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Conteúdo 8 de fevereiro de 2008

Carrinho de mão com rodas quadradas

Ao passo que na tecnologia se evoluiu para viagens interplanetárias e para a criação de vida, mediante a manipulação do genoma, no centro cardial do humanismo – a política, a maior força que atua sobre os destinos humanos – se continua empregando carrinhos de mão com rodas quadradas, na melhor das hipóteses carros de boi ou carroças de burros.

Não comentaremos o apagão infraéreo que sofremos por não ser novidade para ninguém. Nem as reportagens publicadas que são um strip-tease das manobras políticas pornográficas do governo e do Congresso, que se procura por todos os meios ocultar. Esse descalabro é apenas detalhe setorial do descalabro mais geral desse desgoverno, que por incompetência administrativa e ideologismo político arcaico atingiu o clímax em matéria de subdesenvolvimento e corrupção, enquanto seus socialistas se transformaram em capitalistas. Mas a diligência feita pelos meios de comunicação e pela Polícia Federal, por um mínimo de pessoas num mínimo de tempo, com um mínimo de conflitos, um mínimo de concessões e um mínimo de gastos, comparativamente ao que ocorreria com uma CPI, é uma demonstração factual paradigmática de algo mais geral e importante.

De um lado, de como em matéria política continuamos na era das cavernas; de outro lado, de como a sociedade civil, privada, é capaz de desempenhar melhor funções que os políticos auto-encampam e encerram em caixas-pretas. Isso nos reconduz ao problema colocado no primeiro parágrafo deste artigo, que é o de analisar a que ponto se acha atrasado o sistema político e a que ponto uma redefinição de suas funções poderia resultar em maior produtividade e progresso sociocultural. Numa palavra, em maior adeqüação e eficiência.

À revolução democrática rousseauniana de 1789 – cuja anarquia foi debelada pela sucessão de duas ditaduras, a tirania de Robespierre e o imperialismo napoleônico – deu lugar nos Cem Dias da volta de Napoleão à encomenda de uma nova Constituição a Benjamim Constant, um de seus maiores opositores e o maior expoente das idéias liberais de seu tempo. O corso genial percebera os novos rumos soprados pelos novos tempos. A Benjamina , considerada pelos especialistas em matéria constitucional como a melhor texto do gênero, não chegou a ser adotada na França. Mas veio a ser adotada por Pedro I e regeu os 67 anos do Império brasileiro, não só o período mais estável, como talvez o mais progressista de nossa história, em comparação com os padrões de ranking mundial. O século 19 foi mundialmente o período culminante do liberalismo – revertido no século 20, pela gangorra histórica, ao extremismo dos regimes totalitários.

Tudo quanto hoje sabemos sobre a natureza humana, o poder, os idelogismos e os governos nos leva a aceitar o Estado e a política como um mal inevitável e a rejeitar com igual ênfase o estatismo. E não por razões doutrinárias ou ideológicas de qualquer natureza. Mas simplesmente por uma questão de bom senso, economia e eficiência. Ao tempo em que o liberalismo funcionou como ideologia, chegou-se a falar em Estado minimaliário . Foi uma designação incorreta. Não se tratava de minimizar o papel do Estado. Mas, simplesmente, de o colocar na função que lhe é própria, específica e privativa entre as demais instituições sociais – a de exercer o poder político, normatizando a vida política, fiscalizando sua observação e punindo adeqüadamente os transgressores. Isso, entre nós ele não faz. Mas se mete em tudo o que as demais instituições fazem melhor do que ele. Esse totalismo é precisamente o pendor para o totalitarismo . Exatamente o contrário da opção liberal.

Arazão básica pela qual a atividade privada é superior à atividade pública exercida pelos políticos reside no fato de que, no caso privado, os dirigentes defendem o que é seu e empregam nisso seu maior esforço e o máximo de suas capacidades. No caso da atividade política, os responsáveis gerem o que sendo de todo o mundo não é de ninguém. Enquanto no setor privado a ação do dirigente resulta em prêmio ou castigo diretos e radicais, no caso político as premiações e sanções são indiretas e aleatórias e alcançam ou não os responsáveis. Um aspecto adicional é que, quanto possível, o dirigente privado procura se cercar dos melhores colaboradores, ao passo que na política é generalizado o compadrio, isto é, o critério inverso, de apaniguar justamente os coitadinhos dos incompetentes que compõem sua corriola.

Mas há uma disposição preliminar que piora tudo. É que, embora para o mais simples empregado de uma empresa privada se exige uma montanha de documentação, currículo e concursos seletivos, no caso público não se exige dos chefões, os políticos, nem prova de alfabetização, certidão negativa de ações criminais ou currículo de qualquer natureza. Collor nem partido político tinha e para se candidatar e se eleger presidente da República teve que fundar um, de última hora.

O PT, partido político de Lula, teve votação insignificante, mas bastou-lhe seus dons oratórios e carismáticos para ser eleito. A maioria eleitoral é quem decide, bastando-lhe apertar uma tecla na urna eletrônica. Essa maioria ignora credenciais do candidato, nem as pede, nem tem condições para julgá-la. E quem nunca dirigiu coisa alguma pode se candidatar a ser eleito para dirigir o País como seu supremo mandatário. E esse mandatário pode escolher qualquer um como auxiliar de alto escalão, sem as exigências de um emprego comum.

Estas são as razões fundamentais do porquê a gerência privada é superior à gerência pública, feita por políticos.

Fonte: www.dcomercio.com.br

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