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Conteúdo 11 de maio de 2013

Com dados desde 1997, ANTF destaca evolução do transporte ferroviário brasileiro

Danilo Cândido de Oliveira

A ANTF – Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (Fone 61 3212.8900) acaba de divulgar o balanço do setor até 2012. Com informações consolidadas desde o início das concessões ferroviárias, em 1997, a entidade destaca a expansão do segmento, exaltando os principais avanços em investimentos, movimentação de carga, produção e empregos, além da redução no número de acidentes.

De acordo com o presidente–executivo da Associação, Rodrigo Vilaça, somente em 2012 o sistema ferroviário recebeu a injeção de R$ 4,9 bilhões em investimentos. Desde o início da apuração dos dados, a verba disponibilizada para novas tecnologias, capacitação profissional, compra e reforma de locomotivas e vagões, melhoria das operações ferroviárias e recuperação da malha totalizou R$ 34,88 bilhões. Deste montante, R$ 1,48 bilhão foi aplicado pelos poderes públicos e os demais R$ 33,40 bilhões chegaram aos trilhos através das concessionárias privadas. Há também investimentos previstos para os próximos anos estimados em R$ 16 bilhões.

O setor ferroviário está em seu terceiro ciclo desde o seu início no Brasil. O começo, há dois séculos, deu a largada ao desenvolvimento, que passou pela nacionalização das ferrovias e agora, por fim, ao PND – Plano Nacional de Desestatização. Atualmente, a malha concedida é de 28.366 km, sendo que 22.822 km deste total estão em operação. Segundo Vilaça, o foco principal é desonerar, fomentar e melhorar a qualidade, eficiência e recursos do setor. Das 12 concessões existentes no País, 11 estão nas mãos de seis concessionárias sob a congregação da ANTF. São elas: ALL – América Latina Logística (Fone: 0800 701 2255); TLSA – Transnordestina Logística (Fone: 85 4008.2525); Vale (Fone: 31 3916.2025); FCA – Ferrovia Centro Atlântica (Fone: 0800 285 7000); FTC – Ferrovia Tereza Cristina (Fone: 48 3621.7700); e MRS Logística (Fone: 0800 979 36363).

Com a entrada das empresas privadas, os reflexos na produção ferroviária foram sentidos rapidamente. A eficiência operacional do setor também é comprovada através dos dados da associação. Em 2012, a prestação do serviço de transporte por quilômetro útil aumentou para 297,7 bilhões de TKU (tonelada por quilômetro útil), contra 290,5 bilhões em 2011. O avanço foi de 2,5%, enquanto o PIB nacional cresceu 0,9%. Se comparado ao período inicial, de 1997, o aumento foi de 117% até o ano passado.

Ficar acima do PIB, inclusive, tem sido normal durante a expansão ferroviária. Apesar de o crescimento ter sido modesto no último ano, Vilaça destaca o acumulado de todo o período. “Realmente crescemos pouco em 2012, mas é importante destacar que foi um ano de crise em que o PIB do Brasil também avançou muito pouco. Se olharmos de 1997 até agora, nossa expansão de 117% contrasta com 55% de crescimento do PIB do País. Com isso, atingimos o patamar de uma das dez maiores ferrovias do mundo”, valoriza o presidente da ANTF.

A entidade projeta crescimento para os próximos três anos, mas o índice deve continuar alto após este período com o término de grandes obras. Dois exemplos são as entregas da ferrovia Transnordestina, que ligará o Porto de Pecém, CE, ao Porto de Suape, em Ipojuca, PE, além do cerrado nordestino em Eliseu Martins, PI, e da “Ferrovia do Frango”, que ligará o litoral catarinense em Itajaí ao Oeste do Estado, em Chapecó.

“Estes projetos têm uma capacidade muito grande de desenvolver a região. Aquele discurso de que não se transporta nada em tal região não cabe mais. No Maranhão ou no Tocantins, por exemplo, era o mesmo tom, que não haveria carga a ser movimentada, e hoje são ramais importantes do Norte/Nordeste”, enaltece Vilaça.

A expansão do setor fez com que as concessionárias também aumentassem seus repasses à União. No ano passado, as ferrovias recolheram R$ 1,58 bilhão aos cofres públicos, sendo R$ 639,3 milhões para o pagamento de parcelas das concessões e arrendamento da malha e R$ 637,4 milhões decorrentes do pagamento da CIDE – Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico sobre as operações ferroviárias. Entre 1997 e 2012, os governos somam R$ 16,83 bilhões arrecadados em tributos federais, estaduais e municipais. Para a ANTF, estes números comprovam que a desestatização da malha ferroviária foi um bom negócio para o Brasil. “A RFFSA – Rede Ferroviária Federal S.A. gerava um déficit de R$ 300 milhões por ano aos cofres públicos. Em 1997, quando as malhas ferroviárias começaram a ser concessionadas, o passivo da rede já ultrapassava os R$ 2,2 bilhões”, afirma o presidente da ANTF.

Por outro lado, a entidade entende que o dinheiro poderia ter voltado de outra forma às empresas e, consequentemente, ao usuário do transporte. Mesmo destacando a ajuda dos governos, Vilaça acredita que algumas situações precisam ser revistas. “São números significativos, não há dúvida, mas precisamos olhar para frente. A CIDE, por exemplo, não serviu para nada no setor ferroviário. É um dinheiro que não retornou em benefício de nada. Iniciamos essa discussão há alguns anos e vamos levar à presidente da República em favor da operação ferroviária”, aponta. “A participação do governo federal tem sido expressiva e nem tem como ser diferente, senão o investidor não vem”, complementa Vilaça.

MOVIMENTAÇÃO DE CARGA
A movimentação de carga também passou por sólida expansão. Como as exportações caíram em 2012, o avanço neste campo econômico foi de apenas 1,3% em 2012, passando de 475 para 481 milhões de toneladas. Em contrapartida, desde 1997, a alta foi de 90%, e ainda deve aumentar mais 24,7% até 2015, o que corresponde a 600 milhões de toneladas de carga transportada em um ano.

Deste crescimento, a principal carga transportada continua sendo o minério de ferro e o carvão vegetal. O avanço em todo o período de medição neste tipo de produto foi de 91,8%, o que corresponde a um salto de 190,2 para 364,9 milhões de toneladas úteis. Por outro lado, é o agronegócio um dos que mais crescem na operação ferroviária, com quase 500% de aumento no transporte até 2012. A entidade também destaca uma tendência para o setor: o transporte de contêineres.

“Queremos aprimorar este tipo de transporte. A ideia é aumentar a capacidade dos vagões para cinco contêineres, vazios ou cheios, e transformar os slots em double-deck (um contêiner em cima do outro)”, vislumbra o executivo. Em 2012, o setor encerrou o ano com 240 mil TEUs transportados e a estimativa é que o índice cresça para 300 mil TEUs em 2013 e até 400 mil TEUs em 2015.

Outro fator de destaque na movimentação é a redução no preço do frete. A ANTF aponta que os custos com combustível vêm caindo gradativamente. De 1997 a 2012, a redução no consumo do diesel foi de 21,2%, o que representa uma economia de 330 milhões de litros. Para Vilaça, a questão tributária está muito forte nesta área de energia, por isso as concessionárias acenam com a economia de combustível para aumentar a movimentação de carga com menores valores de frete.

INDÚSTRIA FERROVIÁRIA
Com o crescimento do setor, o impacto na indústria de equipamentos ferroviários é consequente. A expansão da frota de locomotivas e vagões já registra 116,5% de crescimento em relação a 1997. Naquele ano, eram 1.154 locomotivas e 43.816 vagões em atividade. Já em 2012, o setor fechou o ano com 3.102 locomotivas e 94.271 vagões em operação.

A idade média da frota também vem diminuindo com o passar dos anos. Hoje em dia, dos 42 anos de média na década retrasada, o setor ferroviário está com 25 anos de média da frota. Fora a operação com equipamentos mais novos, a indústria tem incrementado a produção com materiais ecologicamente sustentáveis. A tecnologia utilizada na construção das locomotivas também é destaque da atual linha de produção, já que são equipadas com computador de bordo, rastreador via satélite, GPS, alarmes de alerta e sistema de comunicação por meio de rádio.

Vilaça exalta os números e defende as concessionárias das críticas feitas nos últimos anos. “Como não estamos fazendo o nosso trabalho? A cultura do trem retornou, muito em função do transporte de passageiros, é verdade, mas chegou, e o crescimento está sendo aqui destacado. A exemplo da ferrovia, a rodovia pedagiada é muito melhor que a administrada pelo poder público”, dispara.

Os vagões fora de serviço também fazem parte da pauta de discussões da entidade. Como os compartimentos sucateados nos pátios das estações ferroviárias ficam sem função, a imagem torna-se negativa. No entanto, Vilaça isenta as concessionárias de culpa. “Realmente estes vagões abandonados tornam-se focos de violência, mas não temos o que fazer. Estamos discutindo essa situação com os órgãos competentes, mas o empresário do setor privado não tem culpa desse abandono”, salienta.

GARGALOS
Atualmente, o Brasil está batendo recordes na produção de commodities, mas enfrenta sérios problemas na hora de embarcar as mercadorias. De acordo com a Conab/MAPA, o País colherá 185 milhões de toneladas de grãos na safra 2012-2013. A China é um cliente importante para a soja brasileira, por exemplo, mas tem optado por vizinhos, como a Argentina, devido à demora do Brasil em entregar o grão no comércio exterior.

Para realizar o processo, o País encaminha a seus portos 58% de tudo que produz através de rodovias, enquanto que as ferrovias representam apenas 25%. Para Vilaça, essa atuação dos trens precisa aumentar muito para melhorar o gargalo logístico que se forma no entorno dos portos.

“Não queremos tomar o lugar do caminhão. Queremos apenas que os produtos sejam enviados aos portos através do modal adequado. O trem não é inimigo do caminhão, pelo contrário.
O trem é um benefício para o meio ambiente e para o trânsito, já que uma série de locomotivas carregadas retira milhares de carretas das estradas”, conclui o presidente da ANTF. 

 

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