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Conteúdo 12 de março de 2021

Privatização dos Correios: complexa necessidade

Em busca de mais eficiência, a privatização é fundamental. Mas demanda critérios.

 

Sou totalmente favorável à privatização dos Correios. Mas para que esse processo seja realmente favorável ao País como um todo, é fundamental estar atento a pontos essenciais e cumprir requisitos rigorosos.

O primeiro ponto é reconhecer que não temos condições de continuar arcando com os custos de operação dos Correios. A falta de modernização e a total ausência de processos eficientes transformou a estatal em algo não rentável e praticamente inadministrável. Não por acaso, a estatal foi usada para construir esquemas de corrupção para diversos partidos políticos ao longo dos últimos anos, em um esquema que vai continuar caso a gestão não seja alterada.

Eficiência é outra questão central nesse debate, um dos motivos que fez com que a maioria dos países tenha privatizado seu sistema de entrega de encomendas. É inegável que o trabalho que os Correios realizam hoje é arcaico e não há nenhuma expectativa de que será melhorado. O resultado é um serviço que custa cada vez mais caro com produtividade menor, atingindo níveis mais altos de cobranças e reclamações.

Os que argumentam contra a privatização costumam dizer que nenhuma empresa tem o alcance que os Correios têm. Afinal, eles estão em mais de 5 mil cidades brasileiras e, hoje, as empresas que têm mais penetração chegam a 3,5 mil cidades. Por isso que o processo de privatização precisa ser feito com cuidado, com a criação de órgãos reguladores, que vão garantir que toda a população seja atendida, com mais eficiência e qualidade.

Também não podemos entregar a gestão de uma empresa complexa, como os Correios, a marinheiros de primeira viagem. Para prestar esse serviço, o primeiro passo é exigir que a empresa seja multimodal – como é a DHL, resultado da privatização dos correios da Alemanha. Ou seja, a empresa precisa prestar atendimento por via terrestre, aérea, marítima, de acordo com a necessidade de cada entrega, expertise que, hoje, nenhuma empresa brasileira tem.

Há outras exigências que devem ser prioridade em um processo de privatização, que eu considero o tripé de sucesso: tecnologia, gestão e investimento. Todas as empresas que trabalham com logística no mundo precisam contar com as mais modernas ferramentas tecnológicas, para garantir um serviço de qualidade. Também devem manter uma gestão impecável em termos de eficiência e eficácia, para não tornar-se foco de corrupção e atendimento ruim. Por fim, é essencial que façam investimentos constantes em pesquisa e treinamento, algo que, infelizmente, passa longe de acontecer na maioria das empresas estatais.

Privatização é, sim, um mantra que o governo deve seguir. A gestão pública precisa estar focada em suas missões prioritárias, como a saúde e a educação e deixar que serviços como o dos Correios sejam geridos por quem sabe como fazer. E se o que o País receber como resultado de um processo de privatização for bem aplicado, estou certo que pode melhorar, efetivamente, a situação do povo brasileiro.

Antonio Wrobleski Antonio Wrobleski

Especialista em logística, presidente da BBM Logística, sócio e conselheiro da Pathfind. Engenheiro com MBA na NYU (New York University) e também sócio da Awro Logística e Participações. Ele foi presidente da Ryder no Brasil de 1996 até 2008. Em 2009 montou a AWRO Logística e Participações, com foco em M&A e consolidação de plataformas no Brasil. Foi Country Manager na DHL e Diretor Executivo na Hertz. O trabalho de Antonio Wrobleski tem exposição muito grande no mercado Internacional, com trabalhos em mais de 15 países tanto no trade de importação como de exportação. Além disso, ele é faixa preta em Jiu-jítsu há 13 anos e pratica o esporte há 30 anos.

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