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Conteúdo 4 de janeiro de 2022

Qual melhor estratégia na gestão dos estoques? Será que há uma resposta?

 

04-01-22

Recentemente vimos publicado pelo Financial Times e republicado no Valor Econômico uma matéria sobre a migração na estratégia de empresas que adotavam o modelo “puxado”, conhecido como Just in Time, para o modelo “empurrado”, o Just in Case.

Pode parecer uma “luta” sem fim, e há aqueles que defendem um modelo ou outro, como certo vs errado, bem vs mal etc.

O ponto é que de fato não há certo ou errado, melhor ou pior… há sim o mais adequado, e como não é surpresa, o adequado varia conforme a situação.

O modelo JIT (Just in Time) apresentado como modelo japonês, lean, e solução para todos os problemas, tem sem dúvida várias virtudes, mas depende de características para, de fato, ser a melhor escolha na gestão dos seus estoques.

Entre as características; previsibilidade e estabilidade no consumo e oferta dos materiais, o que devemos concordar, desde março de 2020, é o que menos tivemos.

Vejam, para qualquer negócio, incerteza costuma ser compensada com estoque, quer seja a flutuação no consumo destes materiais, quer seja por incremento nos estoques de segurança.

E aqui é que temos os pontos que levam a uma maior cobertura dos estoques. Temos uma situação de oscilação, também conhecida na psiquiatria como transtorno bipolar, alterações frequentes no humor, com altos e baixos, e assim, acontece com o mercado, com forte retração, seguida de acentuada demanda.

Assim, quando sentimos uma queda nas vendas, paramos de produzir ou comprar, e na retomada há uma possível falta de insumos e matérias-primas, visto que, quando paramos de comprar, nossos fornecedores, em cadeia, também redefinem suas estratégias de produção e aquisição, aí temos o já conhecido efeito de Forrester, ou efeito chicote.

Variações no consumo, racionamento e formação de lotes de compra e produção são gatilhos para o efeito chicote, que junto com a pandemia de Covid-19 contribuíram para o ambiente de tempestade perfeita.

Outro ponto que tem contribuído para esta mudança de estratégia na gestão dos estoques é a variação nos preços, em especial seu aumento, bem conhecida para nós brasileiros como inflação. Aumento de demanda, com redução de oferta tem um resultado certo, os preços aumentam.

Sabendo que os preços estão em ascensão, para um menor preço médio, antecipamos algumas compras, e assim, cria-se um ciclo vicioso, e que se nada for feito, perde-se o controle.

Naturalmente com uma trajetória de alta nos preços, com risco de falta e incerteza no abastecimento e consumo, vamos para um incremento nos níveis de estoques, e nesta linha é que a matéria já citada evolui.

Mas, como aqui não temos a intenção de esgotar o assunto, mas especialmente criar um ambiente de reflexão, não estamos recomendando que aqueles que possuem estratégia de gestão puxada façam uma migração para empurrada, pois, mesmo que para a maioria o ambiente é mais favorável ao Just in Case, não significa que o modelo Just in Time não seja mais válido, ou até ultrapassado.

Não, não é isto, mas o mais importante é considerar que o cenário empresarial se altera e assim, temos de adaptar o modelo de gestão também ou, pelo menos, reavaliá-lo, decidindo por uma estratégia ou outra, ou por que não por um modelo híbrido, tão na moda, com parte puxado e parte empurrado.

Aqui o principal é estar apto à correção de rumo o mais prontamente possível, sem inércia e com máxima agilidade, o que há alguns anos já sabemos que é a chave para o sucesso. Esteja aberto à melhoria sem ficar “preso” ao modelo.

 

Edson Carillo Edson Carillo

Diretor da Connexxion Consulting, engenheiro, com MBA em Administração Industrial e Especialização em Gestão Executiva pela St. John´s University (The Peter J. Tobin College of Business) tem mais de 30 anos de experiência em supply chain management – logística. É consultor e instrutor nas áreas de operações (SCM e Manufatura). Especialista em Lean Manufacturing pelo Kaizen Institute e TOC pelo Avraham Goldratt Institute. é também vice-presidente da ABRALOG – Associação Brasileira de Logística. É Professor de MBA na FGV. Coautor de diversos livros. Foi engenheiro industrial das Indústrias Alimentícias Kibon e engenheiro pesquisador na Cia Ultragaz. www.connexxion.com.br.

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