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Logística 11 de dezembro de 2020

Amazon disputa o mercado de logística

A Amazon, segunda maior empresa de comércio eletrônico do mundo, atrás do Alibaba, dá um passo fundamental para ter mais peso no varejo brasileiro. Vai vender serviços logísticos a quem usa sua plataforma. E para ganhar fatias nesse mercado, onde já operam Mercado Livre, B2W e Magazine Luiza, não vai cobrar do cliente, por um ano, parte das taxas.

O pacote de serviços inclui gestão de estoques, armazenagem, entrega e auxílio na estratégia comercial do lojista, com ferramentas para ajudar a definir preços. Também irá estocar mercadorias desses vendedores em seus oito centros de distribuição. Por um ano, isentará parte dos custos de envio e armazenagem, como forma de atrair e reter varejistas. O anúncio oficial ocorre hoje.

De janeiro a setembro, as comissões e taxas pagas por lojistas e consumidores à Amazon no mundo renderam US$ 53 bilhões, alta de 55% em relação a igual período de 2019. É o segundo negócio que mais dá receita à empresa – o primeiro é a venda direta de produtos.

Concorrentes como Mercado Livre, Magazine Luiza e B2W (Americanas e Submarino) já vendem parte desses serviços há anos, estocando itens de vendedores em seus centros e até em lojas (caso de Magazine e B2W). Mas a Amazon entende que tem vantagens a explorar. Para analistas, é um movimento determinante para o grupo tentar ser mais competitivo por aqui.

“O que nós queremos é mostrar [ao lojista] que podemos colocar tudo o que temos, a nossa ‘expertise’ em logística e liderança em experiência ao cliente, à disposição dele”, diz Rafael Ferreira, principal executivo da área de serviços da Amazon.

Testes iniciais com varejistas que já têm centros de distribuição foram feitos nos últimos meses. A Amazon mais que dobrou o número de categorias de produtos em atuação no país desde janeiro de 2019, passando de 15 para 35. O portfólio à venda avançou de 20 milhões de produtos para cerca de 30 milhões.

As empresas que vendem esse tipo de pacote de serviços cobram, em geral, entre 10% e 20% do valor da venda feita pelo lojista.

Mas a Amazon está disposta a abrir mão de parte dessa receita, para ganhar e reter clientes. Vai oferecer isenção por um ano na cobrança do custo de armazenagem em seus oito centros de distribuição. Também irá isentar o custo de envio do pedido do lojista até as centrais da Amazon pelo mesmo período. Ela cobrará o custo de envio de suas centrais até o endereço de entrega – esse custo o lojista pode cobrar do consumidor ou não.

O lojista que usa a plataforma da Amazon para vender, por exemplo, um celular paga atualmente uma comissão de 11% do valor da venda. Outros produtos eletrônicos pagam 15%. Na média, a Amazon cobra uma comissão de 12%. Com os serviços de logística, esses percentuais vão subir.

A venda do pacote de serviços começa a funcionar apenas no Estado de São Paulo e para lojistas que operam no regime tributário Simples Nacional. Para outros Estados do Sudeste e Sul do país, além de Bahia, Pernambuco e Distrito Federal, a Amazon passa a operar um modelo em que o produto fica nas centrais do próprio lojista, e a Amazon faz a gestão do estoque e a entrega.

Ferreira disse que o governo paulista mudou a legislação relativa a operadores logísticos, possibilitando que sejam despachados na mesma caixa diferentes produtos para o mesmo cliente. Isso permitiu que a operação começasse por São Paulo.

A Amazon ainda informou que os produtos vendidos por terceiros em sua plataforma receberão o selo Amazon Prime, e seguem a política de entrega de até 48 horas para 500 cidades. Com isso, passam a fazer parte da cesta de mercadorias com frete grátis para o cliente Prime, ao custo de R$ 9,90 por mês, o que a Amazon vê como vantagem frente aos rivais.

A Lojas Americanas desde setembro usa a marca “Americanas Mais” (até então, era “Americanas Prime”) e faz entrega gratuita ao consumidor que assinar o serviço, por R$ 9,90, para itens com esse selo. Mas esse preço só vale para envio ao Sul e Sudeste – para as demais regiões o preço é maior. O Mercado Livre, líder na venda on-line, oferece frete grátis em compras acima de R$ 99.

Com uma rede de distribuição física menor, a Amazon tem oito centros de distribuição – menos da metade de B2W e Magazine Luiza – e não opera lojas físicas para usar como área de estocagem, como fazem Americanas e Magazine. Mas mantém a política do frete zero condicionado à assinatura do Amazon Prime, o que leva analistas a concluir que ela subsidia esse preço para se manter na disputa. A empresa não comenta.

Outra frente de atuação da Amazon junto aos vendedores no país será o atendimento ao cliente e à logística reversa, áreas cuja gestão da Amazon é reconhecida no mundo.

No Brasil, é comum o consumidor reclamar de problemas quando faz uma compra on-line. Normalmente, a dona da plataforma repassa a reclamação ao lojista, e este faz o primeiro contato. É justamente nesse atendimento ao consumidor que a Amazon alega conseguir atuar melhor. No site Reclame Aqui, a nota da Amazon é 8,5, e no Magazine e Americanas, 8,3. No Mercado Livre é 6,9.

Para consultores, a Amazon já vem ganhando mercado no país, mesmo em categorias com alta competição, como a de produtos eletrônicos. Mas ainda não está operando “a plena capacidade”, diz Alberto Serrentino, sócio e fundador da Varese Retail. “O procedimento é o mesmo em vários países. Eles vão montando suas estruturas enquanto vão tomando ‘pé’ do mercado, para então se tornarem muito relevantes”, disse. A venda de serviços de logística é um dos alicerces que a Amazon está construindo no país “para entrar mesmo no jogo”.

De quase dois anos para cá, a companhia abriu três novos centros de distribuição no país, subindo de cinco para oito o número total, entrou em novas categorias e lançou o Amazon Prime, o que coloca uma pressão maior no ambiente de competição entre as grandes plataformas de comércio eletrônico.

Fonte: Valor Econômico

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