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Capa 21 de novembro de 2017

Gerenciamento de Risco: Mensurar ameaças é fundamental para melhorar as operações e reduzir custos

Quanto mais se avançar no conceito e na aplicação de ferramentas de Gerenciamento de Risco, maiores são as chances de as empresas conquistarem ganhos logísticos, financeiros, corporativos e de imagem.

São inquestionáveis os benefícios do GR – Gerenciamento de Risco para as organizações. “Eles envolvem desde uma infraestrutura de trabalho mais segura até a antecipação de ameaças e vulnerabilidades, além de permitir a redução de custos e a melhoria na tomada de decisões”, explica Diogo Rizzato, gerente de Relacionamento com Mercado Segurador da Brasil Risk Gerenciamento de Riscos (Fone: 11 3028.1667). Ele ressalta que identificar os fatores de risco permite que a empresa mensure a probabilidade de perdas e seus eventuais impactos econômicos e na cadeia produtiva.
Por sua vez, Cyro Buonavoglia, presidente da Buonny Projetos e Serviços de Riscos Securitários (Fone: 11 5079.2330), conta que com o GR, a empresa tem sua operação mapeada e seus riscos, mensurados. A aplicação de ferramentas de GR irá contribuir no dia a dia para a minimização da possibilidade de sinistros. “Só podemos ter sucesso se conseguirmos medir os riscos, e isso é fundamental para qualquer operação, seja do transportador, seja do embarcador”. Para o entrevistado, quanto mais se avançar no conceito e na aplicação do GR, maior a chance de se obter ganhos, que podem ser logísticos, financeiros, corporativos e de imagem.
Sérgio Caron, superintendente e líder de Prática de Seguros de Transportes da Marsh Brasil, ressalta que gerenciar o risco significa gerenciar a propriedade do cliente, assegurando suas chances de cumprimento contratual com a outra parte, por exemplo, cliente comprador. “Como consequência desta filosofia, o risco transportado tende a sofrer menos prejuízos e, assim sendo, é possível se obter condições de seguro mais competitivas.”
Para a empresa transportadora de carga, devido às suas responsabilidades, os mecanismos de GR passam a ter relevância igual ou até mesmo superior à apólice de seguros. “Dessa forma, a gestão de riscos da cadeia logística traz inúmeras vantagens para a empresa tomadora de tais práticas. O desafio, contudo, é estar atento ao dinamismo dos fatores de riscos, que são diversos e sobre os quais a empresa tem maior ou menor grau de conhecimento”, acrescenta.
De acordo com Bruna Medeiros, diretora da Trans Sat (Fone: 17 3214.9333), a principal vantagem do GR é, sem dúvida, a minimização de perdas decorrentes da atividade e situações externas. “Com o mapeamento dos processos, definição das regras e efetivo treinamento, é possível prevenir ocorrências adversas, bem como ter o plano de ação em situações de emergência, agilizando as tratativas.”
Além da segurança, o GR também proporciona uma visão sistêmica que pode ser refletida nos outros setores, afinal, os processos são documentados, revisados periodicamente e multiplicados aos interessados. “Se o gerenciamento de risco é bem empregado, o aproveitamento logístico da frota é otimizado também, proporcionando mais lucro”, acrescenta.
A diretora da Trans Sat salienta que identificar os fatores de risco de uma empresa é o primeiro passo para o estabelecimento de regras de segurança compatíveis com a necessidade operacional. “Isso pode parecer óbvio, mas ocorre muitas vezes de o transportador ficar ‘refém’ de regras engessadas e que nada têm a ver com suas necessidades. Muitas empresas trabalham com um modelo padrão de GR, o que não é recomendado, pois cada uma tem suas particularidades”, lembra.

Segurança
Roubos de carga custam mais de R$ 6 bi à economia brasileira, de acordo com levantamento feito pela Firjan – Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro. Diante disso, transportadoras e embarcadoras estão cada vez mais voltadas para investimentos, principalmente em tecnologia, como forma de se protegerem.
O Gerenciamento de Riscos tem a finalidade de: proteger o fluxo de informação na cadeia logística para evitar que dados sobre cargas e embarques cheguem a pessoas mal-intencionadas; criar barreiras operacionais de proteção, desestimulando o crime; e possuir mecanismos de recuperação da carga caso as duas primeiras etapas sejam sobrepostas. É o que detalha Rizzato, da Brasil Risk.
Para limitar o roubo de cargas, o entrevistado também sugere evitar valores muito elevados num mesmo embarque, fazendo mescla entre produtos com valores agregados altos e outros mais baixos.
Na opinião de Buonavoglia, da Buonny, a equação para o sucesso contra roubos e furto de cargas envolve três partes importantes: conhecimento das operações, treinamento das pessoas envolvidas e principalmente acompanhamento em tempo real de todas as operações de transportes, possibilitando a imediata correção ou ação por parte da gerenciadora de riscos de quaisquer não conformidades que ocorram. “Para tanto, os serviços de monitoramento/rastreamento, a utilização de banco de dados dos profissionais e o cuidado com o relacionamento das pessoas é fundamental, bem como a gerenciadora possuir profissionais capacitados e com experiência para executar todas as etapas do processo.”
Além disso, ainda segundo Buonavoglia, é importante que o veículo transportador possua tecnologia instalada que possa ser utilizada na eventual ocorrência e possibilite a ação imediata e o acionamento de equipes de suporte para verificar as situações consideradas de risco.
Caron, da Marsh Brasil, diz que, sob o aspecto de roubo/furto de cargas, normalmente se emprega tecnologia embarcada, capaz de manter ativos sinais de rastreamento, em tempo real, de todo o andamento de um carregamento, assim como estabelecer rotas e “cercas eletrônicas” em cada viagem. “Eventuais desvios são imediatamente notificados para uma central de inteligência, que poderá contar, inclusive, com auxílio de força armada apropriada.”
Ele salienta que, em paralelo, a análise de procedimentos e fluxos internos e externos sobre a informação de cada embarque também é parte integrante da análise. Caron alerta que, muitas vezes, diferentemente do que se pensa, o problema pode ser interno à empresa.
“O tratamento correto sobre as informações de um embarque é parte essencial da inteligência deste processo. Ainda, em situações mais expressivas, conta-se também com reforço armado, ou seja, escoltas legalizadas para tais fins. Em casos extremos, veículos blindados são utilizados, assegurando a chance de entrega da valiosa carga em movimento”, complementa o superintendente e líder de Prática de Seguros de Transportes da Marsh Brasil.
Bruna, da Trans Sat, diz que após a identificação dos fatores de risco, é possível realizar um trabalho direcionado aos pontos de vulnerabilidade, dessa forma, consegue-se resultados em pouco tempo. “Após tratados os problemas que têm impacto direto, o GR evolui para as melhorias contínuas. O setor é muito dinâmico e não é possível manter a mesma regra por muito tempo, é preciso se reinventar e estar sempre à frente da ação dos bandidos.”

Criando um plano de GR
O plano de GR deve contemplar todo o histórico possível de ocorrências, levar em consideração as rotas e áreas de riscos já mapeadas pela gerenciadora de riscos com maior grau de severidade, passar pelo estudo das mercadorias transportadas x ocorrências, o que demonstrará o interesse real das quadrilhas especializadas pelo produto, e a definição operacional de todo o processo logístico, incluindo as regras e as responsabilidades de todos os players envolvidos. É o que expõe Buonavoglia, da Buonny.
Rizzato, da Brasil Risk, lembra que a avaliação e a escolha dos modais de transporte são fundamentais na gestão do risco. “Uma operação de Manaus, AM, a São Paulo, SP, que utiliza cabotagem, por exemplo, é sensivelmente mais segura do que aquelas que trafegam por via rodoviária entre Belém, PA, e São Paulo, SP.”
Refletir sobre tudo o que pode acontecer de errado e analisar o que já ocorre e que prejudica a operação são os pilares iniciais para o trabalho de GR, na opinião de Bruna, da Trans Sat. “No entanto – segundo ela –, essas análises devem ser contínuas, pois tudo impacta o transporte e as mudanças são muito rápidas. Com essas informações atualizadas, é possível agir preventivamente, antecipando os riscos e ganhando tempo para agir em não conformidades.”
Para ela, o trabalho preventivo depende da participação e do envolvimento de todos, pois quanto menos falhas humanas nos processos de GR, mais será possível identificar e agir quando de fato ocorre um sinistro.
“Vale ressaltar que o cliente é uma peça fundamental. O plano só terá o sucesso esperado se todas as partes estiverem comprometidas com as regras de segurança e as seguir da forma correta, com um auditando o outro de forma que ocorra uma melhoria contínua. O trabalho em conjunto é o fator primordial para o sucesso na minimização de perdas”, salienta.

Entraves
Os entraves para a criação de um plano de Gerenciamento de Riscos normalmente estão relacionados a custo, dificuldades operacionais dos transportadores e, especialmente, operações onde há cargas no mesmo caminhão sob múltiplos PGRs. “São fatores contornáveis, mas que podem gerar resistência por parte dos transportadores e motoristas”, conta Rizzato, da Brasil Risk.
Caron, da Marsh Brasil, salienta que o custo é sempre o fator de maior resistência. “É preciso realizar investimentos para se reduzir perdas maiores, futuras, por conta de sinistros/maior exposição, caso o plano não exista.”
Para Bruna, da Trans Sat, e Buonavoglia, da Buonny, um dos grandes desafios é a conscientização dos envolvidos sobre as regras e os conceitos de segurança. “Muitas pessoas são resistentes e não conseguem enxergar os benefícios do Gerenciamento de Risco, pois temem mudanças e não querem sair da zona de conforto. Por isso os treinamentos e reciclagens precisam ser constantes, bem como a proximidade com o cliente para entender cada vez melhor sua operação e conseguir aliar as regras de segurança de acordo com a sua realidade”, explica Bruna.
Outro desafio, segundo ela, são as limitações tecnológicas. “Há no mercado soluções completas, no entanto, a má instalação, a falta de manutenção e as limitações de sinal impossibilitam muitas vezes a transmissão de informações necessárias para o monitoramento e atuação em tempo hábil”, conta.

Fiscalização dos motoristas
A primeira medida para se prevenir perdas é não entregar a carga nas mãos de bandidos, portanto, um serviço de consulta a cadastro de motoristas bem elaborado colabora de forma muito eficaz para esse controle. “Através do histórico do motorista, é possível identificar fatores que podem ser utilizados por embarcadores e transportadores na prevenção de seus riscos”, expõe Rizzato, da Brasil Risk.
Para Caron, da Marsh Brasil, seguindo procedimentos autorizados, o entendimento do histórico positivo de motoristas, dos veículos, das frotas, dos proprietários destas frotas etc. é sempre um dos muitos elos da cadeia logística que precisa ser estudado.
No entanto, segundo Bruna, da Trans Sat, os parâmetros devem ser definidos de forma que não desabone os profissionais que já pagaram por seus erros. “Todos podemos errar, mas é preciso identificar aquele mal-intencionado, que possui histórico negativo dentro do contexto de TRC”, explica.

Consequências do mau Gerenciamento
Os entrevistados fizeram uma lista do que acontece quando não se faz o GR correto de acordo com as operações da empresa:

• Aumento dos custos operacionais;
• Desabastecimento da cadeia logística, seja na produção, transferências ou ponto de venda;
• Aumento da sinistralidade da apólice de seguros e consequente aumento de custos com seguro;
• Queima do produto no mercado, uma vez que o próprio produto roubado pode concorrer nos pontos de venda com preços abaixo do mercado;
• Perdas em roubos e acidentes;
• Falta de controle dos processos de segurança;
• Falta de controle da equipe;
• Insatisfação do cliente;
• Maior ocorrência de atrasos;
• Vulnerabilidade dos processos gerais da empresa;
• Dificuldade em expandir os negócios;
• Utilização de forma parcial ou não utilização dos equipamentos de segurança;
• Lentidão para identificar os “gap´s” e ralos operacionais.

Gerenciamento de risco para cargas refrigeradas
A Transfrios (Fone: 11 4147.1987) é uma transportadora de cargas refrigeradas com sede em São José dos Pinhais, PR, e filiais em Tijucas, SC, e Itapecerica da Serra, SP, que tem clientes na região Sul e Sudeste e chega a transportar mais de 350 cargas ao mês. Para a empresa, a segurança das cargas e a garantia da temperatura ideal para as mercadorias dos clientes são fundamentais. Por isso, em 2015, contrataram a solução de gestão de risco Omniturbo, da Omnilink (Fone: 0800 604.4014).
Rudson Siqueira, analista de tráfego na Transfrios, acompanha de perto o Gerenciamento de Risco das cargas transportadas. “Agora contamos com uma tecnologia híbrida, com dual chip e conectividade por satélite, que não deixa a comunicação cair. Além disso, o software é mais fácil de trabalhar, mais aberto para fazer customizações de acordo com nossas necessidades, e o equipamento rastreador é oferecido em modo de comodato, o que é mais vantajoso para a empresa.”
Por meio dos relatórios gerenciais da ferramenta, que indicam a temperatura no baú do caminhão a cada dois minutos, se a porta está aberta ou fechada, entre outros dados, a companhia conseguiu evitar três sinistros por perda de temperatura. “O cliente havia alegado que a temperatura da carga não estava de acordo, mas conseguimos comprovar por meio de dados confiáveis que a refrigeração durante o transporte estava correta a todo instante. Anteriormente, só tínhamos a posição de temperatura a cada 15 minutos, hoje, a confiabilidade das informações é maior, o que nos dá mais subsídios nos diálogos com nossos clientes”, afirma Rudson.
Ele conta, ainda, que a trava de baú já ajudou a evitar furto de carga durante pernoite. Outra situação envolveu assalto a um caminhão: a tecnologia detectou a ocorrência e enviou um sinal de alerta para a gerenciadora de risco, que, por sua vez, contatou o seu time de apoio que, em 15 minutos, conseguiu agir e evitar o prejuízo.

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