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Logística e Meio Ambiente 12 de agosto de 2021

Logística Reversa: Atuação de OLs e transportadoras é pautada por regras rígidas, de modo a preservar o meio ambiente

Além do mais, um assunto tão delicado quanto a logística reversa, em termos não apenas de questões ambientais, mas também políticas, sociais e de saúde pública, exige uma relação muito próxima entre a empresa contratante e os OLs e as transportadoras.

 

Com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lei 12.305/10, criada em 2010, fabricantes, distribuidores, importadores e comerciantes passaram a compartilhar as responsabilidades sobre o ciclo de vida do produto, buscando uma redução dos resíduos e de seus impactos à saúde.

E, como um dos instrumentos da PNRS, a logística reversa tem, nos Operadores Logísticos e nas transportadoras, um dos elos mais fundamentais.

“Por atuarmos com produtos químicos, atendemos mais de 400 leis, regulamentos, portarias e decretos. No caso dos resíduos sólidos, existe uma documentação própria que precisa ser enviada. Além disso, nós precisamos estar adequados no SIGOR (Sistema Estadual de Gerenciamento Online de Resíduos Sólidos). Criado pela CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, essa é uma maneira digital de fiscalizar o transporte dos resíduos desde a empresa até o local de distribuição”, explica Gislaine Zorzin Gerin, diretora Administrativa da Zorzin Logística.

Já Maurício Fernandes Cortizo, gerente de Operações e Projetos da Mosca Logística, destaca que possuem manual de boas práticas (POP) supervisionado pela sua farmacêutica, onde é explicado como deve ser toda a segregação, recondicionamento e carregamento dedicado para atender a legislação, evitando a contaminação cruzada com demais produtos.

 

Características do setor

Como se trata de um processo extremamente complexo, com a logística reversa, empresas de variados setores podem cumprir uma importante função social e ambiental.

Antonio Augusto Vieira, gerente de Segmento da TPC Logística Inteligente, lembra que há algumas características importantes do desenvolvimento dessa atividade que alavancam inúmeros benefícios para a empresa de todos os segmentos. Entre eles: potencial de redução de custos com reaproveitamento da matéria prima; melhoria do processo produtivo, recolhendo produtos com defeitos ou fruto da insatisfação de cliente; imagem corporativa e relacionamento através da flexibilidade em entender e se adaptar, o que está sendo cada vez mais cobrado pelos clientes; e ampliação das vantagens competitivas, pois com um mercado competitivo, a logística reversa pode ser um diferencial e uma vantagem para as empresas saírem na frente da concorrência, aumentando, ainda, o valor da sua marca.

Por sua vez, Gislaine, da Zorzin Logística, descreve que o segmento de logística reversa proporciona um trabalho geral a respeito do tratamento de resíduos que não são descartados de maneira incorreta. “No nosso caso, pelo fato de nos especializarmos em logística de produtos químicos, trabalhamos com resíduos que necessitam de um cuidado ainda maior, pois são produtos que podem trazer riscos irreversíveis ao meio ambiente e, por consequência, danificar a imagem do cliente para sempre.”

Por outro lado – continua a diretora Administrativa –, devido ao rigor das regras jurídicas, que a cada ano ficam mais complexas, é preciso de outro cuidado específico com profissionais da área do Direito para garantir que está sendo seguido o que é solicitado pela legislação.

“Ainda temos um longo caminho a percorrer, contudo, as empresas estão atuando com responsabilidade na questão do controle e administração dos resíduos gerados para que eles não tragam danos ao meio ambiente e à sociedade.”

Cortizo, da Mosca Logística, também pondera que o setor conta com empresas especializadas com alto índice de treinamento dos colaboradores e conhecedoras da legislação, possuindo maquinário e EPI´s próprios para atividade.

Marcelo Azevedo, diretor nacional de Operações da Ativa Logística, aponta, por outro lado, que este é um segmento em crescimento, principalmente no tocante ao e-commerce, porém, há situações no B2B em que se aplica muitas vezes a logística reversa, e o OL/transportador devem estar preparados para atender.

 

Relação entre empresas

Um assunto tão delicado quanto a logística reversa, em termos não apenas de questões ambientais, mas também políticas, sociais e de saúde pública, exige uma relação muito próxima entre a empresa contratante e os OLs e as transportadoras para que dê resultado.

A logística reversa é um procedimento que permite ao consumidor retornar à empresa um produto após seu consumo, de forma que o fabricante possibilite um descarte correto. “Portanto, esse é um processo crítico na cadeia logística que exige um sistema de gestão integrada entre as empresas participantes, através de um processo robusto de controle de todo o fluxo com os parceiros de transportes, seguindo as exigências legais e as melhores práticas exigidas pelo contratante”, diz Vieira, da TPC Logística Inteligente.

Ainda segundo ele, a execução de forma incorreta desse importante processo gera impactos negativos na imagem da empresa, além de possíveis impactos à saúde e ao meio ambiente.

“A relação quanto à logística reversa deve ser muita clara e objetiva para que se possa executar o trabalho com excelência. Os procedimentos burocráticos, tais como agenda, dados fiscais, separação da carga, embalagens adequadas e tudo devem ser bem providenciados pelo local onde será feita a coleta. A partir deste ponto não há problemas. As situações podem se complicar caso tenhamos falhas na preparação acima mencionada”, explica Azevedo, da Ativa.

Transparência e seriedade na condução são os requisitos, de acordo com Cortizo, da Mosca Logística, já que o assunto requer extremo rigor e pode causar possíveis problemas de saúde à população caso tenha outra destinação.

Gislaine, da Zorzin Logística, também enfatiza que a relação entre o cliente e a transportadora precisa ser minuciosa, pois em cada etapa do deslocamento podem acontecer pendências que atrapalham a coleta dos produtos.

“Geralmente, trabalhamos em pontos de coleta distintos. Sendo assim, para não haver demora na operação, tudo precisa estar bem planejado. O cliente precisa fornecer todas as características dos resíduos que serão coletados, pois, na maioria das vezes, é necessário equipamentos, placas de risco e EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) específicos”, diz a diretora Administrativa da Zorzin Logística.

 

Problemas

Pelo visto, este é um segmento onde a atuação requer ações precisas para que não haja danos ao meio ambiente. Mas, isto não impede que sejam enfrentados alguns problemas para se atuar com a logística reversa.

Organização. Esta é a base de todo trabalho de logística reversa, pois é um processo que foge do convencional e a preparação da mercadoria é fundamental para o bom andamento do processo, pontua Azevedo, da Ativa Logística.

Cortizo, da Mosca Logística, aponta como maior problema o custo. Isto porque o retrabalho e demais cuidados acabam onerando em muito a operação. E a indústria muitas vezes não consegue reaproveitar os produtos e boa parte acaba indo para reciclagem ou Scrap (descarte), gerando ainda mais custo para incineração ou outra destinação.

Considerando que a logística reversa é um segmento de complexidade ainda maior, sobretudo no Brasil, pois o nosso modal principal é o rodoviário, que enfrenta uma gama enorme de problemas relacionados à distribuição, Vieira, da TPC Logística Inteligente, apresenta uma lista de problemas: Falta de segurança no transporte das cargas; baixo investimento em tecnologia, em sistemas capazes de fazer a gestão ponta a ponta dos parceiros de transportes – a tecnologia pode reduzir erros e permite traçar estratégias mais assertivas; mão de obra despreparada para atuar na cadeia logística; equalizar o custo do frete versus a qualidade do serviço prestado – a busca pela redução do frete não pode impactar no nível de serviço e nem ser um ofensor nos custos das empresas.

Na verdade, se as transportadoras tiverem a documentação, a licença e os registros, tudo estará bem encaminhado. A equipe precisa estar muito bem preparada em relação ao uso de EPIs necessários, pois, quando falamos do transporte de resíduos, é comum que embalagens apresentem vazamentos ou fissuras que coloquem o meio ambiente em risco.

Portanto, é importante que a equipe faça uma avaliação prévia do material antes de efetuar o carregamento. É necessário que seja identificado se há necessidade de reembalagem, contenção de vazamentos ou outras ações que impeçam qualquer risco.

Da mesma forma – prossegue Gislaine, da Zorzin Logística –, não basta apenas o esforço das transportadoras. É necessário adequar todo o processo das destinadoras para realizar o serviço com o cuidado necessário. Por isso, os laudos emitidos após o processo de logística reversa são tão importantes, pois, é a partir deles que são incentivadas melhores práticas de planejamento e organização que evitam danos ao meio ambiente.

“Contudo, uma vez realizadas todas as obrigações, podemos contribuir para a melhora de produtividade e aproveitamento dos recursos das empresas, além de torná-las bem vistas no mercado devido à adequação nas regras solicitadas pelo público”, completa a diretora Administrativa da Zorzin Logística.

 

E-commerce

Ainda na questão da logística reversa há o e-commerce. Segundo dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), em parceria com a Neotrust, as vendas cresceram 68% ao longo do ano passado e, por conta disso, a participação desse segmento no varejo nacional praticamente dobrou em 12 meses.

Contudo, há dois lados nessa moeda. O crescimento também impulsiona uma das maiores preocupações do varejista na internet: a logística reversa. Recolher pedidos com defeito ou trocados representa um gasto a mais para a empresa e pode causar atritos desnecessários com o consumidor.

Assim, fica a questão: qual o papel dos OLs e das transportadoras neste segmento?

Para Azevedo, da Ativa Logística, o papel é de promover um trabalho bem definido e claro em termos de custos. É fato que a coleta reversa é mais onerosa que a de entrega normal, pois há toda uma preparação, agendamento, horas específicas de coleta e tudo isso faz com que os custos de transportes aumentem.

“É uma relação complexa, pois não há como fazer 100% da logística reversa nos veículos de entregas convencionais, justamente pela pressão de custos dos veículos nas grandes capitais.”

E temos ainda a gestão da coleta reversa fora das grandes capitais, o que coloca mais detalhes administrativos a serem feitos até que a mercadoria chegue à base para ser entregue ao cliente que demandou a coleta. São muitas variáveis envolvidas para manter a qualidade e o nome dos OLs e transportadores com bons prestadores de serviço, adverte o diretor nacional de Operações da Ativa Logística.

“A logística reversa, se não for bem gerenciada, pode gerar um alto custo para as empresas, portanto a escolha correta de bons parceiros logísticos é fundamental para garantir a qualidade dos serviços, segurança jurídica, custo de frete adequado para cada tipo de operação, além de ter um papel estratégico essencial para a construção de uma imagem positiva do negócio junto à sociedade”, completa Vieira, da TPC Logística Inteligente.

Ainda segundo ele, entre os cuidados e obrigações para atuar neste segmento está saber contratar o parceiro logístico correto, analisando a reputação do fornecedor no mercado e o nível de serviço praticado. Também é preciso verificar a capacidade de adaptação dos serviços de transporte oferecidos às necessidades da empresa contratante, analisar minunciosamente as condições e cláusulas do contrato de prestação de serviços e seguir rigorosamente a legislação para evitar problemas relacionados ao Compliance.

“Ainda há a questão de custos para a contratante. Para que estes não tenham aumento significativo, é preciso ter um bom sistema de gerenciamento e roteirização, definir quais são os percursos mais eficientes para as entregas, considerando o volume das cargas, os pontos de distribuição, o gasto de combustível, entre outras variáveis. É recomendado também ter múltiplas opções de transportadoras para que se negocie preços melhores por regiões de entrega e maior flexibilidade no volume de cargas e remessas. Dependendo das circunstâncias, como produtos de menor volume, torna-se mais lucrativo realizar o frete por meio de um modal alternativo com veículos menores (como Fiorino). Optar por meios alternativos pode ser uma maneira inteligente de reduzir os custos logísticos.”

Segundo pesquisa do Conselho de Logística Reversa Brasileira, mais de 75% dos clientes pesquisam os detalhes de como a compra poderá ser realizada, no caso de uma devolução ou troca de produto, para concluir o pedido. Portanto, ter uma relação estratégica que permita que os OLs e transportadoras possam contribuir com conhecimento e desenvolvimento de soluções alternativas junto ao negócio e-commerce é fundamental para reduzir impactos na operação do contratante.

Caso contrário, poderão surgir problemas, ainda segundo o gerente de Segmento da TPC Logística Inteligente. A falta de um planejamento adequado da operação e escopo bem definido no momento da escolha do parceiro logístico podem ocasionar uma ruptura no nível de serviço da contratante e impacto bem relevante na imagem da empresa junto ao mercado. “É importante que essa relação seja estabelecida através de eficácia operacional refletida em SLAs (Service Level Agreement ou Acordo de Nível de Serviço) aceitáveis para a operação, reuniões de performance, prazos para solução de problemas e, principalmente, ter uma visão de melhoria continua”, completa Vieira.

Cortizo, da Mosca Logística, vai pelo lado do fabricante/distribuidor e lembra que é preciso maior descrição dos itens ofertados e sua utilização, já que ainda se depara com alto índice de falta de conhecimento ou anúncios com baixa qualidade de informação/manual de utilização, e o consumidor às vezes acaba comprando sem saber, gerando descontentamento e devolução. “Também temos um problema cultural, muitas remessas são acondicionadas em embalagens inapropriadas e manipuladas pelos operadores sem o devido cuidado, e um dos principais índices de devoluções são as avarias.”

Para o gerente de Operações e Projetos da Mosca Logística, agora com relação a como precisa ser a relação entre a empresa contratante e os OLs e as transportadoras para que a logística reversa dê resultado, uma pesquisa de satisfação bem aprofundada seria o primeiro passo para dirimir os problemas, além de promover fóruns para avaliar as boas práticas do mercado e cases internacionais, devido ao processo estar bem mais consolidado lá fora. Também a aplicação da lei do consumidor poderá agregar mais valor ao produto e empresa, considerando que os consumidores estão cada vez mais exigentes.

 

O que as empresas oferecem

Ativa Logística – Atua com a coleta de produtos para devolução à indústria farmacêutica que são demandadas pelas redes de farmácias. A empresa faz a gestão do pedido de coleta do cliente, agendamento para coleta, retorno da mercadoria para a sua base e depois faz a entrega dos materiais ao cliente.

Mosca Logística – Opera com a logística reversa de alimentos, bebidas, cosméticos, produtos de higiene e utilidades do lar. “Somos especializados no picking, devido às particularidades de cada segmento e cuidados para atender a legislação vigente. No caso de produtos como alimentos, por exemplo, é necessário a indústria dar a destinação correta, atendendo as condições sanitárias e ecológicas”, diz Cortizo.

TPC Logística Inteligente – Realiza a logística reversa de produtos têxteis, acessórios esportivos, calçados e correlatos de produtos médico-hospitalares. Além dos processos de logística reversa da cadeia dos seus clientes, realizada todas as atividades de gerenciamento de operações de Centro de Distribuição de diferentes segmentos do mercado e atua, também, com processo de distribuição e transportes desses produtos para os segmentos B2B e B2C.

Zorzin Logística – Dentre os produtos de logística reversa, trabalha com os resíduos químicos e hospitalares. São materiais que não podem entrar em contato com a natureza por emitirem substâncias tóxicas – como o mercúrio, o cádmio, o arsênio, o cobre, o chumbo e o alumínio, que penetram no solo e na água, contaminando espécies animais ou emitindo gases prejudiciais ao ser humano. “Nas transportadoras, recolhemos os materiais e realizamos toda a documentação necessária para garantir que o produto chegue às mãos da indústria, seguindo a legislação e sem atingir o meio ambiente. Dessa forma, os materiais encontram-se prontos para a reutilização, pois a destinadora fará o descarte de maneira adequada e conforme a sua atuação. Vale destacar que, algumas vezes, o material precisa ser incinerado, não havendo a possibilidade de reutilização. Finalizado os processos, é emitido um laudo de descarte, assegurando que o produto foi recuperado e reutilizado seguindo as regras estabelecidas na PNRS”, completa Gislaine.

 

Logística reversa da Yamaha envolve racks

A logística reversa da Yamaha, realizada pela Yamalog, funciona para o retorno dos racks (embalagens metálicas) para a fábrica em Manaus, AM.

Lá, novamente essas embalagens são utilizadas para proteger individualmente cada motocicleta Yamaha quando esta sai da linha de produção, servindo para a armazenagem, transporte e distribuição das motos até o cliente final, que são os concessionários

“O rack é uma estrutura metálica retornável oriunda de um projeto inovador, capaz de substituir veículos especiais e caixas metálicas descartáveis. Este equipamento permite o armazenamento e transporte de motocicletas de diferentes modelos, que necessitam ser deslocadas de modo seguro e eficiente para os locais de revenda, sem necessidade de montagens ou reparos complementares e com significativa redução de custo”, explica Eurydes Barcellos, diretor de Planejamento e Negócios da Yamalog.

Entre os processos logísticos realizados pela Yamalog, ele cita consolidação destas embalagens nos CDs de destino, transporte de volta à fábrica, armazenagem e alimentação da linha de produção da Yamaha conforme programação.

Barcellos também ressalta que não há problemas na sua relação com a Yamaha, “justamente pela gestão que realizamos e por sermos uma empresa do grupo (Operador Logístico), criado para este fim – atendimento das necessidades da Yamaha, desde a entrega dos produtos acabados e logística de abastecimento, reversas e atendimento a outros clientes”.

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