Traduzindo uma Torre de Controle Logística – Como uma Torre de Controle pode auxiliar o Supply Chain Management?

15/09/2023

Seguindo o modelo dos grandes aeroportos no mundo que utilizam torres de controle desde 1921 para gerenciar um tráfego aéreo cada vez mais complexo, a torre de controle para Supply Chain seguiu o mesmo caminho. Embora seja conhecido por muitos como um sistema de monitoramento do transporte, a torre de controle pode ser uma ferramenta poderosa para tomadas de decisão rápidas em toda a cadeia.

Mas afinal, o que é, e como uma Torre de Controle pode auxiliar na eficiência das organizações?

Uma torre de controle é uma plataforma sistêmica integrada, com a função de fornecer visibilidade e controle de ponta a ponta do Supply Chain. É uma espécie de “hub” de informações. Ao integrar e estender os sistemas ERP, WMS, TMS, etc. existentes nas operações a fornecedores, indústrias, 3PLs e outros parceiros, a torre deve fornecer uma visibilidade granular ideal para viabilizar ações e controle operacional em toda a cadeia, ajudando a otimizar os prazos de entrega, reduzir os custos de estoque, mitigar riscos de ruptura em tempo real e aumentar o nível de serviço em geral.

É importante visualizar que sem torres de controle, os “links” do Supply Chain são vulneráveis ​​a muitas formas de rupturas, desde eventos climáticos, faltas de estoque, ineficiências operacionais, problemas de infraestrutura, dentre outros. Para empresas que dependem da entrega efetiva de produtos, componentes e materiais, o controle desses riscos é uma preocupação estratégica essencial.  Um problema em um porto qualquer de outro continente pode causar uma reação em cadeia de produção perdida, entregas atrasadas, vendas perdidas e clientes insatisfeitos em todo o mundo.

Uma torre de controle robusta deve atender os seguintes requisitos:

– Planejamento de pedidos em tempo real: para melhorar os níveis de serviço ao cliente, a torre de controle deve ser capaz de capturar dados importantes em tempo real, como tempo de entrega, disponibilidade de estoque e custos de transporte. Isso permite que você sempre selecione o melhor e mais econômico fluxo de pedidos.

– Gerenciamento de exceções: a torre de controle também deve rastrear os principais pontos do Supply Chain, e enviar alertas quando surgirem problemas. Mais importante que os alertas, são os protocolos e as ações que devem ser realizados pela equipe, que atua de forma a mitigar os riscos na cadeia.

– Visibilidade granular: a torre de controle deve fornecer visibilidade em nível granular com detalhes de cada pedido para atender efetivamente a todos os elementos necessários.

– “Analytics”: a consolidação de dados analíticos gerados em toda a cadeia proporciona informações de apoio nas tomadas de decisão de planejamento, de ajuste nos protocolos e de aumento na eficiência. Para isso ocorrer, um processo robusto de melhoria contínua deve estar instalado.

Como vimos acima, não é apenas o sistema que garante a solidez de uma torre de controle. A tecnologia é fundamental, mas sem processos bem definidos e trabalho de engajamento e motivação com as pessoas, a tecnologia por si mesma, não causa a mudança necessária.

Para o correto e eficiente funcionamento, ela deve se basear em três pilares fundamentais:

Tecnologia: há a centralização das informações logísticas provenientes das diversas tecnologias (ERP, WMS, Rastreamento, TMS, Comunicação com o motorista), criação de alertas para a tomada rápida de decisão e sistemas de análise para feedback e melhoria do processo. Um dos principais ganhos do pilar de tecnologia é a visibilidade em tempo real, já que não é possível fazer gestão do que não se vê.

Pessoas: que são responsáveis pelo processo decisório nas ações comuns à rotina, pela resolução dos problemas que fogem à regra e pela análise dos resultados operacionais (“Analytics”).

Processos: uma torre de controle pode operar diversos processos logísticos, como planejamento, pagamento, auditoria de fretes, cotações, análise em tempo real da viagem, entre outros.

Normalmente, você encontra dois tipos principais de torres de controle quando conversa com especialistas:

– Foco no transporte: essas torres de controle oferecem visibilidade para entregas, rastreamento logístico, integração com gerenciamento de riscos (roubos e acidentes), gastos com frete e outros detalhes semelhantes. Devido ao seu foco restrito no transporte, eles tendem a ser comprados como um complemento do TMS.

– Foco no Supply Chain: essas torres de controle se concentram no Supply Chain de várias empresas, garantindo visibilidade, controle de processos e de marcos de controle ponta a ponta. Além do transporte, pode incluir pedidos de vendas e compras, estoque de fornecedores internos e externos, fabricação, manutenção e reparo. Como é oferecida verdadeira visibilidade da cadeia de suprimentos, fornecem uma colaboração mais abrangente e em tempo real com fornecedores e parceiros.

A tabela abaixo destaca ainda as diferenças nas capacidades analíticas e operacionais entre as torres de controle citadas.

MPO – Customer Chain Control (Martin Verwijmeren on Aug 17)
MPO – Customer Chain Control (Martin Verwijmeren on Aug 17)

 

E que tipo de torre de controle deve-se escolher?

Ao analisar as torres de controle, deve-se pensar no foco a ser dado, naturalmente analisando seu custo-benefício. Não existe um modelo mais certo do que o outro, e sim onde se quer atacar. A opção pelo “outsourcing” com empresas especializadas pode ser uma ótima oportunidade para implantação mais rápida e absorção de conhecimento.

À medida que o Supply Chain se torna cada vez mais global, mais multimodal, mais complexo e muito mais digital, uma torre de controle deixará de ser um diferencial competitivo para se tornar requisito obrigatório em qualquer segmento. Quanto antes este processo de transformação iniciar, maior será a reconhecimento pelo mercado.

Compartilhe:
Leonardo Benitez

Leonardo Benitez

Engenheiro com pós-graduação em Administração de Empresas e com MBA em Gestão de Negócios focado em Transportes. Certificações PMP, Black Belt em Lean Six Sigma e CSCP (Certified Supply Chain Professional pela APICS). Experiência de mais de 20 anos em Supply Chain (Diretor de Operações, COO) atuando em operadores logísticos e transportadoras de grande porte nos mais diversos segmentos. Hoje atua como Managing Director/Partner na Andersen Consulting (ex-Connexxion Consulting).

615x430 Savoy julho 2025
Governo publica edital do leilão do Aeroporto do Galeão com lance mínimo de R$ 932 milhões
Governo publica edital do leilão do Aeroporto do Galeão com lance mínimo de R$ 932 milhões
Consumo de biodiesel deve crescer em 2025 e 2026, aponta levantamento da StoneX
Consumo de biodiesel deve crescer em 2025 e 2026, aponta levantamento da StoneX
Motiva vence leilão da concessão da Fernão Dias e prevê R$ 9,4 bilhões em investimentos
Motiva vence leilão da concessão da Fernão Dias e prevê R$ 9,4 bilhões em investimentos
APS transfere administração do Porto de Itajaí para a Codeba a partir de 2026
APS transfere administração do Porto de Itajaí para a Codeba a partir de 2026
Projeto de automação logística da Pitney Bowes gera 70% de ganho de produtividade na operação da Centauro
Projeto de automação logística da Pitney Bowes gera 70% de ganho de produtividade na operação da Centauro
A retrospectiva 2025 reúne as DHL entregas especiais
Retrospectiva da DHL reúne entregas especiais de 2025, como taça CONMEBOL e babuíno

As mais lidas

01

Sem Parar Empresas lança ferramenta de consulta em lote para o IPVA 2026 com parcelamento em até 12 vezes
Sem Parar Empresas lança ferramenta de consulta em lote para o IPVA 2026 com parcelamento em até 12 vezes

02

Label & Pack Expo estreia em 2026 e reúne tecnologias para embalagens industriais, automação e rastreabilidade
Label & Pack Expo estreia em 2026 e reúne tecnologias para embalagens industriais, automação e rastreabilidade

03

Fórmula E emprega tecnologia de ponta para os carros rodarem. E a ABB faz parte deste universo
Fórmula E emprega tecnologia de ponta para os carros rodarem. E a ABB faz parte deste universo