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Conteúdo 29 de abril de 2020

A evolução da automação industrial e seu papel no combate ao coronavírus

Por Bráulio Molinari, coordenador de vendas da Mitsubishi Electric

Pensar no dia a dia industrial é trazer à mente um conjunto de itens e processos: esteiras, materiais sendo transformados em produtos completos, envase de líquidos e embalagem. Pessoas uniformizadas andando de maneira sistemática e barulho de toda a engrenagem funcionando. Dos anos 1950 para cá, muito mudou nesse dia a dia, é verdade, mas um componente fundamental esteve presente em todas as etapas de evolução da indústria em âmbito global: a automação.

No passado, essa área consistia apenas em mecanizar um processo ou máquina, informar alguns status e alarmes, sem muita inteligência adicional. Controlar máquinas e disponibilizar informações sobre status, produtividade e falhas também eram atributos que construíam a essência do que era a automação há apenas vinte anos.

Hoje, esse cenário mudou radicalmente. Se antes as funções eram limitadas e apenas setores como o automotivo, petroquímico e a indústria de manufatura tinham acesso a esses benefícios, hoje diferentes setores podem contar com a automação industrial a preços competitivos e com vantagens muito mais tangíveis.

Transparência de processos, flexibilidade na produção e integração entre todas as camadas da empresa são a essência do que a área representa atualmente. Por meio dela, decisões como aumentar ou diminuir a fabricação de produtos e diversificar a gama de itens vendidos podem ser feitas rapidamente com o auxílio de plataformas de software, trazendo resultados rápidos e a chance de mudanças sem afetar o caixa de empresas de forma significativa.

Isso é possível porque a automação avançou no tempo de forma similar à eletrônica, trazendo aumento de capacidade de processamento e performance até mesmo para os dispositivos mais simples, acompanhada de custos cada vez mais acessíveis. Praticamente todos os produtos, tais como PLCs, Inversores de frequencia, Servo acionamentos, Sensores, entre outros, apresentam preços cada vez mais competitivos, o que impacta significativamente no custo final dos projetos de automação – conduzidos por engenheiros capazes de traçar a melhor rota de funcionamento para os sistemas desejados.

No cenário atual, isso é mais do que necessário. Em uma época na qual produtos com alta demanda de produção industrial – máscaras e álcool em gel – se esgotam, trazer mais produtividade torna-se máxima prioridade. Hoje, a flexibilidade de uma cadeia equipada com automação pode fazer rápidos ajustes de produtos fabricados (como no setor químico, passando envasar álcool em gel no lugar de outros itens anteriormente fabricados, por exemplo). A automação modificaria a “receita” na produção e os ajustes de velocidade, viscosidade e tipo de embalagem do novo produto a ser envasado.

Outro benefício, é a maior facilidade de ampliação das plantas. Com a automação, fica muito mais fácil e rápido integrar outros processos, com qualidade, produtividade, disponibilidade e segurança.

Já para as empresas que não estão diretamente relacionadas à venda desses produtos (e que, portanto, têm grandes chances de serem afetadas negativamente pela chegada do Coronavírus e com uma provável queda nas vendas), a automação permite a tomada rápida de decisões, tais como balanceamento, divisão ou realocação da produção. E no momento de retomada das atividades após este período desafiador, a automação será fundamental para que isso ocorra no menor tempo possível.

São resultados atrativos, especialmente ao analisar pequenas indústrias, cujo caixa raramente é robusto o suficiente para aguentar longos períodos sem produção ou vendas. Recentemente, um estudo da CNI mostrou que incorporar automação nas PMEs pode aumentar a produtividade dessas companhias em 22%, em média.

É claro que existem entraves para alcançar patamares mais elevados. Para citar os principais deles: a cultura de imediatismo do Brasil, além de qualificação e disponibilidade de mão de obra.

Em primeiro lugar, é necessário lembrar que a necessidade de resultados “a jato” por vezes limita a visão das empresas em analisar apenas o custo da automação e não o retorno que ela pode propiciar, por vezes em médio e longo prazo. A boa notícia é que esta cultura de curto prazo vem se modificando, ainda que lenta e gradualmente.

O outro desafio mencionado, a mão-de-obra, diz respeito à capacitação de profissionais que trabalham na operação e manutenção para lidarem com sistemas cada vez mais automatizados. Na outra ponta, é necessário também que as empresas tenham em seu quadro de funcionários profissionais capacitados, com conhecimento em elétrica e mecânica, é claro, mas também eletrônica, mecatrônica e programação. Ou seja, um novo perfil de profissional, cada vez mais plural.

Para resolver esses pontos, existe a importância de recursos de financiamento adequados. Os juros baixos já praticados em um período pré-pandemia certamente contribuem para acelerar esse processo e é necessário observar como vão se comportar após o fim do isolamento social. Além disso, o período também deve fortalecer a necessidade de tecnologia em todos os setores, contribuindo significativamente para mudar hábitos e prioridades de líderes – outro ponto que pode favorecer o avanço da automação industrial.

Por fim, é necessário ter os olhos fixos no horizonte. Ser capaz de projetar o futuro vai fazer com que companhias passem à frente umas das outras e, nessa disputa, vence quem tem mais capacidade, flexibilidade e disposição de modificar processos, cultura organizacional e métricas antiquadas de resultados. É necessário olhar para frente para aproveitar benefícios e vencer em uma sociedade cada vez mais eficiente.

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