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Capa 27 de junho de 2019

Paletes e caixas de madeira: papel determinante na logística 4.0, sem perder espaço para tecnologia

Os paletes e as caixas de madeira têm papel determinante na Logística 4.0. À medida que a tecnologia e os sistemas de produção avançam – no que se convencionou chamar de Indústria 4.0 –, as empresas passam a produzir de forma cada vez mais personalizada, alinhadas às exigências de cada cliente e orientadas para a redução de estoques, tanto de matérias-primas quanto de produtos finais. Uma consequência direta desse movimento é a menor dependência de grandes Centros de Distribuição, uma vez que os níveis de armazenamento diminuem e aumenta a agilidade dos processos de entrega, cada vez mais eficientes.

Ainda de acordo com Marcelo Canozo, presidente da ANAPEM – Associação Nacional dos Produtores de Paletes e Embalagens de Madeira (Fone: 11 4171.2963), a articulação de toda essa onda de otimização se dá através do uso intensivo da tecnologia e suas variantes – cloud computing, Big Data, internet das coisas, inteligência artificial etc. –, algo que depende em grau direto da padronização. “Nesse ponto, os paletes e as embalagens de madeira padronizados ganham papel de destaque. A definição de medidas, formatos, peso e materiais em consenso com a indústria e a cadeia logística se consolida como a base da otimização, aportando ganhos de eficiência desde o início do processo”, completa Canozo.

Ao contrário do que se possa imaginar, os paletes e as embalagens de madeira não perdem espaço com o aprofundamento do uso da tecnologia, aponta o presidente da ANAPEM. “Pelo contrário, a tendência é de intensificação do seu uso. A grande função dos paletes, por definição, é facilitar o acesso, a movimentação e o transporte de materiais, além de permitir uma melhor conservação ao manter produtos e matérias-primas protegidos de umidade, sujeira e mudanças de temperatura pela ausência de contato com o solo. Assim sendo, a padronização dos paletes é o que permite que empilhadeiras ou equipamentos de transporte autônomos – os que operam sem exigir ação humana direta – consigam encontrar os pontos de encaixe exatos e cumprir a função para as quais foram programados. As embalagens de madeira cumprem a mesma função. Além disso, há produtos que sempre precisarão ser transportados nesse tipo de invólucro, como máquinas, peças e equipamentos delicados, por exemplo.”

 

Papel do palete

 

Canozo também fala sobre o papel do palete em uma logística cada vez mais mecanizada.

Segundo ele, a mecanização pode ser vista como o suporte físico dos processos na cadeia logística, algo que sempre esteve presente, embora em grau bem menor, desde meados do século XIX. A grande novidade que vemos se aprofundar dia a dia é a convergência entre mecanização e o uso intensivo de tecnologia.

Um exemplo de fácil visualização é o processo de movimentação de carga em uma grande indústria. Até pouco tempo atrás as empilhadeiras eram necessariamente operadas por operários, que faziam inúmeras jornadas durante o dia para levar matéria-prima de um setor ao outro da empresa, obedecendo a comandos pontuais de seus superiores. Hoje já é razoavelmente comum a presença de módulos autônomos que cumprem a mesma função sem interferência humana, programados para carregar determinado material do ponto A ao ponto B.

Em alguns casos, até os momentos em que as entregas devem ser feitas são determinados pela inteligência artificial embutida nas estações de produção, capazes de detectar por conta própria a necessidade de reabastecimento ou de retirada do produto acabado. “Os paletes de madeira facilitam toda essa integração pela padronização. A existência de paletes com medidas e formatos comuns para a indústria ou cadeia logística facilita esse ‘encaixe’ e otimiza a interação mecanizada nas cadeias produtiva e de transporte”, explica Canozo.

Além disso, o Brasil é uma país extenso e com enormes carências de infraestrutura. Apesar de haver cadeias produtivas desenvolvidas, que começam a se integrar à Indústria 4.0, outras tantas ainda enfrentam problemas básicos de logística, em que surgem enormes oportunidades de mercado para os paletes de madeira.

“Além da contribuição que a padronização aporta à integração entre a mecanização e o uso intensivo de tecnologia nas cadeias logística e de produção, acreditamos que os paletes e as embalagens de madeira possam desempenhar um papel importante relacionado à outra tendência que também vem se intensificando rapidamente: a customização”, aponta o presidente da ANAPEM.

Uma das consequências do movimento chamado Logística 4.0 é o sensível aumento do nível de exigência dos clientes. Para manter suas vantagens competitivas, cada vez mais as empresas se veem forçadas a produzir exatamente o que o comprador quer, na quantidade que ele demanda e com as características adaptadas às suas vontades e necessidades. O mesmo se dá em relação à logística. O “padrão-ouro” desse setor no mundo de hoje foi estabelecido por uma companhia que começou vendendo livros pela internet e hoje se transformou em uma gigante varejista global que vende de tudo: a Amazon.

“Não há dúvida de que a Amazon tem no preço dos produtos que oferece um dos seus principais alicerces. A confiabilidade e os prazos de entrega, porém, são suportes não menos relevantes. Uma das marcas da excelência da empresa está em levar o produto ao cliente no menor prazo possível, com um serviço de suporte e atendimento impecável, mostrando-se disposta, inclusive, a estornar valores de frete quando o prazo estabelecido é excedido, por exemplo.”

A eficiência da Amazon – prossegue Canozo – ajudou a disseminar um nível de exigência que se espalha para outros segmentos, com consequências que vão além da simples qualidade e agilidade do serviço de entrega. Esse movimento de customização vem ganhando espaço na Europa, onde grandes clientes se tornam mais e mais exigentes, demandando, entre outras coisas, um controle restrito do que acontece com seu produto ou matéria-prima durante o transporte. Em países europeus já estão em uso paletes e embalagens de madeira que levam sensores embutidos, capazes de medir a temperatura do ambiente em que se encontram e oferecer a possibilidade de rastreamento total dessas unidades. “Nesse quesito – a customização –, acreditamos que os paletes e as embalagens de madeira ainda têm muito a evoluir.”

 

Emprego dos paletes

Por tudo o que foi mostrado até agora, é de se prever que são raros os setores que não utilizam paletes no Brasil. O setor em que o uso é um pouco menos frequente ainda é a construção civil, devido às dificuldades de movimentação, principalmente na descarga em obras. “Mesmo assim, acreditamos que isso tende a mudar, mesmo porque já está se tornando comum em grandes obras o uso de empilhadeiras e máquinas”, ressalta o presidente da ANAPEM.

Ele acrescenta que a Associação não consegue enxergar setores deixando de usar paletes e embalagens de madeira, em razão destes produtos formarem literalmente a base da cadeia logística. “De qualquer maneira, a competição entre materiais na confecção de paletes e embalagens é saudável para o desenvolvimento do mercado como um todo. Temos que estar atentos a essa evolução.”

Canozo destaca que a madeira oriunda de fontes renováveis e certificadas sempre terá seu espaço, principalmente em um país com enorme oferta desse material, o que pode fazer do Brasil um grande exportador de embalagens e paletes também. “Uma vantagem extra que se oferece ao segmento ainda é pouco explorada, inclusive: a questão da sustentabilidade. Mais de 93% dos paletes produzidos no país – cerca de 10 milhões ao ano, no total – são provenientes de madeira de reflorestamento, uma fabricação limpa, com baixo consumo de energia e sem utilizar componentes químicos. Além disso, os paletes e as embalagens de madeira são 100% biodegradáveis, podendo ser convertidos em biomassa e utilizados como combustível para indústrias”, diz o presidente da ANAPEM.

 

Frete

Ele também coloca que o impasse em relação aos fretes e à crise do transporte rodoviário no Brasil são duas questões bastante complexas. O agravamento recente da situação é resultado da combinação de uma série de problemas acumulados durante anos, que infelizmente eclodiram ao mesmo tempo, como, por exemplo, o controle restrito dos preços dos combustíveis pelo governo federal, o que provocou um desequilíbrio econômico na maior fornecedora do mercado nacional, a Petrobras. Agora que a empresa estatal reduziu os subsídios e passou a repassar as oscilações do preço do petróleo ao que produz, o desequilíbrio foi corrigido e repassado ao mercado, que ainda levará algum tempo para digerir a mudança.

Um segundo ponto que ajudou a alimentar ambas as crises – ainda de acordo com o presidente da ANAPEM – foi a política de subsídios do governo federal em relação à compra de bens duráveis, o chamado PSI (Programa de Sustentação do Investimento), que se estendeu de 2009 a 2016. No seu auge, em 2015, o PSI – que concedia financiamentos para aquisição de caminhões, ônibus e máquinas agrícolas – chegou a emprestar R$ 34 bilhões.

Se teve como ponto positivo o estímulo à indústria automotiva e a geração de emprego, a enxurrada de dinheiro também fez crescer significativamente a frota nacional de caminhões, que passou de 1,37 milhão em 2009 para 1,96 milhão em 2016 – um aumento de 43%, de acordo com o Sindipeças – Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores. Em 2019 a frota nacional já superou os 2 milhões de caminhões. “Com tudo isso, naturalmente a concorrência por carga aumentou – o que, por consequência, também pressionou o valor do frete.”

Esse cenário tem como pano de fundo uma crise econômica grave, a maior recessão da história brasileira, da qual o país ainda não se recuperou. A queda na atividade produtiva também reduziu a demanda por transporte de carga, pressionando ainda mais para baixo os preços dos fretes.

“Dito tudo isso, acreditamos que a contribuição que o setor de paletes e embalagens de madeira pode dar à solução dessa crise complexa passa pelo aumento da produtividade e pela redução de custos das operações logísticas das organizações – que, em alguns casos, podem chegar a 15% do total –, através da padronização e do aperfeiçoamento dos seus produtos. A padronização facilita o manejo, otimiza espaço nas carrocerias e ajuda a diminuir o tempo de carregamento, aportando ganhos de eficiência. Já o aperfeiçoamento dos paletes e das embalagens de madeira, com a redução de peso e volume, por exemplo, possibilita economia de combustível e amplia a capacidade de transporte dos caminhões, permitindo a redução de custos.”

 

Medidas

Finalizando, Canozo fala das medidas destas embalagens mais utilizadas no Brasil.

A medida de palete mais utilizada atualmente no Brasil é 1.000 x 1.200 mm, em razão de esse ser o formato que melhor se adapta ao nosso sistema como um todo, incluindo os modais rodoviário, aéreo, ferroviário e o armazenamento em portapaletes. “Na maior parte do país já há um consenso de padronização nessas dimensões.”

Já as caixas de madeira normalmente não são padronizadas, pois cada usuário ou cliente tem necessidades exclusivas de armazenar e transportar tipos diversos de materiais. “Como a base das caixas normalmente segue o modelo dos paletes, torna-se comum a mesma medida: 1.000 x 1.200 mm.”

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