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Capa 17 de setembro de 2020

Monitoramento e rastreamento de cargas: papel fundamental na pandemia e na retomada

Na verdade, se antes estes recursos já se mostravam essenciais ao transporte e à logística como um todo, o surto de Covid-19 só acentuou a sua importância. E mais ainda: eles vão ser fundamentais para as empresas se adaptarem às mudanças ocorridas no mercado.

 

No transcorrer da pandemia, os setores de transportes e logística foram responsáveis por manter a economia em operação, enquanto vários outros setores estavam fechados ou com funcionamento parcial. Mesmo com todas as restrições impostas nas cidades, podemos notar que não houve desabastecimento no país, e estamos falando de mais de 5.500 municípios e cerca de 211 milhões de pessoas com necessidades de consumo, além das operações para transportar materiais hospitalares, medicamentos, gases e combustíveis etc.

“Para garantir essa operação, foi essencial ter informação confiável e rápida sobre a disponibilidade da frota, a saúde e a segurança dos motoristas, a confirmação de que os produtos estavam sendo entregues, etc. Isso foi proporcionado pelos sistemas de rastreamento e monitoramento.” A observação é de Márcio Toscano, diretor de Marketing, Vendas e Pós Vendas da Autotrac, falando sobre a importância do rastreamento e monitoramento exclusivamente nestes tempos de pandemia.

De fato, como enfatiza Eliel Fernandes das Silva, CEO da Buonny Projetos e Serviços de Riscos Securitários, se o rastreamento e o monitoramento de cargas já se mostraram fundamentais para o controle logístico e disciplina dos motoristas nas operações de transportes, eles passaram a ser ainda mais importantes nesta pandemia, que impôs a paralisação imediata dos serviços ao longo das estradas, deixando os motoristas sem apoio, numa atitude de total falta de planejamento para aplicação de tal medida. “Através do rastreador, a central pôde orientar os motoristas sobre postos de combustíveis que ainda estavam oferecendo apoio com serviços controlados, principalmente alimentação. Nesse período de retomada, no sistema são oferecidas oportunidades de fretes para os motoristas e transportadoras, além de fila online informando o horário que determinada carga chegará, evitando filas, diminuindo a concentração de veículos e motoristas nas zonas de embarque e desembarque.” Ruberley Augusto da Silva, CEO da Dusspy Tecnologia, também avalia a importância do rastreamento e monitoramento exclusivamente nestes tempos de pandemia, ressaltando que, nesse cenário, se tornam itens obrigatórios na logística de transportes, pois além de proporcionarem o controle necessário, ainda permitem o acesso às informações a todo instante, online e em tempo real. Também ajudam a reduzir os riscos de acidentes, permitem a comunicação com toda a equipe, oferecendo, principalmente, suporte em situações de emergência, auxiliam no controle e na redução do consumo de combustível e de manutenções e melhoram a gestão de toda a frota.

“Em períodos de pandemia, o controle e a segurança das frotas se tornam itens quase que obrigatórios. Enquanto todos estavam em casa na quarentena, o setor do transporte trabalhou a todo vapor para abastecer supermercados, farmácias e, principalmente, atender os inúmeros chamados de compras online. E isso fez com que não só o segmento aumentasse a necessidade de gestão destas entregas, como também chamou a atenção das quadrilhas especializadas em roubo de cargas e veículos. E neste momento, o rastreamento e monitoramento tornaram-se ainda mais uma peça fundamental de apoio às frotas, autônomos e responsáveis logísticos de todas as empresas do transporte e indústrias, para não só apoiar nas estratégias, no controle das entregas, como também tranquilizá-los em relação à proteção de cargas e ativos da companhia contra a criminalidade.” Esta visão diferenciada da importância do rastreamento e do monitoramento é dada por Rodrigo Abbud, diretor comercial do Grupo Tracker.

Ricardo Gorodovits, diretor Comercial da GKO Informática, também fala da questão do roubo de carga.

Ele inicia lembrando que o rastreamento e monitoramento de veículos e de cargas ganham importância à medida que o consumidor ou o destinatário da carga pressionam por mais informação, de acordo com o incremento de questões relativas à segurança e desvios, e ainda, quando a necessidade de melhor planejamento de rotas e aproveitamento de equipamentos de transporte se torna mais relevante.

“O momento em que vivemos é especialmente importante pelo crescimento do uso de comércio eletrônico, e neste, o consumidor costuma ser altamente exigente quanto à pontualidade de entrega. Amenizar sua ansiedade por meio de informação é fundamental para o fornecedor manter-se num padrão positivo de percepção de serviços e, neste ponto, o acompanhamento da carga exerce um papel fundamental.”

A menor circulação provavelmente reduziu a incidência de roubos e até mesmo de acidentes, mas Gorodovits não acredita que esteja clara uma tendência definitiva, ainda que 2019 tenha sido um ano de forte redução nos roubos de carga. Ainda assim, o monitoramento, que surgiu no Brasil impulsionado, principalmente, por aspectos de segurança, passa a dar mais relevância aos aspectos logísticos, onde o planejamento de movimentação e a redução de ociosidades são os principais beneficiários das informações coletadas.

“Na retomada da economia, os avanços alcançados não vão retroagir, dando à monitoração e ao rastreamento lugar privilegiado no painel de soluções, cujo incremento persistirá nos próximos anos”, completa o diretor comercial da GKO Informática.

 

Efeitos

Se a importância do rastreamento e do monitoramento foi significativa nesta pandemia, esta, por sua vez, provocou vários efeitos no segmento. Resta saber, também, se as mudanças provocadas são temporárias ou vieram para ficar.

“A pandemia ocasionou a redução das viagens e a consequente diminuição de oportunidades de frete e tentativas de roubo, por consequência reduziu também a carga horária dos funcionários responsáveis pelo rastreamento. Na volta à normalidade, os números voltarão a crescer e, certamente, as tentativas de roubo também. Porém, os treinamentos de motoristas que eram em parte presenciais foram substituídos por e-learning (ensino a distância), o que certamente será definitivo, e os serviços administrativos relacionados à operação que passaram para home office, assim permanecerão”, avalia Eliel, da Buonny.

Falando pela Dusspy, Ruberley diz que, com a restrição da locomoção, todos foram obrigados a repensar a forma de trabalhar, conviver, vender e consumir. “Com o comércio local fechado, até mesmo pessoas que não queriam ou que nunca haviam comprado pela internet, passaram a fazê-lo, o que acabou gerando um fluxo muito maior de coletas e entregas, o que favorece o setor de transportes, e, consequentemente, a necessidade do rastreamento e monitoramento, imprescindível para a gestão. Tudo isso gerou uma necessidade e um avanço de, pelo menos, 10 anos em termos relacionados à evolução tecnológica, comércio eletrônico, trabalho remoto e de pesquisa e desenvolvimento. Por isso eu acredito que essa revolução será um caminho sem volta”, diz o CEO da Dusspy.

Gorodovits, da GKO Informática, também destaca que a redução do movimento econômico trazida pela pandemia acelerou o deslocamento, que já ocorria antes, de se observar tecnologias como estas mais com um olhar logístico do que com o de segurança. Menos gestão de risco e mais planejamento no uso ótimo de equipamentos e malha.

“Importante ressaltar que há um futuro muito promissor no crescimento do uso de IoT e Machine Learning no segmento, permitindo que as informações fluam em tempo real, por meio da comunicação entre cargas, veículos e localizações, e também possam ser utilizadas para antecipar tendências e ganhar previsibilidade na logística de entregas”, complementa o diretor comercial da GKO Informática.

João Castilho, gerente de relacionamento com o mercado do Grupo Delta, ressalta que as mudanças provocadas fizeram com que o frotista usasse infinitamente mais as ferramentas disponíveis. “Acredito que estamos nos reconstruindo em relação ao mundo como um todo.”

Stefan Rehm, CEO da Intelipost, também lembra que, com a pandemia, mais consumidores passaram a comprar online e trouxeram mais demanda para saber o status das entregas. Vale ressaltar que grande parte dos novos consumidores está começando a realizar pedidos online, e ainda não confia tanto assim no funcionamento do e-commerce. Isso torna este público ainda mais ansioso e carente de informação para ter certeza de que a compra vai chegar corretamente, dentro do prazo.

“Vimos um aumento nos últimos meses na busca por entregas mais rápidas, assim como o aumento nas reclamações por falta de visibilidade sobre onde está o pedido. Por isso, as empresas precisam estar preparadas para tornar a logística mais ágil e inteligente, já que estas mudanças vieram para ficar”, completa Rehm.

Obson Cardoso, diretor da Unidade T&T da Pósitron Stoneridge, também coloca que a pandemia trouxe uma mudança de comportamento em toda a cadeia logística, desde formas de comunicação, presencial e a distância, até revisões em fluxos e processos internos operacionais nas empresas. “Portanto, a meu ver, grande parte das mudanças consideradas positivas, como melhoria nesses processos e otimização do tempo de todos os envolvidos, veio para ficar.”

 

Tendências

Se as mudanças vieram para ficar, e elas incluem um maior uso do rastreamento e do monitoramento, poderíamos considerar que a aplicação destas tecnologias é uma tendência? E mais: o que acontece com as empresas que não adotarem estes procedimentos?

“Sinceramente não vejo a menor hipótese de uma empresa de transportes operar atualmente sem um sistema de rastreamento bastante completo. É questão de tempo e ela estará fora do mercado ou carregando produtos de baixíssimo valor agregado, com fretes que não remuneram sequer o financiamento do caminhão. Os embarcadores e o mercado segurador também não aceitam mais esse tipo de empresa. Fazendo uma comparação grosseira, é como se as pessoas tentassem trabalhar sem celular, sem internet e sem e-mail”, setencia Toscano, da Autotrac.

A avaliação de Abbud, do Grupo Tracker, vai pelo mesmo caminho. Ele profetiza: “Empresas que não adotam os sistemas de rastreamento e monitoramento, seja ele para gestão, controle ou segurança, estão ficando obsoletas no mercado. E o consumidor quer mais, quer rapidez na entrega, tranquilidade no recebimento de seu pedido e aqueles que ainda relutarem em se adaptar à tecnologia terão dificuldades de permanecer no jogo (mesmo que no passado isso não fosse necessário)”.

Eliel, da Buonny, também aponta que rastreamento e monitoramento de cargas são uma realidade indispensável às operações de transportes e logística, e quem não dispor delas terá o seu mercado restringido, e num curto espaço de tempo a sua falta deixará a empresa às margens do mercado, gerando cada vez menos oportunidades.

“Não acredito que a aplicação do rastreamento e do monitoramento seja apenas uma tendência, pois é algo indispensável e está para a logística de transportes assim como os sistemas de ERP estão para qualquer empresa. É impossível ter o mínimo de controle necessário, reduzir custos, ganhar agilidade e prestar serviços de qualidade sem a adoção dessas tecnologias”, diz, agora, Ruberley, da Dusspy.

Mais que uma tendência – diz Rehm, da Intelipost –, a utilização de rastreamento e monitoramento é uma necessidade para a sustentabilidade dos negócios, pois proporcionam ganhos em visibilidade e conectividade, o que gera redução dos custos e simplificação dos processos. Melhores previsibilidades e planejamentos de rotas geram economia em combustível, redução das distâncias e melhor aproveitamento dos veículos em relação à carga, o que resulta em melhores prazos de entrega para o consumidor final também. “Ou seja, tudo isso gera uma experiência de compra melhor, reduzindo reclamações e aumentando a chance do cliente comprar novamente”, diz o CEO da Intelipost.

O diretor comercial da GKO Informática também aposta na implementação do uso do rastramento e do monitoramento. “Tanto por questões de segurança, mas especialmente por demandas logísticas e da prestação de serviços, as informações geradas ao sabermos onde está o veículo, onde está a carga, tendem a ser cada vez mais uma commodity, ou seja, uma obrigação a que todos irão aderir.”

 

Tecnologias

Diante deste cenário, são várias as tendências em termos de tecnologias no que se refere a rastreamento e monitoramento de cargas.

Toscano, da Autotrac, ressalta que hoje existe um claro movimento de transformação digital no setor de transportes e logística. Os veículos evoluíram e as exigências da indústria e dos clientes finais também.

Nota-se que os clientes estão muito mais atentos a controles como a telemetria para reduzir riscos de acidente e os custos com pneu e combustível, o controle de jornada eletrônico passou a ser essencial, a preocupação com a segurança continua aumentando muito, não só contra roubos, mas também nas questões ambientais, saúde e acidentes, com o incremento espantoso do e-commerce a confirmação online das entregas, mesmo antes do veículo retornar à base, tornou-se mandatória, e por aí vai.

Para atender essas demandas, o diretor de Marketing, Vendas e Pós Vendas da Autotrac cita o uso de sistemas de câmeras embarcadas nos veículos, sensores de fadiga e de distração dos motoristas, rotogramas falados para auxiliar a condução e alertar de riscos na rodovia, softwares de gestão para analisar a forma como o veículo é conduzido, integração com sistemas do tipo ERP e TMS para disseminar as informações da operação em outras áreas da empresa, terminais móveis baseados em tablets e smartphones para permitir o uso do sistema mesmo fora da cabine etc. “Quando olho para trás e vejo o que vendíamos há 10 anos e o que ofertamos hoje, fico impressionado”, lembra Toscano.

Eliel, da Buonny, por sua vez, diz que sistemas com antenas distribuídas nas áreas de riscos ao longo dos percursos têm iniciado uma trajetória de oportunidades de baixo custo, além de sistemas de imagens embarcados nos veículos, identificação do profissional mais adequado e leitor das mercadorias que controlam dimensões e peso que auxiliam no acondicionamento ideal das mercadorias a serem embarcadas. Existem também App´s que acompanham a viagem e registram as mercadorias com controle das coletas e entregas, esses entre outros já apontam essas tendências. “É importante observar que os sistemas hoje embarcados têm cumprido com fundamental papel neste mercado. As novas tecnologias surgem para acrescentar segurança ao que já temos disponível.” Ainda com relação às novidades, Ruberley, da Dusspy Tecnologia, revela que existe a tendência da adoção ampla de IoT em diversos setores, pois permite a conectividade de qualquer dispositivo à internet e a obtenção de dados em tempo real, o que trará um grande aprimoramento para gestão. Além disso, há a maior utilização de smartphones e tablets que permitem, além do rastreamento e monitoramento do veículo, a facilidade da comunicação com condutor, a possibilidade de informar em tempo real todas as etapas do transporte, comprovantes digitais de coletas e entregas e ainda o controle de dispositivos sem fio via Bluetooth.

“O principal elemento novo é o tratamento via IoT, hoje ainda incipiente, mas que tende a crescer significativamente. Com o crescimento e barateamento dessa tecnologia, podemos ter uma carga sinalizando o momento exato do desvio, seja em tempo real, seja como um ‘log’ a ser utilizado posteriormente.”

Gorodovits, da GKO Informática, prossegue, revelando, novamente, que o procedimento de entrega tende a mudar o modelo de comprovação, tanto para o destinatário pessoa física como jurídica, com modelos que não serão necessariamente os mesmos.

“O setor já utiliza há algum tempo roteirização inteligente, rastreamento por GPS e telemetria para esta finalidade. O que temos visto de tendência é o uso de Machine Learning para a previsão de rotas e níveis de periculosidade, assim como para previsão de cargas e localizações mais perigosas”, comenta Rehm, da Intelipost.

Já para Abbud, do Grupo Tracker, a tendência é o uso de tecnologias que não sofrem com a interferência dos jammers, os quais são utilizados em 100% das operações criminosas de roubo de cargas. Sendo assim, uma tecnologia de RF de longo alcance – extremamente necessária por conta do vasto território que temos no país –, juntamente com um identificador de quando o jammer está em atuação, é hoje o que existe de mais seguro nas operações logísticas. “Infelizmente, quando uma quadrilha especializada quer uma carga, ela fará de tudo para consegui-la e somente com tecnologias que permitem uma ação pós-roubo, ou que rapidamente informam que algo está passando, poderão proteger e reaver sua mercadoria.”

 

Roubo de cargas

Já que falamos em roubo de cargas, como é possível mitigá-lo com o uso do rastreamento e do monitoramento? O que é usado para isto, quais as ações, etc. E mais: quais os setores onde mais ocorrem os roubos de carga?

Eliel, da Buonny, diz que plataformas de monitoramento cada vez mais inteligentes, iscas eletrônicas, mapeamento das áreas de riscos e qualificação cada vez maior dos profissionais da carga e operadores de monitoramento geram inteligência e automações, identificando fatores de riscos com eficiência muito superior à capacidade do ser humano, tornando cada vez mais seguras as viagens. “Produtos de higiene, alimentícios, farmacêuticos, eletroeletrônicos estão entre os mais visados em razão de seus valores elevados e facilidade de colocação no mercado. É de fundamental importância a contratação de empresa de gerenciamento de risco com comprovada experiência em clientes relacionados a esses produtos, que possua a já relatada inteligência embarcada, com localizadores, iscas eletrônicas e, em alguns casos, serviços de escolta, banco de dados com motoristas especializados em cada tipo de produto e nas rotas determinadas. Isso gera maior controle dos riscos com resultados mais garantidos.”

A segurança e o acesso aos dados se tornam parte fundamental no processo de mitigação do roubo de cargas, pois é preciso restringir o acesso às informações ao mínimo de pessoas, principalmente informações sobre qual veículo está sendo utilizado no transporte, o tipo da carga e sua localização. “Com o uso do rastreamento e monitoramento – prossegue Ruberley, da Dusspy – é possível saber a localização de cada veículo, se ele está no local e no horário que deveria, se está dentro da rota pré-definida, quando o veículo está parado, quando as portas ou travas forem abertas, etc. Por isso a frequência da transmissão dos dados, a capacidade de processamento dos dados recebidos e a velocidade na visualização das informações e agilidade no tratamento de inconsistências são as chaves para identificar as tentativas do roubo de cargas para tentar impedi-las. É importante a utilização de tecnologias complementares, como os dispositivos GPRS – para maior frequência de dados –, dispositivos satelitais – para maior cobertura de transmissão – e iscas dentro das cargas.” O CEO da Dusspy também diz que, na questão do roubo de cargas, as de cigarros, dispositivos eletrônicos, medicamentos, agrotóxicos e produtos alimentícios são as mais visadas, devido ao alto valor, demanda e fácil comercialização.

Castilho, do Grupo Delta, também salienta que o monitoramento de veículo é um forte aliado no acompanhamento da frota, visualizando em tempo real desvio de rotas e ações estranhas. E que, para inibir o roubo, devem ser usadas equipes de pronta resposta em todo o território nacional e que os técnicos de instalação sejam treinados para que na hora das instalações do rastreador dificultem o roubo o máximo possível. O monitoramento só tem a visualização da frota, e o rastreamento tem ação em cima da frota, como regras de cercas e GR. “O setor em que mais rouba é o fracionado, pela fácil distribuição”, completa o gerente de relacionamento com o mercado do Grupo Delta.

Na verdade, os valores envolvidos e os tipos de cargas transportadas ainda chamam muito a atenção das quadrilhas especializadas em roubo desta natureza. Cargas de milhões sendo transportadas em um único caminhão e com o atrativo de serem revendidas facilmente no mercado paralelo são como um “banquete” para aqueles que ainda insistem em trabalhar em prol da criminalidade.

“O rastreamento é fundamental neste processo, não só para antever possíveis abordagens, como também agir pós-roubo. Hoje, a tecnologia pode, e deve, ser aplicada em todos os ambientes de um veículo – seja ele, no cavalo, na carreta e principalmente nas cargas. Porém, as empresas de logística precisam começar a entender o comportamento de cada uma das tecnologias disponíveis no mercado para não crer que estão totalmente protegidas, enquanto que na verdade estão muito mais vulneráveis. Tecnologias como GPS e GSM são ótimas na gestão e no controle logístico, mas somente uma radiofrequência de longo alcance poderá auxiliar na recuperação de uma carga, por exemplo. Outro fator que auxilia muito neste processo é o tão sonhado alerta de jammer, que se atrelado a uma tecnologia de RF consegue, sim, transmitir sinais enquanto estão sob o efeito destes inibidores de sinais. Enquanto que os GPS ou GSM dotados destes alertas não conseguem passar a informação para uma central até que os jammers sejam desligados”, explica Abbud, do Grupo Tracker.

Ele também lembra que os setores mais visados são aqueles que geram uma alta rentabilidade em relação ao valor da carga ou uma fácil revenda sem grandes fiscalizações. Por isso, eletrônicos, produtos fármacos, de higiene pessoal, pneus, alimentícios, tabaco, café ainda estão na lista dos mais roubados. “Como dito anteriormente, os sistemas que podem auxiliar a antever uma ação criminosa ainda são um dos fatores mais positivos em toda esta operação. Entretanto, é preciso deixar claro que processos internos, como sigilo na operação e maneiras de embarcar uma ‘isca’ na carga, ainda possuem um peso enorme no sucesso de uma recuperação.”

Já considerando que o roubo de cargas impacta diretamente o valor do frete, Rehm, da Intelipost, diz que, para tentar mitigar isso nos locais de maior incidência, as empresas têm adotado alterações de rota mais frequentes, além de rastreamento em tempo real, incluindo monitoramento de consumo de combustível e pontos de parada. Além disso, outras tecnologias atreladas aos veículos para manter velocidade constante e identificar uma aceleração ou paradas bruscas já são usadas pelas transportadoras.

“Produtos com alto valor agregado, que podem ser facilmente revendidos e de marcas populares estão mais suscetíveis a roubos. Cigarros, bebidas e eletrônicos são alguns exemplos. Em geral, as empresas tentam proteger a carga com seguros especiais e investir em tecnologias para aumentar a segurança e o nível de monitoramento nestes casos”, diz o CEO da Intelipost.

Sobre o assunto roubo de cargas, Cardoso, da Pósitron Stoneridge, recorda que no período da pandemia houve uma grande procura por produtos utilizados para segurança da carga. As iscas descartáveis, principalmente em cargas de alto valor como eletrônicos e alimentos, são uma forte alternativa ao alto custo de escolta de veículos, diz ele. “As iscas têm forte impacto na recuperação da carga e do veículo, chegando a 90% de índice de recuperação.”

Ainda de acordo com o diretor, os segmentos de mercado com maior índice de roubo, conforme análise da base Pósitron Stoneridge, são eletrônicos, alimentos e bebidas, farma e guinchos.

O roubo de cargas exige ações bastante diversificadas, que passam pela monitoração e rastreabilidade, mas não se resumem a isso. Muito precisa ser feito, por exemplo, para coibir o mercado de receptação e revenda, onde a rastreabilidade dos produtos é importante, mas não opera milagres por si só. Um dos aspectos relevantes muitas vezes negligenciado é a educação do consumidor, que evidentemente é parte fundamental do estímulo a desvios.

A análise de Gorodovits, da GKO Informática, aponta que alguns fatores estimulam o roubo de cargas, dentre os quais o maior valor agregado por unidade de carga, a menor capacidade de identificação e rastreabilidade e a maior facilidade de revenda dos produtos. As ações destinadas a coibir roubos e desvios passam por diversos processos e tecnologias, que abrangem, mas não se esgotam, no uso da identificação individual dos produtos, sua maior facilidade de leitura e identificação – por meio de etiquetas inteligentes e IoT, por exemplo.

“Cargas tradicionalmente mais visadas e que se encaixam nos critérios mencionados são eletroeletrônicos, pneus, medicamentos e combustível, por exemplo. O caso dos combustíveis é particularmente desafiador, mas já há meios de introduzir componentes para identificação unívoca de lotes por meios químicos e obter o direcionamento das ações de fiscalização a partir dos dados fiscais e do diferencial de preços.”

Ainda segundo a explanação do diretor comercial da GKO, um ponto de desvio às vezes negligenciado é o procedimento de entrega no ambiente B2B, onde a fragilidade da comprovação de entrega, por meio de um canhoto de DANFE assinado e datado será objeto de transformação no futuro próximo. “Não faz sentido algum usar como comprovante um papel que não tem valor fiscal (mas tem valor jurídico!) e pode ser impresso de forma fraudulenta muito facilmente, sobre o qual é posta uma assinatura muitas vezes não legível, sem qualquer respaldo da empresa destinatária, numa data que pode divergir da entrega efetiva”, finaliza Gorodovits.

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