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Conteúdo 23 de fevereiro de 2008

País tem (com sorte) bons indicadores

Coincidindo com a crescente preocupação com os rumos da economia mundial, o Banco Central do Brasil (BC) divulgou esta quinta-feira interessante documento sobre a evolução recente dos indicadores de sustentabilidade externa da economia brasileira.

Todos os indicadores apresentados mostram uma persistente melhoria na posição financeira externa do País. Corretamente, o documento atribui a melhoria dos indicadores tanto à implementação de políticas macroeconômicas consistentes – e, diria eu, de forma persistente – como às condições de enorme liquidez do mercado internacional. Essa última, como se sabe, decorrente da redução das taxas de juros nos principais países desenvolvidos e sua manutenção por um longo período de tempo, liderada pelo Federal Reserve de Alan Greenspan, o maestro.

O documento atribui também essa melhoria ao dinamismo da economia mundial, em parte também resultante das baixas taxas de juros praticadas entre 2003 e 2006. Finalmente, reconhece o esforço e a persistência das empresas exportadoras brasileiras que, a despeito da violenta e longa valorização do câmbio, levaram nossas exportações a novos recordes históricos – ajudadas, sem dúvida, pela alta de preços dos nossos principais produtos de exportação.

Com tudo isso, registramos superávit em conta corrente no balanço de pagamentos brasileiro por cinco anos consecutivos, gerados principalmente por saldos na balança comercial superiores a 40 bilhões de dólares nos três anos encerrados em 2007. Também as operações financeiras foram superavitárias em 2007, da ordem de 11 bilhões de dólares; foi possível antecipar o pagamento das amortizações do empréstimo junto ao FMI e ainda assim acumular reservas superiores a 180 bilhões de dólares no encerramento do ano; e o investimento direto líquido foi também recorde, ultrapassando 34 bilhões de dólares em 2007.

Impressiona particularmente o comportamento dos indicadores relativos à relação entre a dívida externa e o PIB. No que diz respeito à relação dívida bruta/PIB, em 2003 essa relação correspondia a 41,8%; em 2007, declinou para 15,1%. O resultado é ainda mais impressionante se considerarmos a proporção entre a dívida líquida (dívida bruta menos reservas internacionais), e o PIB. Nesse caso, o percentual se reduz de 32,7% em 2003 para esquálidos 0,3% em 2007.

Alguém poderá argumentar, não totalmente sem razão, que parte dos resultados positivos observados no período decorrem do expressivo aumento do PIB brasileiro medido em dólares, em razão da não menos expressiva valorização do real. O PIB medido em dólares cresceu 160% entre 2002 e 2007 (de US$ 504,4 bilhões para US$ 1.310,7 bilhões). Isso, evidentemente, facilita a melhoria dos indicadores de sustentabilidade.

De qualquer forma, usando uma medida que independe da apreciação cambial, como a relação entre a dívida externa e as exportações, o resultado também é positivo. Em 1999, a dívida externa correspondia a 4,7 vezes o total das exportações de bens. Em 2007, esse número é de 1,2. Na prática, a dívida externa corresponde a um ano de exportações.

Finalmente, o quadro é similar se o indicador for a relação entre as reservas internacionais e a dívida externa. Em 2000, as reservas brasileiras correspondiam a 15,2% do total da dívida externa do País; em 2007, esse indicador correspondia a 91,2%.

Fica, portanto, a pergunta: se os indicadores estão tão bons, por que alguns insistem em se preocupar com um possível contágio de uma crise externa? A resposta é simples: os indicadores são sensíveis à taxa de câmbio e um eventual contágio desvalorizaria o câmbio, reduzindo os bons resultados obtidos nesses quatro anos de valorização cambial; continuamos aumentando os gastos, quando, em muitos países "sensatos", os gastos públicos estão sendo controlados; não fizemos as necessárias reformas, indispensáveis para manter sustentado o crescimento. Na ausência de tudo isso, continuamos torcendo. Tivemos muita sorte até aqui.

 
Fonte: www.dcomercio.com.br

 

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