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Conteúdo 24 de novembro de 2020

Desafio, estratégia e oportunidade: o que a “Black Friday da pandemia” reserva para a logística

*Por Ricardo Hoerde

Tradicionalmente um dos eventos mais aguardados por varejistas e consumidores nos últimos anos, a Black Friday acontecerá no próximo dia 27 de novembro, mesmo diante da pandemia de covid-19. Respeitadas as regras sanitárias, a data é imprescindível para movimentar a economia – somente o e-commerce projeta gerar R$ 6,9 bilhões no período. Na “Black Friday da quarentena”, o fator novidade está na experiência de compra e de entrega dos produtos. Enquanto parte das lojas físicas pulverizou a época das promoções para ter alta nas vendas em contraponto a redução do número de clientes no comércio, as lojas virtuais estão dobrando a aposta em diferentes opções de logística para garantir entregas no mesmo dia da compra com segurança.

A exemplo do que vem acontecendo em vários setores econômicos, a Black Friday se consolida como um evento mais digital. Assim, ganham espaço as diferentes opções de compra, coleta e entrega das mercadorias. Um dos pontos de maior atenção é a logística last mile, que vai de encontro a capacidade que a transportadora parceira de determinado e-commerce tem de chegar até o cliente final aonde quer que ele esteja, respeitando os prazos acordados entre vendedor e comprador na finalização da compra online.

O uso da tecnologia também começa a ter apelo maior sobre a data. Empresas com maior capacidade de resposta para eventuais problemas que envolvam a compra da mercadoria, com operação planejada e integrada, e sistemas de rastreabilidade tendem a se sobressair sobre a concorrência. A chegada dos sistemas de lockers – caixas com senha para retirada da mercadoria em pontos fixos – e o desenvolvimento de soluções que garantam entregas seguras – incluindo-se a redução do contato entre entregador e receptor para evitar o risco de transmissão do novo coronavírus – também são fundamentais quando da alta nas transações online.

Expectativa de crescimento nas vendas

O comércio eletrônico aponta para um cenário favorável ao setor durante a Black Friday deste ano. Uma sondagem informal feita em conjunto pela Diálogo Logística e a logtech Motoboy.com, com e-commerces de variados portes, indica que a maioria estima alta superior a 10% nas vendas para a Black Friday em relação ao ano passado. O contexto geral percebido nas conversas é de otimismo. Não é uma unanimidade, é claro: uma pequena parcela dos vendedores online espera resultados equivalentes aos do ano passado, sem perdas, mas também sem ganhos significativos em relação à última Black Friday.

Muito desse resultado se deve principalmente à percepção de grande parte do varejo de que o mercado de e-commerce está mais favorável neste ano. Outros reflexos significativos surgem do impacto da pandemia de Covid-19 no comércio, com tendência de aumento nas compras online ao longo do ano. Além disso, a realização de investimentos e expansão de opções de produtos e/ou mercado também são decisivos para uma melhora de cenário. Já o que pesa para a expectativa de não haver mudança de um ano para o outro é o fato de a empresa optar por não fazer promoções importantes na próxima edição do evento.

Oportunidade versus dificuldade

A proximidade da Black Friday traz ainda novas oportunidades de negócios para nós, operadores logísticos, especialmente quando há atenção em relação à satisfação dos clientes. Hoje, as principais preocupações que envolvem as entregas no período apontadas pelos varejistas consultados por Diálogo e Motoboy.com são: o preço do frete; o tempo de entrega; o extravio da mercadoria; e a qualidade do serviço. Logística reversa, produtividade, tecnologia e entrega errada de mercadoria também são assuntos sensíveis quando tratamos de vendas online.

Devido a complexidade da operação logística, algumas transportadoras estão se preparando desde a edição da Black Friday no ano passado para atender o aumento nas remessas de pedido para a edição de 2020. As ações-resposta vão desde a captação e capacitação de novos entregadores até investimentos em inovações e ferramentas digitais. Outra aposta é possibilitar entregas no mesmo dia da compra e cumprir o prazo acordado, como diferencial para atrair clientes. No entanto, para que isso ocorra em sincronia com as expectativas do varejo e seus consumidores, antes de tudo é preciso ter planos bem definidos e colocá-los em prática. Somente com estratégia e eficiência será possível encarar a alta de volume de entregas como uma oportunidade e não como uma dor de cabeça.

*Ricardo Hoerde é especialista em logística last mile e CEO da Diálogo Logística; e co-autoria de Jonathan Pirovano, CEO da Motoboy.com

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