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Conteúdo 2 de maio de 2011

Consumo inteligente: saber consumir é uma arte

Quando falamos em consumo, logo citamos os Estados Unidos. Sua população representa 5% do planeta, mas seu consumo é de mais de 30% de todos os bens de consumo produzidos no mundo. Fala-se que os americanos reciclam apenas 5% do seu descarte, mas estima-se que esse número é bem menor, pois a obsolescência desses produtos é de apenas seis meses. Ou seja, do consumo norte-americano, pouco mais de 1% ainda estará em uso após seis meses. Isso é impactante pois falamos de QUASE todas as linhas de consumo.

Durante décadas, fomos orientados a consumir. Afinal, a máquina produtiva se desenvolve com isso. No entanto, também faz parte da estratégia que possamos comprar e descartar cada vez mais rápido e, com isso, nos preocupar cada vez menos com a origem desses produtos e com o seu destino final. A qualidade nunca será parceira da quantidade dentro desses processos. Chega um momento em que se deve optar por um caminho. Você percebe qual o caminho que a maioria está optando?

Nesses dois caminhos há o domínio da tecnologia. Mas podemos ver a dicotomia dessa tecnologia em expansionista e inteligente na medida em que o mercado produz para criar o consumo e não CRIA para produzir com qualidade. Nesse fator de tecnologia inteligente, os processos são mais valorizados porque são mais desafiadores, tornando-se assim, mais completos e sustentáveis. A questão é que para essa proposta de mercado atual, esses processos são caros e atingem um público ainda muito pequeno que busca um consumo inteligente. Aí está a razão para o baixíssimo alcance da boa logística reversa tão importante para o nosso Planeta, que agoniza esperando soluções que possam, no mínimo, diminuir essa exploração.

A desarmonia nessa relação de consumo é o que chama atenção. Afinal, somos pessoas voltadas à qualidade. Ou você não dá mais valor àquela “comidinha” caseira ou àquele suco natural do que os industrializados? Nunca percebeu que um alfaiate lhe veste bem melhor que uma linha de produção? E a casa que você construiu do seu jeito é mais aconchegante do que essas vendidas sem se importar com sua altura ou com quantos filhos têm ou pretende ter? É claro que nosso objetivo final é a qualidade de vida. No entanto, o que realmente importa é que o suco industrializado dá menos trabalho, o alfaiate é mais caro e a casa requer mais tempo.

Tempo é o que mais ganhamos com tudo isso. Então qual a razão de reclamarmos que nos falta tempo para a família, amigos e até para nós mesmos conforme pesquisas divulgadas em vários países? Como se explica que quanto mais bens de consumo se adquirem mais nossa felicidade decai? Quanto mais oportunidades são geradas mais aumenta a violência e a desigualdade? Há algo errado nisso tudo. A resposta virá quando entendermos que somos parte desse projeto sustentável e que nossas ações sinérgicas podem redirecionar muito do que está descontrolado agora.

Uma matéria recente nos falou que as cascas das frutas e legumes possuem até três vezes mais vitaminas, proteínas e fibras. Nossa aceitação por cascas não é lá essas coisas… Mesmo pagando pelos alimentos para obter energia, desperdiçamos a maior fonte porque crescemos com métodos errados de fruição da natureza. Assim como nosso consumo da água do Planeta também não é bem entendido. Não é mais aceitável essa tônica de cultura num mundo com menos recursos e muito mais pessoas que outrora.

Outro dano causado pela falta de informação na hora da compra é o pagamento por tecnologia obsoleta. É fácil ver em determinadas lojas de eletrodomésticos, pessoas pagando por um modelo já ultrapassado pelo preço de produtos em lançamento. Isso prejudica diretamente o avanço da qualidade, da economia de energia e de novas tecnologias desenvolvidas que visam também, pesquisas com novas matérias-primas menos nocivas ao Planeta. Sem contar que o consumidor paga mais por isso e que logo atualizará esse produto com uma nova compra.

A nossa forma de consumir deve ser vista como uma arte. A proposta não é se privar de tecnologias ou de confortos, mas saber quanto custa para mim e para o Planeta, se essa compra está dentro do meu planejamento financeiro, se conheço o meu objeto de compra, o destino do “obsoleto” e, o mais difícil, se conheço o fornecedor e seus processos de fabricação e descarte.

Nossa responsabilidade no consumo vai além da política de necessidades pessoais e de uma economia global. Ela chega ao desenvolvimento humano nas chamadas exteriorizações de custos. Isso significa que o preço que você paga num móvel, numa peça de roupa, num aparelho eletrônico ou até mesmo num alimento, não é o custo efetivo. Esse valor só lhe foi possível devido a uma possível exploração de recursos não renováveis e/ou de pessoas submetidas ao trabalho sem direitos à dignidade.

Se ainda não nos acostumamos com aquela “perguntinha” básica: “Tem nota fiscal”? Estamos precisando caminhar um pouco mais rápido para essa conscientização. Não importa agora se você acha que os governos investem bem ou não esses impostos, importa sim que esse é um dos passos primários na busca da sua segurança como consumidor, na organização dos mercados e na prática de direito de justiça com empregabilidade e combate ao ilícito.

Marcos Aurélio da Costa Marcos Aurélio da Costa

Foi coordenador de Logística na Têxtil COTECE S.A.; Responsável pela Distribuição Logística Norte/Nordeste da Ipiranga Asfaltos; hoje é Consultor na CAP Logística em Asfaltos e Pavimentos (em SP) que, dentre outras atividades, faz pesquisa mercadológica e mapeamento de demanda no Nordeste para grande empresa do ramo; ministra palestras sobre Logística e Mercado de Trabalho.

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