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Conteúdo 15 de janeiro de 2020

Nossa tecnologia do futuro e nossa logística do passado

Mesmo sem a consolidação dos números do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019, pode-se dizer que foi mais um ano “perdido” para a infraestrutura logística brasileira. E vem sempre a mesma pergunta: Até quando vamos suportar? Uma retração ou um baixo crescimento econômico não se justifica mais com a falta de novas tecnologias ou escassez de novos métodos de produção agrícola ou industrial, mas em dois pontos críticos: burocracia e infraestrutura logística.

Hoje o Brasil é destaque na indústria aeronáutica. Temos projetos e pesquisas importantíssimas nas áreas científicas. Conseguimos introduzir sistemas automatizados complexos no campo, monitoramentos por drones e satélites… Conseguimos mudar a perspectiva do homem do campo que há décadas foi rotulada como “sem estudo há que se trabalhar no campo mesmo”. Hoje é bem diferente: tem que ter estudo para trabalhar no campo.

São vários os segmentos que, a exemplo do agronegócio, pautaram seus últimos anos na modernização e na expansão comercial. A indústria automobilística trouxe novas fábricas e veículos ou tecnologias que antes não tínhamos acesso no país. Porém, a realidade dos veículos elétricos já nos bateu à porta e o que temos para oferecer de infraestrutura para esse modelo de frota ainda é insignificante.

Durante anos, talvez décadas, ouvimos muito sobre nosso atraso tecnológico e procuramos responsabilizá-lo pelo impedimento de nosso crescimento econômico em taxas similares aos países cuja tecnologia hoje é considerada de ponta. Isso mudou. Tais países sempre se preocuparam – e muito – com sua infraestrutura logística. O Brasil também deveria ter o mesmo afinco no projeto de investir paralelamente nos três pilares maiores: educação, tecnologia e logística.

O governo brasileiro pretende leiloar mais 44 ativos de infraestrutura que somarão mais de R$100 bi em investimentos para 2020. Entre estes, destacam-se 22 aeroportos, 9 terminais portuários, 7 rodovias e 2 ferrovias, além de renovações de concessões prestes a vencer. Contudo, o que parece muito, considerando que o plano irá se cumprir por completo, representa apenas um terço do que o país necessitaria investir para este ano. Mesmo com a expectativa da abertura dos investimentos privados, inclusive de empresas estrangeiras, temos um déficit de investimento em infraestrutura que se acentua ano após ano. Os investimentos públicos após um “pico” em 2014 (R$ 74,6 bi) não se mantiveram e ainda caíram consideravelmente levando em conta o volume do PIB. Isso seria positivo se os investimentos do setor privado tivessem seguido o curso inverso, mas eles também caíram nos anos seguintes. Muito se deve à burocracia e à falta de realidade nas exigências dos governos em seus contratos de concessão, ou ainda pela falta de confiança na tocada desses governos em relação às necessidades complementares para viabilizar os negócios e suas críveis ações de corrupção.

Enquanto especialistas apontam para necessidades de investimentos anuais na ordem de 4% de nosso PIB, após 2014, que pontuou 2,3%, os anos seguintes registraram queda, embora 2018 tenha tido uma melhora quase imperceptível da curva: 2015 – 2,1%; 2016 – 1,9%; 2017 – 1,7%; 2018 – 1,8% e para 2019 os números devem fechar em 1,87%. Vendo pelo lado da esperança, a qual não podemos perder, pelo menos estagnou-se a queda. E embora alguns possam dizer que o PIB também esteve em desequilíbrio nesse período, os números são incompatíveis se atentarmos aos reflexos econômicos, que neste caso é de dois anos devido aos vários fatores que envolvem as obras, agravados pelos Orçamentos da União com seus interesses e suas burocracias.

Hoje sabemos que temos um volume comercial além de nossa capacidade logística. Sabemos que nossa tecnologia nos deixa competitivos com áreas de outros países que antes eram invejadas. Precisamos agora alavancar também nossa logística. A falta de atenção para com ela nos deixa com a sensação de estarmos assistindo ao filme do ano numa tv em preto e branco. E, por falar em filme, que os próximos dois anos, a começar por este 2020, sejam bons para que nossa logística esteja “de volta para o futuro”.

Marcos Aurélio da Costa Marcos Aurélio da Costa

Foi coordenador de Logística na Têxtil COTECE S.A.; Responsável pela Distribuição Logística Norte/Nordeste da Ipiranga Asfaltos; hoje é Consultor na CAP Logística em Asfaltos e Pavimentos (em SP) que, dentre outras atividades, faz pesquisa mercadológica e mapeamento de demanda no Nordeste para grande empresa do ramo; ministra palestras sobre Logística e Mercado de Trabalho.

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