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Especial 6 de julho de 2015

Eventos organizados por associações fazem sucesso em todo o mundo

Modelo vem mostrando capacidade de atrair público qualificado e grandes players de diversos segmentos

Em 1909, a Associação dos Fabricantes de Equipamentos (AEM, da sigla em inglês), dos Estados Unidos, já tinha noção da importância da realização de seu próprio evento para divulgar as indústrias que representa ao grande público. Naquele ano, ocorreu a primeira edição da Conexpo, que com o passar do tempo consolidou-se na maior feira da área de construção do mundo – a mais recente edição, em 2014, atraiu em torno de 130 mil pessoas de vários países ao Centro de Convenções de Las Vegas.

Parte do sucesso é explicado pelo fato de as entidades de classe terem enorme capacidade de mobilização, garantindo presença maciça tanto de empresas como de público qualificado. “As associações têm muitos acordos com distintas instituições profissionais, isso faz com que tenhamos um relacionamento melhor, permitindo assim mais contatos com visitantes de todo o mundo”, explica Paul Puissegur, diretor de Eventos para América Latina da AEM.

Para o consultor Fernando Lummertz, especialista na área de feiras, apesar de não haver dados oficiais, a tendência é que haja crescimento desse tipo de evento. “As associações carregam todo um aspecto político corporativo importante, que é de direito da entidade”, afirma. Segundo ele, o respaldo das associações permite ainda uma vantagem grande aos expositores por poder oferecer preços mais atrativos às empresas interessadas em comparecer aos eventos.

Os resultados positivos desse modelo de feira chamaram a atenção de diversos países, entre eles o Brasil. Há 20 anos, a Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia Para Construção e Mineiração) organiza a M&T Expo, maior feira do segmento da América Latina. “As associações promovem esse tipo de evento visando fomentar o mercado como um todo, fazendo a ponte entre mercado, sociedade e governo”, explica Afonso Mamede, presidente da Sobratema.

O sucesso de eventos organizados por entidades vem estimulando a entrada de novos players no segmento, como a ABIMAQ (Associação Brasileira de Máquina e Equipamentos), que realizará três grandes feiras de negócios nos próximos dois anos: a Feimec (Feira Internacional de Máquinas e Equipamentos), em 2016, a Plástico Brasil (Feira Internacional do Plástico e da Borracha) e a Expomafe (Feira Internacional de Máquinas-Ferramenta e Automação Industrial), ambas agendadas para 2017.

“Esses eventos já vêm sendo planejados há muito tempo. É um sonho antigo da ABIMAQ proporcionar mais uma ferramenta que contribua com o fomento de todo o segmento”, explica Carlos Buch Pastoriza, presidente da associação. Ele enaltece ainda o fato de finalmente poder contar com um espaço que disponibilize toda a infraestrutura necessária para feiras desse porte, citando as obras de remodelação do São Paulo Expo, na capital paulista, que tornarão o local em um dos mais modernos centros de exposição da América Latina. Liliane Bortoluci, diretora comercial das feiras, também comemora as novidades. “Como vemos em outros países, as feiras de iniciativa de entidades representam o setor, estimulam o desenvolvimento da indústria junto aos governantes e otimizam os resultados dos expositores”, diz.

Modelo híbrido

Se por aqui optou-se pela criação de eventos próprios, o mesmo não aconteceu em outros locais do globo. Alguns países decidiram simplesmente importar uma feira já estabelecida, como o da Conexpo. É o caso de Chile, Índia e África do Sul, que passaram a editar suas próprias versões do evento norte-americano e, no caso dos dois últimos, contando ainda com uma parceira de peso: a bauma, maior feira mundial de maquinário para diversos segmentos da indústria.

Diferentemente da Conexpo, o evento realizado desde a década de 1950 em solo alemão não é organizado por entidades de classe. Isso não impede, porém, a formação de importantes parcerias ao redor do globo, que vêm mostrando resultados bastante expressivos. “As associações têm uma excelente rede de contatos, conhecem bem o mercado e sabem o foco que deve ser dado aos eventos”, opina Collin Davis, diretor de Projetos da Messe München International, organizadora da bauma.

A feira multinacional de origem alemã, por sua vez, se faz valer de um tipo de organização diferente, em que as associações se unem a uma promotora para colocar em prática um modelo “híbrido”, em que cada lado colabora com o que tem de melhor. Para Mamede, da Sobratema, “esse modelo é o futuro”. O executivo, porém, faz uma ressalva. “A entidade tem que ditar as regras, não pode perder sua liderança. Precisa ter voz ativa, dizendo de que maneira deve acontecer o evento”, afirma. O consultor Lumertz segue na mesma linha. “Torço pelo modelo híbrido, que permite às entidades gerarem mais e melhor conteúdo e usa a especialização dos organizadores para fazer tudo isso bem feito”, diz.

O recado parece já ter sido captado por algumas entidades, como a própria ABIMAQ, que realizará suas feiras de negócios em parceria com a BTS Informa, uma das maiores promotoras de feiras de negócios do mundo.

Nova cara

Não é apenas a forma de organizar feiras que vem sendo alterada. A internacionalização e a globalização criaram uma nova tendência na área de grandes feiras: a interatividade. “Hoje em dia você tem que fazer coisas que interajam com os visitantes, pois o perfil deles agora é mais jovem, mais educado e com acesso a tecnologia”, explica Tom Cindric, vice-presidente da Informa Exhibitions, uma das maiores organizadoras de eventos e geradoras de conteúdo do mundo. “Como os visitantes já conhecem o produto pela internet antes mesmo de comparecer ao evento, eles procuram aproveitar as feiras para tocar, testar e ver como as coisas funcionam. Eles querem fazer o test drive”, afirma.

Isso explica o porquê de os eventos estarem cada vez mais próximos de grandes parques de diversões, com estandes apostando em uma miríade de atividades interativas. Tudo para cativar o grande público. Também mostra a importância que as pessoas dão por conhecer de perto os produtos, razão pela qual o circuito internacional de feiras não para de crescer.

O Brasil é um exemplo disso, por isso associações como a Sobratema e a ABIMAQ não medem esforços para fortalecer e criar seus eventos. A boa notícia é que, para os especialistas internacionais, o atual cenário de desaquecimento econômico não tira do país o rótulo de importante mercado global, o que promete continuar atraindo o investimento de empresas estrangeiras.

“O Brasil é um país que tem uma população muito interessante, no que diz respeito à quantidade de gente e ao consumo”, diz Puissegur, da AEM. Para ele, o país “tem problemas, mas é como toda a América Latina: tem um mau momento, mas com o tempo melhora”. Tom Cindric, da Informa, segue na mesma direção. “Essa oscilação é típica da indústria, o país irá se recuperar em breve”. O diretor de Projetos da Messe, Collin Davis, engrossa o coro dos otimistas. “Talvez o país passe por dificuldades nos próximos dois anos, mas o mercado irá se recuperar cedo ou tarde e será uma oportunidade interessante para as companhias internacionais fazer parte dele”, diz.

Por aqui, a visão positiva também ganha força. Segundo Fernando Lummertz, participar das exposições significa “uma forma de sobrevivência” no momento atual. “O meio industrial não dispõe de ferramentas de marketing B2B [business to business] como o varejo para a geração de negócios, exceto as feiras”, diz. Para ele, “com negócios caindo, se esconder no mercado pode resultar em uma queda ainda mais vertiginosa”.

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