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Tendências 24 de julho de 2019

Caminhões elétricos começam a ser empregados em diferentes tarefas, ainda que timidamente

De olho na transição energética para uma economia de baixo carbono, empresários, especialistas e governo se reuniram no começo de junho último para discutir quais os caminhos para a frota brasileira no curto, médio e longo prazo, a convite do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) e Agência Epbr.

“O setor de mobilidade é responsável por ¼ das emissões globais de gases de efeito estufa, sendo 45% causadas por veículos leves. Então, a pergunta não é se haverá essa transição, mas quando e como”, provocou a diretora de Desenvolvimento Institucional do CEBDS, Ana Carolina Szkló, que conduziu painel discutindo a competitividade dos carros elétricos frente ao biocombustível, com participação da japonesa Nissan, da chinesa BYD e da Ambev, que pretende eletrificar toda sua frota até 2025.

“O padrão histórico da transição energética é lento, mas os perigos iminentes das mudanças climáticas e a percepção de oportunidade de novos negócios na economia farão com que essa transição seja mais acelerada no atual momento da história”, afirmou Giovani Machado, superintendente de Gás Natural e Biocombustíveis da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que apresentou no evento uma visão geral sobre o futuro dos dois combustíveis no País.

A economia de baixo carbono pauta pelo menos cinco das 10 propostas da Agenda CEBDS para um País Sustentável, encaminhada pelo Conselho ao Governo Federal como subsídios para políticas públicas que possam interferir diretamente no aumento da eficiência no uso da energia e ampliação das fontes renováveis na matriz. Como principais desafios para a expansão da eletrificação da frota estão o tempo e custo de adaptação de infraestrutura, que implicará aportes significativos, alto custo fiscal, mercado e geopolítica para acesso ao lítio e ao cobalto (matérias primas para produção de baterias automotivas), além de política para coleta, descarte e reciclagem das baterias.

“É preciso contabilizar o custo da saúde dos moradores de grandes cidades, afetados com doenças de pulmão provocadas pela poluição, quando formos fazer essa conta de subsídios. Afinal, hoje apenas o carro bicombustível recebe incentivo, mas muitos motoristas substituem o etanol por gasolina. Ou seja, ainda estamos subsidiando o combustível fóssil”, provocou Adalberto Felício Maluf Filho, diretor de Marketing, Sustentabilidade e Novos Negócios da chinesa BYD. “O crescimento da energia solar e mobilidade elétrica no mundo superou as expectativas. Com a redução do preço das baterias, há previsões de que em 2023 o preço de um veículo leve já será viável para quem roda mais de 30 Km por dia”, disse

Presente no mesmo painel, Pedro Bintancourt, diretor de Relações Governamentais da Nissan, argumentou que a tecnologia, aliada à conectividade de dados, está no plano estratégico da empresa de médio prazo, em um modelo tecnológico disruptivo, em que os carros serão autônomos em geração de energia, ao mesmo tempo que poderão devolver energia às redes, abastecendo outros veículos ou até mesmo hospitais, em casos de apagões, por exemplo.

“Com o avanço tecnológico em curso, em 2025 já teremos veículos elétricos com o mesmo custo de veículos com propulsão a combustíveis. Aí não fará sentido continuar usando essa tecnologia ultrapassada”, disse.

O crescimento do uso de bicicletas e patinetes elétricos nos grandes centros urbanos foi também apontado como um bom exemplo dessa transição. “Em São Paulo, 70% da mobilidade por bicicleta acontece num raio de 8 km, o que mostra que é uma solução que se agrega à tendência de conectividade com transportes públicos modais”, afirmou Paulo André Domingos, superintendente de Produtos, Analytics e Canais Digitais do Itaú. O banco é responsável pela disponibilização de 15 mil bicicletas em diversas cidades do Brasil, Chile e Argentina.

Já Carlos Orlando Enrique da Silva, superintendente de Biocombustíveis e de Qualidade de Produtos da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), destacou que os biocombustíveis têm papel relevante na transição para um novo paradigma automobilístico e o Brasil ganha bastante em competitividade neste mercado. “Temos enormes reservas de gás natural, somos o segundo maior produtor de etanol do mundo e temos potencial para produção de biodiesel, biogás e biometano. Por isso, creio numa confluência de fontes de energia no mercado de mobilidade”, afirma.

 

Caminhões

A exemplo dos automóveis, os caminhões elétricos começam a ser oferecidos ao mercado.

Por exemplo, a BYD (Fone: 19 3514.2557) apresentou na Intermodal 2019, feira realizada em março último em São Paulo, o caminhão multivocacional eT8E. Trata-se de um veículo 100% elétrico que roda no Brasil há mais de dois anos e possui avançada geração de baterias em uso também na China, Europa e nos EUA. A tecnologia de fosfato de ferro lítio não contem metais pesados e o eletrólito é atóxico, sem emissão de poluentes da produção ao uso final, informa a empresa.

De acordo com Carlos Roma, diretor de Vendas da BYD, “ao operar por mais de dois anos na aplicação de coleta de lixo – considerada a mais severa para caminhões – e converter essa experiência em mais pedidos, mostramos que o produto está pronto para estrear em outras vocações menos severas, como, por exemplo, entregas urbanas. Por ser extremamente silencioso e ter alta performance, o nosso caminhão pode fazer entregas noturnas sem incomodar a população. Além disso, com capacidade de carga líquida de 13,8 toneladas, ele leva por viagem mais que o dobro dos VUCs mais eficientes. Esperamos que a combinação de alto torque, transmissão automatizada, sistema de freios regenerativos KERS e menos trânsito à noite faça o caminhão ter uma velocidade média mais alta, efetuando mais entregas por turno, com menor consumo de energia. Vamos colocar o produto em rotas com o maior número de rampas possíveis, pois seu sistema de freio de estacionamento automático a zero km/h, juntamente com torque máximo de 1500 Nm a zero rpm, fará dele um caminhão facílimo, seguro e silencioso para partir em rampas, ao mesmo tempo em que aproveitará as descidas para regenerar a energia cinética e potencial que é perdida nessa mesma condição em motores a Diesel”.

Com apenas 2 horas de carga é possível operar por 200 km com zero emissão de poluentes, baixíssimo ruído de operação e menos estresse ao motorista e à população, informa o diretor de Vendas.

 

Chegando

Por sua vez, a JAC Motors (Fone: 0800 522.8888) anunciou que vai lançar o iET 1200, primeiro veículo comercial com propulsão 100% elétrica da marca no Brasil. Trazido da China, mercado que representa mais da metade de todos os modelos elétricos do mundo, o JAC iET 1200 irá estrear a eletrificação em um segmento do mercado nacional – caminhões semileves e leves – que representou cerca de 15 mil unidades vendidas em 2018. Mas com um detalhe: a esmagadora maioria foi adquirida para transporte de cargas urbanas, circulando nas grandes cidades.

A sigla iET 1200 identifica o termo Intelligent Energy Truck, enquanto o “1200” exibe uma das maiores vantagens do modelo: o torque máximo. “Com 1200 Nm, o que equivale ao valor empregado em motores convencionais a diesel para caminhões de 25 a 30 toneladas de PBT, o iET 1200 será extremamente bem-vindo para o transporte de cargas urbanas com toda essa força motriz, ganhando uma agilidade de condução absolutamente incomparável nos grandes centros. A potência será de 177 cv”, informa Sergio Habib, presidente do Grupo SHC e da JAC Motors Brasil.

Para ser vendido por aqui, o Grupo SHC, representante da JAC Motors no Brasil, escolheu, entre diversas configurações de capacidade de carga de bateria e equipamentos, a opção de 97 kWh, que rende uma autonomia de 200 km.

Antes de lançá-lo no Brasil, o Grupo SHC efetuou pesquisas aprofundadas para identificar o tipo de uso desses caminhões nas cidades. A julgar pelo que rodam, a autonomia é mais do que suficiente. “E é preciso ponderar as duas grandes vantagens do caminhão 100% elétrico: a emissão zero de poluentes e o baixíssimo custo operacional. Enquanto o caminhão movido a diesel exige um custo de R$ 150 pra rodar 200 km na cidade, o JAC iET 1200 vai gastar R$ 30!”, explica Habib.

De acordo com o executivo, essa economia direta de R$ 120 reais por dia (cerca de R$ 2,5 mil/mês) irá tornar o JAC iET 1200 extremamente atrativo para pequenos clientes ou grandes frotistas, à medida que, além do combustível, ainda há uma substancial economia no custo de manutenção. Para ser recarregado, o JAC iET 1200 vai necessitar de uma tomada de 220 volts e 17 horas, no modo carga lenta. Se a tensão for trifásica e 380 V, ele será “abastecido” em apenas 2 horas.Disponível em toda a rede autorizada JAC Motors, o iET 1200 começará a ser entregue aos primeiros clientes ainda neste ano. A pré-venda já começou.

 

Testes

Dois caminhões eActros, da Mercedes-Benz (Fone: 0800 970.9090), totalmente elétricos começaram a operar na Suíça. Um modelo de dois eixos e 18 toneladas de PBT atua em serviços de logística da Camion Transport na região de St. Gallen. Já a rede de supermercados Migros utiliza uma versão de três eixos e 25 toneladas de PBT para o transporte entres suas unidades na área de Zurique.

Os veículos são parte da “Frota de Inovação” do eActros que visa testar os caminhões elétricos pesados junto aos clientes. Cada um dos caminhões em teste na Suíça precisa cobrir cerca de 150 km por dia, o que é plenamente atendido pela autonomia do eActros, de até 200 km. As baterias são recarregadas nos depósitos dos clientes durante a noite.

Na Camion Transport, o eActros da Mercedes-Benz faz parte do projeto de sustentabilidade “centro da cidade livre de emissões”. O caminhão elétrico transporta cargas em geral do Centro de Distribuição da Camion em Schwarzenbach até a região de St. Gallen, o que inclui entregas em pontos da área central desta cidade. A carga é transportada em uma carroçaria intercambiável com plataforma de elevação.

Já a Migros utiliza o eActros para abastecer unidades de seus supermercados no centro de Zurique e arredores, a partir de seu Centro de Distribuição de Zurique-Herdern. As rotas apresentam vários desafios topográficos ao veículo, especialmente terrenos montanhosos. Para atender à demanda da Migros, o eActros recebeu uma carroçaria baú com opção de refrigeração, podendo transportar paletes.

A base desse caminhão pesado elétrico Mercedes-Benz é fornecida pela estrutura do Actros. Porém, a arquitetura do veículo foi configurada para o sistema de propulsão elétrica, com uma alta proporção de componentes específicos. Dois motores elétricos localizados junto aos cubos de roda do eixo traseiro proporcionam a força de tração. Esses propulsores geram 126 kW de potência cada um, com torque máximo individual de 485 Nm. As reduções de engrenagem convertem esse torque para 11.000 Nm cada, resultando num desempenho de rodagem equivalente ao de um caminhão com motor a diesel.

As baterias de íons de lítio com capacidade de 240 kWh dão ao eActros a energia necessária para uma autonomia de até 200 km. Dependendo da carga disponível, as baterias podem ser recarregadas totalmente em duas horas a 150 kW.

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