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Conteúdo 14 de abril de 2022

Colaboração em Supply Chain – O papel do VMI

 

Introdução

O VMI – Vendor Managed Inventory (gestão dos estoques pelo fornecedor), um conceito surgido a algumas décadas, teve suas raízes nos pilares do ECR – Efficient Consumer Response, cujo propósito era responder rapidamente às necessidades dos consumidores.

Nascia neste momento um conceito que visava otimizar e racionalizar os estoques ao longo da cadeia conectando varejistas a fabricantes, principalmente empresas de bens de consumo, com altos volumes e produtos de alto giro.

Naquele momento a tecnologia disponível era distante das possibilidades que possuímos hoje. Contudo, aqui com meus botões, passo a refletir seriamente sobre o berço da colaboração entre as partes. Grandes organizações, como Procter&Gamble e Walmart, enxergaram aí uma possibilidade importante de manter políticas de estoques condizentes com a demanda do mercado e possibilitando manter dogmas como “preço baixo todo dia”.

Brotam expressões como “o produto certo, no lugar certo, na hora certa e pelo preço justo”, e que de certa forma impactavam as estratégias organizacionais, principalmente Supply Chain. E o VMI se mescla ao modelo todo e passa a ser amplamente utilizado tanto como modelo de negócio de compras quanto modelo que interfere na cadeia de valor, requerendo indicadores e relacionamentos importantes e que prevalecem até os dias de hoje.

Outras indústrias adotaram tais estratégias para melhorar a eficiência de Supply Chain. O VMI nada mais é que um conceito que visa reduzir os estoques ao longo da cadeia, muito similar ao Just-in-time, desde o momento em que a propriedade dos estoques cabe ao fornecedor até o momento da venda. A relevância do processo é que toda a gestão é feita pelo fornecedor que realiza o abastecimento dos pontos de vendas.

 

A efetividade do VMI

São vários os fatores que determinam o êxito do uso do VMI. Acima de tudo, seu uso estabelece que uma parceria estratégica seja colocada em prática entre o fornecedor e o varejista ou distribuidor, assim como os operadores logísticos. Aliás, a distribuição física, por muito tempo, não foi a prioridade na relação. As empresas estabeleciam suas regras e a operação logística tinha que se virar. Em muitos lugares, eu diria que não houve esta evolução.

Por outro lado, para nortear e consolidar a relação colaborativa, a abordagem de quem é dono do que no processo precisa estar muito bem clara. Portanto, as responsabilidades precisam estar rigorosamente definidas. Além de ser um exercício logístico importante, é fundamental o planejamento e o controle dos estoques, além de métricas para assegurar o fluxo adequado e contínuo dos produtos levando em conta veículos, tamanhos de lotes, locais de abastecimento, entre outros.

Embora eu esteja enfatizando a relação entre varejo e fabricante, esta filosofia também pode ser usada em relação a componentes, material de embalagem e matéria-prima, principalmente as mais estratégicas.

Em suma, o fabricante tem acesso às informações de estoques do cliente e é responsável pela geração do pedido de compra, decidindo quais itens enviar, em que quantidade e quando – naturalmente, segundo regras previamente estabelecidas. E reforço que o papel do operador logístico é extremamente crítico para que a relação e o uso do VMI alcancem sucesso.

 

Objetivos de um sistema VMI

O principal objetivo do VMI é conseguir uma eficiência bastante alta em Supply Chain, possibilitando a racionalização de custos por meio de:

– Uso adequado de espaço;
– Reposição automática, evitando falta de produto;
– Níveis de estoque adequados tanto do lado do canal distribuidor quanto do fornecedor.

A tecnologia da informação aparece como fator importante e viabiliza a implementação do VMI através do uso de aplicativos específicos apoiados por uma conectividade adequada, uma vez que a troca de dados é crucial para a excelência operacional.

Muitas organizações têm revisado suas malhas de distribuição, reduzindo o número de depósitos intermediários, visando atender a demanda de consumo segundo o conceito VMI direto de fábrica. Algumas variáveis devem ser levadas em conta, como distância e a qualidade das rodovias; estratégia de nível de estoque versus serviço ao cliente; disponibilidade de tecnologia; e acurácia da informação.

 

Modelo operacional do VMI

Como já estive à frente de algumas estratégias de implantação do VMI, gosto de apresentar alguns detalhes do fluxo ainda que de maneira genérica. O fabricante recebe os dados no qual estão listadas as vendas realizadas pelo varejista ou distribuidor e os níveis existentes de estoque. O fornecedor ou fabricante, nesse caso, se responsabiliza pela geração do pedido e manutenção do programa de abastecimento com base nos volumes vendidos.

Nesse modelo, o fabricante/fornecedor é quem gera o pedido, não o cliente. É importante entender que esse modelo não muda a propriedade do estoque; ele continua pertencendo ao cliente, diferentemente do conceito de estoque em consignação, em que o fornecedor coloca o estoque no cliente e continua mantendo sua posse. No caso da consignação, o pagamento não é efetuado até que o produto em estoque seja vendido e a receita seja obtida.

 

Conclusão

O VMI, como importante conceito de colaboração na cadeia de abastecimento, é um acordo entre partes onde o fabricante ou fornecedor assume o controle das decisões de gestão dos estoques para o distribuidor ou varejista.

Em termos de fornecimento, isso significa que o fabricante é responsável pelos estoques do varejista ou do distribuidor. Esse tipo de acordo também é conhecido como programa de reposição contínua ou reposição de estoque assistido por fornecedores.

O conceito pode trazer muitos benefícios para as organizações. Contudo, exige muita habilidade de negociação e uma adequada inclinação a colaborar na cadeia para que todas as partes tenham vantagens. Embora não seja um conceito novo, ainda não é totalmente conhecido por todos. E existem benefícios importantes que podem ser capturados pelas partes e compartilhados em toda a cadeia de abastecimento.

A estabilidade de supply chain pode vir a ser um importante benefício já que existe uma colaboração, o que pressupõe uma comunicação efetiva entre as organizações. A conexão na cadeia traz mais visibilidade inclusive das possíveis rupturas que venham a acontecer. A aproximação das organizações possibilita inclusive a realização de planejamentos conjuntos através de um canal eficaz de troca de informações.

Colaborar traz intrinsecamente a necessidade de compartilhar dados e informações. Quando os recursos, objetivos e os talentos de todas as partes, aí incluo fornecedor, distribuidor e operador logístico, são compartilhados e todos trabalham alinhados em direções comuns, as chances de obter sucesso na parceria são muito maiores. São muitas as empresas que se utilizam deste conceito, entre elas destaco Procter Gamble, Amazon e Bosch.

Educar para transformar. Ao infinito e além. Que a força esteja conosco. Estou no Linkedin. Me procure por lá e vamos trocar ideias. É sempre saudável! Me acompanhe também no meu canal do Youtube: https://www.youtube.com/paulobertaglia

Paulo Roberto Bertaglia Paulo Roberto Bertaglia

Fundador e Diretor Executivo da Berthas, empresa de consultora especializada em supply chain e cofundador da Aveso, organização que atua conectando o ecossistema de startups, investidores e empresas em busca de soluções. Atuou nas empresas: IBM, Unilever, Hewlett-Packard e Oracle. Ao longo da carreira tem se especializado nas áreas de Supply Chain Management, Gestão estratégica de Negócios, Liderança, Vendas e Terceirização de Serviços. Professor de pós-graduação em Logística, Gestão Estratégica de Negócios e Tecnologia da Informação. É Autor de vários livros, entre eles Logística e Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento – Editora Saraiva, 4ª edição – 2020. Realiza palestras de temas estratégicos, cadeia de abastecimento e liderança empresarial para empresas e instituições educacionais, além de consultorias e mentorias. É fundador da Prosa com Bertaglia, movimento voluntário para a educação cujo acesso é: https://bit.ly/3VW9Anp

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