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Conteúdo 30 de julho de 2021

O que esperar da logística pós-pandemia?

Que vivemos um momento conturbado, não há o que discordar, abre-fecha de comércio, medidas de restrição e isolamento, queda na atividade produtiva entre tantas outras.

A questão é: o que mudou e mudará nas atividades associadas a logística com esta situação? Será que voltaremos ao modelo antes de março de 2020? Pois é, gostaria aqui não de solucionar este enigma, mas principalmente iniciar uma discussão em como será o futuro, lógico, sem qualquer pretensão de estar aqui descrevendo um futuro certo.

Bom, deixando de lado o vale na atividade que tivemos logo após o boom da pandemia, isto é, o encontro com o cisne negro, impensável, ou melhor, não planejado, meu ponto é sobre a amplificação de meios mais capilarizados para atendimento das demandas dos consumidores.

Vejam, identificamos alternativas tecnológicas de transmitir o sentimento de atendimento de prontidão nos modelos de hyperlocalidade, colocando à mão, computador ou celular dos consumidores ofertas de pronta-entrega, oferecendo nas plataformas aquilo que pode ser disponibilizado quase que imediatamente, ou em prazos “agressivos”, como horas ou até minutos. Realmente este conceito, no meu entendimento, veio para ficar, se bem que por correção, será aperfeiçoado.

Outra situação que experimentamos, neste momento, foi a aproximação dos estoques dos polos consumidores, com entregas a partir de pequenos armazéns, quer sejam, lojas físicas, “darkstores”, enfim, espaços destinados a micro atendimento, batizados como micro-fulfillment centers.

E sem dúvida penso que deveremos ter uma ampliação deste modelo, em especial com o desdobramento da Lei Complementar 160/2017 e do Convênio 190/2017 sobre a questão do fim da guerra fiscal, e possível fim dos tais benefícios, aí é esperar, pois em termos de Brasilidade e assunto tributário, “muita água ainda pode passar debaixo da ponte…”, mas por imposição de mercado, leia-se aqui, desejo do cliente, a proximidade pode ser necessária para manutenção do mercado, e não me surpreenderei se começarmos a ver prédios de escritórios esvaziados pelo home-office serem ocupados por operações de micro-fulfillment.

Por fim, na questão de armazéns, ou se preferirem, centros logísticos, em decorrência do exposto acima, espera-se um número maior de centros distribuídos pelo País, e com menor dimensão.

Agora pensando em transporte, o fracionamento deve ser ainda mais impulsionado, com transferências mais frequentes e menores quantidades, ainda, com incremento no modo courier, visto a ampliação do canal e-commerce, mas também deveremos ter migração para o modo aéreo, que deve ampliar sua participação na matriz de transporte.

Vale considerar que isso não significa necessariamente que teremos o fim do modelo lotação. O que devemos lembrar não tem como seu principal embarcador as empresas de carga geral, mas sim produtos intermediários, agrícolas, combustíveis, entre outros, e esta modalidade deve continuar forte, e com destaque para transferências e circuitos, como abastecedor do número maior de centros logísticos, como explorado anteriormente.

Enfim, pensando em pandemia, ou melhor, período pós-pandêmico, o que podemos imaginar é que as coisas de fato não serão mais como antes, mas isso já era esperado. O mundo está em constante mudança e em ciclos mais curtos, e até acredito que mesmo se não houvesse essa “crise”, também não deveríamos ter nada muito diferente, ela veio como catalizador, dando mais velocidade às mudanças.

Nada muito diferente, enfim, mas no final de tudo, e com todas estas tendências, o que se sabe mesmo é que cada vez mais a logística dependerá da tecnologia!

Edson Carillo Edson Carillo

Diretor da Connexxion Consulting, engenheiro, com MBA em Administração Industrial e Especialização em Gestão Executiva pela St. John´s University (The Peter J. Tobin College of Business) tem mais de 30 anos de experiência em supply chain management – logística. É consultor e instrutor nas áreas de operações (SCM e Manufatura). Especialista em Lean Manufacturing pelo Kaizen Institute e TOC pelo Avraham Goldratt Institute. é também vice-presidente da ABRALOG – Associação Brasileira de Logística. É Professor de MBA na FGV. Coautor de diversos livros. Foi engenheiro industrial das Indústrias Alimentícias Kibon e engenheiro pesquisador na Cia Ultragaz. www.connexxion.com.br.

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