Antes de mais nada, e de deixar claro qual o meu ponto de vista acerca do futuro, o que, claro, já vai impactar o segundo semestre deste ano, eu quero chamar a atenção de vocês para algo que já não é uma novidade (se for para você, corra já para o século 21), mas que algumas marcas e empresas tendem (ainda) a ignorar: tecnologia.

Sei que muitos de vocês que estão lendo já reconhecem os impactos positivos gerados a partir da interface da tecnologia com a logística, mas, para aqueles que ainda estão resistentes, resolvi fazer um apanhado (quase um overview) do que entendo ser o que vou chamar de uma logística 4.0, sob o domínio tech.

A tecnologia desempenha um papel significativo na formação e influência no campo da logística, de forma rápida, e em bullets:

– Visibilidade da cadeia de suprimentos: visibilidade, em tempo real, da cadeia de suprimentos, permitindo o seu monitoramento, para um planejamento mais aguçado e melhor experiência do cliente (ainda quero escrever um artigo apenas sobre isso).

– Gerenciamento de estoque: tecnologias avançadas, como leitura de código de barras, identificação por radiofrequência (RFID) e sistemas de gerenciamento de armazém (WMS) revolucionaram o gerenciamento de estoque. Essas tecnologias permitem o rastreamento preciso e automatizado dos níveis de estoque, reduzindo erros, minimizando faltas de estoque e otimizando o atendimento de pedidos.

– Otimização de transporte: dados avançados de planejamento de rotas, rastreamento por GPS e sistemas telemáticos, para rotas mais otimizadas, menos consumo de combustível e tempo de entrega.

– Automação de armazéns: separação de pedidos automatizados, classificação, embalagem e gerenciamento de estoque para maior velocidade, precisão e com riscos mitigados.

– E-commerce (outro tema que merece um artigo dedicado): não há mais como pensar logística sem trazer os e-commerces e marketplaces para a mesa. A tecnologia permite o processamento eficiente de pedidos, rastreamento on-line e integração com provedores de entrega.

– Análise de dados e inteligência artificial: dados são reais. Já ouviu falar disso? Sinto te dizer, mas se a sua operação não se pauta em dados, ela está errada, ou vai falhar muito em breve. A coleta e análise de grandes quantidades de dados gerados em toda a cadeia de suprimentos permitem que os profissionais de logística tomem decisões corretas.

– Tecnologia Blockchain: mais segurança, rastreabilidade e transparência nas operações logísticas, além de reduzir fraudes, simplificar processos de documentação e aumentar a confiança entre empresas e consumidores, em casos de relacionamentos B2C.

No geral, os impactos desse casamento são extremamente positivos e se tornaram ainda maiores após a pandemia de Covid-19, momento em que, por conta do isolamento social e estratégias de contenção do vírus, a dinâmica de consumo das pessoas mudou e, com ela, a forma como a logística funciona.

Depois desse pequeno resumo, que pode não ser novidade para muitos, mas há coisas que precisam ser pontuadas, você deve estar se perguntando: e agora? Qual a perspectiva de futuro? Eu vos digo: percebo um tom de normalidade, isto é, as coisas estão começando a chegar no lugar, já que é possível enxergar algumas pré-definições no cenário, principalmente, o brasileiro.

Entre tudo o que é percebido, é importante ressaltarmos: os indicadores mostrando o crescimento do PIB, mais empregabilidade, o grande conflito sendo controlado e uma maior adaptação da indústria. Isso fez com que aquele ciclo mais escuro que estávamos vivenciado, essencialmente do ponto de vista econômico, chegasse ao fim. E mais: ainda é possível perceber uma queda na Selic (eu sei, ler isso é quase um oásis).

Quero encaminhar esse artigo dizendo que, apesar da ajuda da tecnologia e da luz do fim do túnel já ser percebida, 2023 ainda será um pouco mais bagunçado. Então, como dever de casa, você deve fazer duas coisas: 1) colocar a casa em ordem; e 2) começar a planejar o seu 2024 (do ponto de vista econômico, claro, mas principalmente como a sua logística, aliada à tecnologia, vai funcionar). E, sobre planejamento, quero elencar mais alguns tópicos, semelhante ao que fiz acima.

O planejamento logístico é um processo crítico (e, por isso, precisa da sua atenção desde já), que envolve a tomada de decisões estratégicas e táticas necessárias para garantir um fluxo capaz de gerar resultados. Algumas chaves para ficar no seu radar:

– Previsão de demanda: analise históricos, tendências de mercado e opiniões de consumidores, isso vai te ajudar a determinar o seu futuro.

– Projeto de rede: tome decisões (de novo, baseada em dados) sobre o número e localização de armazéns, Centros de Distribuição e rotas de transporte. Leve em consideração a proximidade com a sua entrega final e os custos envolvidos na operação (otimização, sempre).

– Gestão de estoques: estude a quantidade de estoque ideais e as estratégias de reabastecimento. O objetivo é equilibrar os custos de estoque com os níveis de serviço ao cliente, garantindo a disponibilidade de estoque suficiente e minimizando os custos de manutenção e falta de estoque.

– Planejamento de transporte: otimize as suas rotas de transporte, agendamento de entregas e gerenciamento de custos de frete. O objetivo é encontrar as formas mais eficientes e econômicas de transportar mercadorias dos fornecedores aos clientes.

– Gestão de riscos: avalie e reduza os riscos na cadeia de suprimentos, localizando possíveis interrupções, como desastres naturais, greves trabalhistas ou problemas com fornecedores. E, a partir disso, trace um plano do que fazer para superar.

À medida que olhamos para o futuro, o cenário de negócios está definido para transformações notáveis ​​impulsionadas por avanços tecnológicos, crescentes demandas dos consumidores e conectividade global. As oportunidades que temos pela frente são positivas, o que pede adaptação (e planejamento) para convivermos em um ambiente extremamente dinâmico.

Se, depois disso tudo, ainda te sobrar dúvidas sobre tecnologia e planejamento, é necessário que você saia para tomar café com o seu concorrente, para entender que, em um mercado extremamente competitivo, não há mais espaço para tomadas de decisão baseadas em achismos e percepções que se tornaram obsoletas na praça.

O futuro já é amanhã.

Se planeje.