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Conteúdo 28 de fevereiro de 2011

Os portos nacionais sem vigilância

As atividades comerciais tão qual conhecemos atualmente dependem de uma série de fatores. Dentre eles, deve estar sempre baseada em uma recíproca relação de confiança. É uma regra básica. Porém, além dos já conhecidos problemas estruturais dos portos brasileiros, outro grave entrave está colocando em risco não só a economia do país, mas, principalmente, sua imagem perante o comércio internacional. Isso porque, são cada vez mais constantes reclamações de desvios referentes a exportação de produtos agrícolas. Em pouco mais de quatro meses, cerca de 130 mandados de prisão foram expedidos para portos em São Paulo, Paraná e Santa Catarina.

A principal reclamação dos compradores estrangeiros tem envolvido a qualidade e quantidade das mercadorias entregues. O mais lamentável é que os desvios só foram detectados após frequentes reclamações dos clientes, que começaram a receber cargas com volume menor que o comprado. Além disso, infelizmente, pelo tamanho dos desvios, em Paranaguá, por exemplo, foram 4 mil toneladas de soja e farelo, somando perda de US$ 3 milhões, é fácil concluir a cooperação de pessoas ligadas diretamente à operação portuária.

A questão é que, além dos evidentes prejuízos financeiros dos exportadores brasileiros, há um (quase irreversível) prejuízo moral para o país. Se anteriormente, os constantes atrasos na entrega, resultado da deficiência estrutural dos portos, já interferiam na competitividade do Brasil no comércio exterior, agora, colocado em xeque a confiança nas transações realizadas com os nossos exportadores, o risco de perder mais espaço no mercado internacional é ainda maior.

Com a expansão da atividade portuária deflagrada nos últimos anos, é fato que há a necessidade de aumentar o número de profissionais empenhados em fiscalizar irregularidades. Entretanto, é preciso definir também a cargo de qual órgão ficará este trabalho. É evidente a obrigação do Estado, juntamente com as companhias que administram os portos públicos, em garantir a segurança das atividades exportadoras, seja para produtos agrícolas ou manufaturados.

Os portos configuram um modal fundamental para assegurar o crescimento econômico de qualquer país. No Brasil, não é diferente. Mas o Governo tem pela frente um grande desafio. Não só os desvios de carga comprometem a operação dos portos brasileiros. Há também diversas denuncias de irregularidades em licitações, favorecimento de empresas sem processo licitatório e conflito de interesses. A Secretaria Especial de Portos precisa tomar medidas enérgicas, e rápido.

É fundamental revitalizar não só a estrutura física, mas orgânica dos portos nacionais. Agora, mais do que nunca, uma questão de honra para o Brasil.

Antonio Wrobleski Antonio Wrobleski

Especialista em logística, presidente da BBM Logística, sócio e conselheiro da Pathfind. Engenheiro com MBA na NYU (New York University) e também sócio da Awro Logística e Participações. Ele foi presidente da Ryder no Brasil de 1996 até 2008. Em 2009 montou a AWRO Logística e Participações, com foco em M&A e consolidação de plataformas no Brasil. Foi Country Manager na DHL e Diretor Executivo na Hertz. O trabalho de Antonio Wrobleski tem exposição muito grande no mercado Internacional, com trabalhos em mais de 15 países tanto no trade de importação como de exportação. Além disso, ele é faixa preta em Jiu-jítsu há 13 anos e pratica o esporte há 30 anos.

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