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Conteúdo 24 de setembro de 2018

A atual situação política e os prejuízos para a logística

Não há como negar que os três poderes brasileiros (Legislativo, Executivo e Judiciário) vêm fazendo tremer nossos ossos nos últimos anos. A situação política brasileira é catastrófica e desanimadora. Envolta nos mais sombrios mantos da corrupção e de anseios de poder, ela, a política que tanto nos apontou para o futuro e nos deu grandes personalidades para atribuirmos o verdadeiro sentido de vida pública, nos coloca em “xeque” quando pensamos no quanto ainda temos que muda-la. E, sabendo que hoje, grande parte de suas atividades corrompidas e corruptíveis, sequer estão envoltas em mantos sombrios, mas escancaradas para quem quiser ver, aponta para um ambiente de incertezas e parece deixar o desenvolvimento do país em último plano.

Impossível também enxergar nos atuais presidenciáveis um tão necessário consenso e bom senso que nos volte a face para o lado da esperança, para o lado do trabalho árduo para reconstruir um país que perde oportunidades, credibilidade e competitividade a cada dia. Seja qual for o candidato ou candidata que vença o pleito, nenhum detém qualquer poder que possa, em curto e em médio prazos, unir os brasileiros para canalizar suas energias na retomada do crescimento. O Brasil está mesmo dividido entre ideologias vazias, lutas sem nexos e caminhos sem objetivos. Na contramão disso tudo, todos têm uma única certeza: precisamos de mudanças, e rápido!

Tudo isso talvez seja a razão para tantos desafios, desatinos e insucessos de planos logísticos. A iniciativa privada que tanto nos encantou com concessões e propostas para o aumento da eficiência de nossa infraestrutura, dá sinais “do jogar a toalha” numa luta desigual onde o governo faz o papel de expectador. Algumas pensam em devolver concessões, entre estas de rodovias e aeroportos, por entenderem finalmente que aeroportos precisam de rodovias que precisam de ferrovias que precisam de portos… Outras, é claro, por terem sugado o quanto puderam, copiando ações do poder público, e agora não veem tanta vantagem assim em ver o país crescer. É fato que muitos setores, públicos e privados, se alimentam do caos e dele tiram o maior proveito possível. O mundo dos negócios é assim mesmo, mas não pode estar acima do propósito comum que rege a vida de um país.

Há muito tempo não se investe em implantações e melhorias logísticas com o peso necessário. Alguns planos de governo de alguns presidenciáveis até “citam” a infraestrutura logística, mas convenhamos que seus discursos são os mesmos de trinta anos atrás. Ou seja, há trinta anos ouvimos sobre os mesmos problemas de segurança, saúde, educação e desenvolvimento sem que nada tenha saído de pauta no jogo de convencimento do eleitorado. A tarde se foi, a noite caiu e só ouvimos o mesmo “bom dia”. Nossa logística não suporta mais!

Para cada ano sem investimentos no desenvolvimento e na conservação da infraestrutura logística brasileira, precisamos de dois anos e meio para compensar; e para cada Real que deixamos de investir, gastaremos três ou quatro. As perdas de oportunidades de desenvolvimento de segmentos inteiros são incomensuráveis.

A logística vem assumindo riscos – e não é por vontade própria – quando admitimos que o transporte rodoviário é responsável por até 70% de nossas cargas e sequer temos algum plano de investimentos em execução para esse sensível modal. E esses riscos culminam em perdas de vidas que passam despercebidas quando não são nossos conhecidos. Imagine algo tão importante assim que também vem sendo deixado de lado!

Poderíamos falar de números absurdos, prejuízos irreparáveis e de nossa competitividade afetada, mas diante de 84 mil feridos e mais de 6 mil pessoas que morreram em 2017 só nas rodovias federais, qualquer outra coisa seria falta de bom senso. Embora se atribua à falta de atenção e à imprudência, essas mortes, quando não ligadas diretamente aos problemas nas rodovias, estão ligadas ao mau uso delas. Seja por falta de educação ou de adequação para o aumento da segurança, elas representam também falta de investimentos, falta de projetos que valorizem o que realmente tem que ser valorizado. Nesse rumo, as mudanças positivas viriam por consequência.

Marcos Aurélio da Costa Marcos Aurélio da Costa

Foi coordenador de Logística na Têxtil COTECE S.A.; Responsável pela Distribuição Logística Norte/Nordeste da Ipiranga Asfaltos; hoje é Consultor na CAP Logística em Asfaltos e Pavimentos (em SP) que, dentre outras atividades, faz pesquisa mercadológica e mapeamento de demanda no Nordeste para grande empresa do ramo; ministra palestras sobre Logística e Mercado de Trabalho.

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