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Logística Setorial 10 de outubro de 2017

Operações logísticas no agronegócio são complexas e exigem cuidados criteriosos, para evitar desperdícios

Este é um mercado que lida com grandes volumes, picos de demanda com o escoamento das safras e demandas diversas, dependendo do produto transportado. Movimentar grãos e frutas, por exemplo, tem demandas bastante diferentes.

As operações logísticas no segmento de agronegócio são vitais para garantir que os produtos cheguem com eficácia à mesa dos consumidores. A logística se destaca neste segmento, principalmente, no transporte de soluções para o campo, passando pela colheita até a chegada ao consumidor final.
“São operações complexas, que exigem cuidados criteriosos, principalmente para evitar desperdícios e custos desnecessários, que possam impactar no preço final do produto. Nos amplos aspectos que envolvem o agronegócio, atuamos fortemente no transporte de insumos químicos para atender o setor de agronegócio e ter uma logística com eficácia é fundamental para assegurar a competitividade das empresas.”
Rolando Perri Neto, diretor da Javatrans Logística (Fone: 11 4396.0727) – empresa que atua no transporte rodoviário de cargas – é quem faz esta análise da logística no segmento de agronegócio.
Segundo Ricardo Caruí, diretor do Produto Marítimo da DHL Global Forwarding (Fone: 11 5042.5500), que atua com todos os modais, mas com destaque para o rodoviário e marítimo, incluindo a cabotagem – o Brasil é uma potência agrícola, sendo o setor um dos principais impulsionadores da economia nacional. “Logo, é um mercado que lida com grandes volumes, picos de demanda com o escoamento das safras e demandas diversas, dependendo do produto transportado. Movimentar grãos e frutas, por exemplo, tem demandas bastante diferentes. Além disso, trata-se de um mercado bastante internacionalizado, no qual consumidores e produtores estão separados por grandes distâncias”, afirma Caruí.
Já na visão de Fernando dos Santos, gerente de logística da Chrobinson World Wide Logistica do Brasil (Fone: 11 2397.0710), que atua com transporte rodoviário, aéreo e marítimo, o agronegócio é um segmento único devido às particularidades de tipo de veículos, carroceria, locais de coletas (safra), necessidade de higienização das carretas devido a contaminantes, agrotóxicos, etc.
“A logística de suprimentos deste segmento é bastante exigente quando falamos em prazos e qualidade na informação, pois os problemas de quebra de equipamentos são constantes e podem causar perdas grandes para a cadeia, caso não sejam resolvidos no menor tempo possível”, complementa Thais Bandeira Cardoso, sócia administradora da Kodex Express (Fone: 51.3022.2941), que oferece transporte aéreo.
Diferenciais da logística
Se o segmento em si já apresenta características bastante peculiares, como será a logística?
“Devido ao nosso país ter boas condições climáticas, temos safras de diferentes grãos durante o ano inteiro e em regiões diversificadas. A migração das frotas para as regiões produtoras devido aos términos de safras em uma região e inicio em outra é um grande diferencial dessa categoria para as demais”, anota Santos, da Chrobinson World Wide.
Na visão de Caruí, da DHL Global Forwarding, equacionar, de forma eficiente, os grandes volumes transportados, as longas distâncias percorridas e o baixo valor unitário dos produtos é o grande diferencial da logística neste mercado. “A logística da cadeia de suprimento do agronegócio demanda informação constante do status da carga para que o comprador possa controlar a eficiência da entrega”, completa Thais, da Kodex Express, enquanto Luiz Gustavo Martins Tassi, diretor administrativo daTransbe Transportes (Fone: 35 2101.1638), que oferece transporte rodoviário, acredita que os diferenciais da logística neste segmento são a praticidade e a pouca burocracia que outros tipos de produtos exigem.
A análise da logística neste segmento feita por Perri Neto, da Javatrans, é um tanto diferente da feita pelos demais participantes desta matéria especial.
“Como o nosso forte atualmente é o transporte de produtos químicos, carregando desde fertilizantes até a matéria prima para o beneficiamento e produção de alimentos, alguns documentos passam a ser obrigatórios durante todo o percurso da carga. As FISPQs (fichas de emergências) devem acompanhar a carga desde a origem até o destino final, assim como cópias de todas as licenças ambientais requeridas para uma possível fiscalização. Complementa-se a isso o treinamento especial certificado através do curso MOPP – Movimentação Operacional de Produtos Perigosos ao motorista”, explica o diretor da Javatrans.

Mudanças na logística
Também é interessante notar as mudanças ocorridas no segmento nos últimos anos, em termos de logística.
Enquanto Santos, da Chrobinson World Wide, fala que o aumento da quantidade de autônomos e a redução das empresas de transportes foram os fatores mais preponderantes de mudança nos últimos anos, Thais, da Kodex Express, ressalta que o segmento está crescendo velozmente e com isso a logística deve acompanhar – investimentos em equipamentos, pessoas qualificadas e tecnologias de pontas são necessários para acompanhar e suprir as necessidades do setor.
“Melhorias contínuas fizeram parte das mudanças dos últimos anos. A qualificação de profissionais para atender o segmento, investimentos em estrutura de distribuição mais eficiente, investimentos em tecnologias de gerenciamento de risco e armazenagem são alguns dos fatores que impactaram nas mudanças da nossa gestão de logística para atendimento a diversos ramos, incluindo o agronegócio”, exemplifica Perri Neto, da Javatrans .
Por este caminho segue a avaliação de Caruí, da DHL Global Forwarding, para quem o setor vem buscando alternativas para a infraestrutura rodoviária precária e os gargalos nos portos. Por exemplo, o uso da cabotagem vem crescendo, assim como o uso de contêineres para a exportação de commodities agrícolas. “A grande melhora no transporte de grãos nos últimos anos foi a implementação dos agendamentos de descarga nos portos, principalmente de Santos, onde mais atuamos. Evitando, assim, grandes filas e aumentando a segurança dos motoristas e dos ativos”, completa o diretor administrativo da Transbe.

Movimentação e armazenagem
Neste contexto, também é interessante apontar como eram feitas, antes, a movimentação e a armazenagem neste segmento e como está hoje.
O gerente de logística da Chrobinson World Wide Logistica lembra que 90% da safra eram movidos via rodoviário até os principais portos, e agora o rodoferroviário e o rodofluvial já alcançaram uma grande fatia devido aos baixos custos logísticos. “Não vemos grandes alterações, a não ser a questão da maior utilização da cabotagem na movimentação nacional e o uso de contêineres para a exportação de commodities agrícolas”, complementa o diretor do Produto Marítimo da DHL Global Forwarding.
Já Tassi, da Transbe, diz que, antigamente, na região onde atuam, existiam poucos silos de armazenagem, com isso muitas vezes a colheita era direta no caminhão, dificultando e muito a operação. “Atualmente, muitos produtores investiram em silos e, sendo assim, deixou de ser um problema.”

Necessidades
Atuar neste segmento também impõe a necessidade de contar com equipamentos diferenciados.
“Os equipamentos adaptados ao transporte de graneis são os mais requisitados. Mas, é claro, que as cargas acondicionadas em Super Sacs ou Bags também já conquistaram um espaço, devido à forma que ela será acondicionada para viagem e para descarga nos destinos”, explica Santos, da Chrobinson World Wide.
No caso da DHL Global Forwarding, Caruí lembra que não usam equipamentos diferenciais, e, sim, contêineres de 20’ ou 40’, dependendo do peso. “O que é necessário em quase todos os embarques de commodities são contêineres padrão alimento, pois não podemos correr o risco de contaminação da mercadoria devido à qualidade do contêiner.”
Tassi, daTransbe, diz que, atualmente, para conseguir ter preços competitivos, a empresa só adquire equipamentos para nove eixos.
Por outro lado, em razão dos produtos com os quais atua, para o transporte de produtos químicos classificados, os motoristas da Javatrans contam com kits de emergência em cada veículo. O equipamento inclui máscaras com respiro, óculos, capacetes, luvas especiais, entre outros. Desta forma, os pré-requisitos impostos pela lei são cumpridos.
Perri Neto diz que vale lembrar que, além de tudo já mencionado, obriga-se a transportadora a ter como parceiro uma empresa de limpeza ambiental homologada junto ao governo nacional. “Hoje em dia podemos contar com apenas duas empresas no mercado nacional, tendo os custos como principais fatores impactantes para o negócio”, completa o diretor da Javatrans.

Dificuldades
São duas as análises feitas quando se fala em dificuldades de atuar no segmento. A primeira é genérica, enquanto a segunda envolve os maiores problemas enfrentados na entrega das mercadorias nos CDs e armazéns.
Santos, da Chrobinson World Wide, lembra que uma das maiorias dificuldades são os canais de escoamento. Toda a movimentação vai para os portos e a ineficiência logística no recebimento dessas grandes quantidades gera morosidades e filas nas descargas, problemas de tráficos nas estradas e custos logísticos altos em virtude disso tudo. “Não somos tão competitivos mundialmente em virtude disso.”
Por outro lado, quanto à entrega das mercadorias nos CDs e armazéns, o diretor de logística da Chrobinson World Wide diz que por não haver um padrão na frota brasileira, os diferentes tipos de equipamentos causam grandes entraves nos processos de descarga.
Caruí, da DHL Global Forwarding, também coloca o difícil acesso a algumas áreas produtoras e a grande movimentação nos portos no período de safra como dificuldades importantes. “A baixa infraestrutura ferroviária também impacta bastante, pois seria uma opção mais eficiente. Para lidar com estas e outras situações, a DHL Global Forwarding dispõe de um Centro de Competências especializado em Commodities Agrícolas.”
No caso das entregas nos CDs e armazéns, o diretor do Produto Marítimo da empresa diz que o ambiente regulatório e fiscal complexo certamente é algo que demanda energia e atenção.
“O Brasil é um país com dimensões continentais e temos ainda muitas estradas sem asfaltos, com enormes problemas, buracos e vários obstáculos. Este é um dos grandes desafios que enfrentamos para o transporte rodoviário de cargas.” Esta é a dificuldade apontada por Perri Neto, da Javatrans.
Por outro lado, ele diz que muitos locais não possuem equipamentos adequados para a descarga e, por isso, na sua grande maioria, a descarga das mercadorias deve ser feita de forma manual e humana. A falta de mão de obra qualificada surge neste momento como o maior complicador na entrega de produtos neste segmento, diz o diretor da Javatrans. “Muitos dos produtos não devem ou não podem ser manuseados sem o uso de equipamentos adequados e EPIs, além de um treinamento especifico, o que a empresa e seu cliente devem fornecer.”
A sócia administradora da Kodex Express coloca como dificuldade o investimento em equipamentos e tecnologia adequada para atender a cadeia. “Gerir a coleta e a entrega, identificando as pessoas corretas que detenham a informação e entendam da necessidade de não haver demoras na carga e descarga, pois trabalhamos com equipamentos de urgência, no entanto nem todos os setores da empresa estão informados de tal necessidade”, completa Thais, agora se referindo aos problemas de entrega nos CDs e armazéns.
Finalizando, o diretor administrativo da Transbe coloca como maior dificuldade de atuar no setor o frete. “No caso de entrega das mercadorias nos CDs e armazéns, nossos maiores problemas são as filas e quase não existe cobranças de estadias.”

Agronegócio adere ao e-commerce de suprimentos agrícolas
Frente às especificidades de abastecimento, muitas vezes em regiões longínquas do país, o agronegócio brasileiro abraçou o e-commerce B2B na compra de insumos para a operação no campo. Um exemplo é a Lubmix (www.lubmix.com.br), loja especializada em suprimentos e equipamentos de lubrificação que passou a vender pela internet no começo de 2017. Em poucos meses, a operação é um sucesso: mais de 10 mil itens entregues, ticket médio de R$ 650 e demanda crescente de regiões agrícolas isoladas. “Há uma demanda por equipamentos especializados que o comércio local não supre”, explica Rodrigo Sallum, diretor da Lubmix. Além disso, segundo ele, o e-commerce também traz preços entre 8% e 30% menores do que a média do mercado e facilidades no pagamento para um setor onde o fluxo de caixa é muito sazonal. Como prova do argumento, o especialista cita a distribuição das compras na internet: 98% dos consumidores on-line são pequenos produtores.
Hoje, grande parte dos clientes da Lubmix são usinas de cana – se somados o e-commerce e a loja física no interior de São Paulo, a empresa fornece equipamentos a 85% desse setor no Brasil. No entanto, o diretor acredita que há potencial para ampliação da demanda a outras culturas. “A mecanização e automação são tendências no agronegócio. Por consequência, a busca por equipamentos de abastecimento só tende a aumentar”, afirma Sallum.

GAtec lança plataforma completa de gerenciamento agrícola
A GAtec (Fone: 19 2106.0888), empresa especializada em desenvolvimento e implantação de soluções em gestão agroindustrial, lança o SimpleFarm, um software multiplataforma que atenderá, em uma base única, produtores de culturas anuais, semiperenes, perenes e pecuária. É o primeiro sistema no agronegócio totalmente utilizado via navegador (browser), que pode ser acessado de qualquer computador conectado a internet, na forma de um website.
Os principais diferenciais do SimpleFarm são a integração de todas as áreas dentro da empresa e a simplicidade de uso, bem intuitivo, com pouca necessidade de treinamento dos clientes. Também há a possibilidade de hospedagem na nuvem, diminuindo os investimentos em hardware.
Para começar a usar o SimpleFarm, o usuário cadastra todas as informações básicas pertinentes ao controle agrícola no sistema. A partir dessas informações, planeja o que fazer em suas áreas, para aproveitar da melhor maneira possível os recursos disponíveis, como máquinas agrícolas, mão de obra e insumos – fertilizantes, corretivos de solo, defensivos, combustíveis, entre outros.
A próxima etapa é o início da operação, em que os recursos são empregados e monitorados por ferramentas fáceis de usar, na forma de boletins, gráficos e mapas temáticos de suas áreas. Os dados gerados na lavoura são digitados em coletores de dados e tablets, sendo transmitidos para o SimpleFarm pela internet, via satélite, rede WI-FI ou descarregados diretamente no sistema, dependendo da infraestrutura da região.
Ao final, o usuário tem os resultados planejados e os realizados de todas as operações e quanto eles custaram, possibilitando o melhor aproveitamento dos recursos com foco em minimizar gastos e maximizar o lucro da operação.

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