuniões, resolvemos instalar máquinas para o tratamento da matéria prima em Campinas e redirecionamos a rota, recebendo a carga diretamente de Belo Horizonte, evitando o trâmite anterior. A partir daí, conseguimos uma redução no transporte em média de cinco caminhões por dia”, revela.
Sobre a relação transportador x embarcador, Benedette diz que quando se fala em carga fechada, esse relacionamento é sempre mais flexível e geralmente há êxito nas negociações. Para ele, os transportes fracionados são sem dúvida uma questão a parte para se conseguir resultados de melhorias em relação a custo-benefício. “Algumas transportadoras de cargas fracionadas preferem não transportar a negociar. E com isso perdemos algumas parceiras, porque a crise nos empurrava a buscar soluções para evitar repasses aos nossos clientes”, conta.
Uma das soluções encontradas pela empresa foi otimizar os embarques fracionados e alguns dedicados. “Como tínhamos clientes onde entregávamos todos os dias, o departamento de vendas passou a negociar os prazos de entrega, reduzindo dias e aumentando o peso/volume, no que foi possível. Assim, abriu-se uma nova porta de negociação com as transportadoras”, descreve.
Além da crise, Benedette cita o aumento dos roubos de cargas e das taxas (Gris, EMEX), bem como as dificuldades de acesso como fatores que contribuíram para dificultar as questões logísticas.
Para escolher um parceiro logístico, um item primordial, de acordo com o supervisor de logística da Coppersteel, é a qualidade. “Tudo diz respeito a isso. A qualidade do serviço garante a fidelidade dos clientes e nos coloca em uma posição favorável à competitividade. Se falharmos neste quesito, estamos literalmente sujeitos a perdas de clientes. Certamente que outros pontos são de suma importância na escolha. Em meio à crise, por exemplo, mas não só por conta disso, preço faz parte desses itens. Eu também não poderia deixar de citar ‘um bom gestor’, que faz a diferença nas empresas.”
Benedette diz que com a rotina corrida, é fundamental contar com parceiros que tenham resposta rápida, que ofereçam relatórios no momento da solicitação e que acompanhem a carga em tempo real. Segundo ele, nem todos possuem sites disponíveis para consultas e outras possíveis necessidades. E isso é fundamental, pois clientes e diretores estão cada dia mais exigentes quanto à qualidade nas respostas. “Cotamos no mercado melhores preços, mas, em algumas situações, pagamos o preço para garantir a qualidade. Buscar melhorias contínuas e desenvolver a cada dia uma parceria com fornecedores nos garantirá a permanência no mercado. É importante que o fornecedor tenha interesse em conhecer nossos produtos e desenvolver técnicas para se adaptar às novas tendências e exigências do mercado”, finaliza.

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