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Conteúdo 5 de março de 2008

O futuro de São Paulo

Trânsito, poluição, enchentes, pedintes, favelados, falta de infra-estrutura… Esses são, normalmente, os "atributos" das grandes cidades, das quais muitas pessoas procuram fugir, fazendo o caminho de volta para o interior.

Muitas famílias têm procurado viver melhor em locais próximos aos grandes centros urbanos. Buscam os condomínios horizontais, onde os filhos podem andar de bicicleta, passear com o cachorro e estar em contato com a natureza.

Mas boa parte dos pais dessas famílias não consegue trabalhar onde mora. Resultado: tem de pegar a estrada, enfrentar o tráfego e todos os problemas dos quais buscaram fugir. Chegam exaustos, sem ânimo para curtir os filhos que começam a ter saudade do apartamento de cara para a avenida. Lá a convivência era melhor.

Diante dessa constatação, ficamos a imaginar que o beco é sem saída. É a máxima do "se correr o bicho pega, se ficar o bicho come". Daí a questão: será que não é mais possível qualificar as cidades?

A resposta não é simples. Passa por dois grandes filtros: o do planejamento preventivo, para evitar que as cidades que estão crescendo entrem em processo degenerativo, e o do planejamento curativo, para tentar salvar os centros urbanos.

Como fazer isso? A única alternativa é pensar as urbes de amanhã. Anos atrás, quando alguém propôs fazer um planejamento de São Paulo para o ano de 2010, foi chamado de visionário em delírio. O século 21 estava longe, não havia por que perder tempo com isso.

Ledo engano. Se o debate tivesse acontecido, talvez a capital paulista não tivesse hoje de enfrentar tantos problemas ou mesmo ações corretivas, como se vê no programa de combate à poluição visual adotado pelo prefeito Gilberto Kassab – apoiado pela maioria da população, mas visto com ressalvas pelos comerciantes.

Perguntei a um especialista em sustentabilidade, o professor Eudes Mattar, se a cidade de São Paulo tem cura. A resposta foi rápida: sim. Toda cidade tem cura. Basta fazer um plano de sustentabilidade e executá-lo.

De acordo com o professor, um dos primeiros problemas que as cidades têm de começar a atacar é o da água. Vai faltar, e não demora. "Por que não fazer com que todas as casas (e não só os novos edifícios) tenham captação de água pluvial?", sugeriu. Essa água poderia ser usada para lavar o chão, o carro e ser direcionada para a descarga nos sanitários. Uma água que deixaria de ir pelo ralo.

A medida é simples. Colocá-la em prática, nem tanto. A menos que as prefeituras adotassem mecanismos de estímulos à população, fornecendo orientação técnica, subsidiando o custo das cisternas por meio de desconto no IPTU. Aliás, esses mecanismos respondem por importantes intervenções urbanas, como se vê na recuperação de velhos centros, como os de Buenos Aires, Oslo, Dublin e, agora, a região da "Cracolândia", na capital paulista.

Outra questão fundamental é a do transporte coletivo. Mesmo em cidades em que a situação parece irreversível é possível corrigir. Mas, além de investimentos (que podem ser obtidos do setor privado), os moradores têm de contribuir. Têm de pensar na cidade de amanhã, tolerar os transtornos momentâneos que obras dessa natureza ocasionam. Têm de assumir uma cota de sacrifício.

Há várias idéias para diversas necessidades. O que não se pode mais é esperar 2020 para lamentar o que não foi feito agora. Ainda há tempo de termos, no Brasil, cidades qualificadas. Que se faça o debate e que se parta para a ação.


Romeu Chap Chap é presidente do Conselho Consultivo do Secovi-SP e da Romeu Chap Chap Desenvolvimento Imobiliário.

Fonte: www.dcomercio.com.br

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