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Conteúdo 13 de agosto de 2015

Plástico – Sob o impacto do enxugamento

A cadeia produtiva, da matéria prima ao produto acabado, sofre com a concorrência dos importados da China, aliada às altas do petróleo e ao famoso Custo Brasil, o que faz o custo com transporte ser mensurado em centavos.

O plástico tem seu nome originário do grego “plastikos”, que significa capaz de ser moldado. De origem natural ou sintética, é obtido a partir dos derivados de petróleo ou de fontes renováveis, como a cana-de-açúcar ou o milho. Há muitos anos, vem sendo usado em substituição a diversos tipos de materiais, como aço, vidro e madeira, devido às suas características de baixo peso, baixo custo, elevadas resistências mecânica e química, facilidade de aditivação e por ser 100% reciclável.

Presentes nas distintas cadeias produtivas, os plásticos transformados integram móveis, encanamentos, tubulações elétricas, canetas, computadores, tablets, celulares, televisores, brinquedos, cartões de bancos, utensílios de cozinha e decoração, eletrodomésticos, automóveis, ônibus, trens e aviões.

É por essa presença maciça em diferentes setores que o Prêmio Top do Transporte não poderia deixar de lado esse mercado. Thiago Granero de Melo, gerente geral da TGM (Fone: 44 3229.2700), que se dedica à logística de plásticos, revela que o maior problema enfrentado é a adequação dos preços nos fretes. “Sentimos de nossos clientes a bruta pressão pelo enxugamento de margens para que seus produtos tornem-se competitivos no mercado”, revela.

Ele explica que a cadeia produtiva do plástico, desde a matéria prima até os produtos acabados, sofre com a concorrência dos importados da China, aliada às altas do petróleo e ao famoso Custo Brasil, independente de qual seja o item: filmes, peças, embalagens, entre outros tantos. Por isso, o custo com o transporte acaba sendo mensurado pelos centavos e, dependendo da classe do manufaturado, que pode ser muito volumoso e de baixo valor agregado, este valor pode representar mais de 10% do produto. “Assim, deve haver uma sintonia comercial entre cliente e transportador, em que ambos trabalhem com margens espremidas para que os negócios evoluam”, expõe.

Outro ponto destacado por Melo é a capilaridade de distribuição. De acordo com ele, os grandes centros estão tomados pela concorrência, sem contar a facilidade da entrada de artigos vindos do exterior, como da China, com preços muito mais baixos. Com isso, as indústrias precisam apelar para a qualidade do material e acabam desbravando regiões e cidades de menor porte, onde a concorrência se afunila. “Uma transportadora que possua abrangência dos grandes aos pequenos centros ajuda o cliente embarcador a desenvolver novos negócios e prospectar mercados em regiões mais esquecidas pela grande massa”, acredita.

Para resolver essas questões, Melo explica que, como basicamente o problema para a indústria do plástico é aliar qualidade de serviço, agilidade, segurança e informação a custos enxutos para que se reflita em mercadorias com preços competitivos frente aos importados, a solução de médio em longo prazo seria a redução da carga tributária, tanto para a indústria quanto para os serviços. Com isso, seria possível melhorar significantemente as margens de embarcadores e transportadores.

Na visão de Rodrigo Bauer Hugo, supervisor comercial da Transduarte (Fone: 51 3584.3500), um dos principais problemas é quando existe ordem de chegada para coletar as mercadorias. “Já lidamos com restrições de veículos, horários e tamanhos em diversas cidades, o que gera transtornos. Esse quadro piora quando um veículo fica retido por diversas horas para efetuar uma coleta, trazendo problemas às operações seguintes”, conta.

Para resolver essa questão, muitas empresas estão entregando no transportador, o que alivia a expedição e traz benefícios ao transportador e ao destinatário por ter a entrega dentro do prazo. “Neste caso, o fornecedor ganha a fidelização do cliente e pode negociar este custo em seu produto. Por sua vez, o transportador pode criar uma nova tabela de frete para mercadorias entregues em sua filial, por não ter o custo de coleta”, explica Hugo.

 

Parceria

Na opinião de Melo, da TGM, as transportadoras costumam auxiliar na solução dos entraves, se adequando às necessidades de seus clientes. Para ele, a maior contribuição que é possível dar ao embarcador de plásticos e seus manufaturados está no preço justo, com baixa margem dos fretes, agregado às exigências do mercado de logística, como informação de qualidade, pontualidade de entrega e estrutura operacional. Em contrapartida, a melhor retribuição que os embarcadores podem dar ao seu parceiro transportador é o fluxo de embarques com poucas variações sazonais durante o ano, reduzindo impactos nas épocas de baixa demanda de outros setores.

É obrigatório, em sua opinião, que o relacionamento entre embarcadora e transportadora seja muito bom para que o afinamento das margens nos fretes gere ganho para ambas. “Não precisa ser muito, mas o estritamente necessário para a manutenção da competitividade do mercado de plásticos nacional versus importado”, declara.

Hugo, da Transduarte, acredita que nem todas as transportadoras criam uma sistemática na intenção de alinhavar as operações com os seus clientes. “Estamos trabalhando fortemente para aumentar a nossa filial, a fim de receber os veículos que trazem as mercadorias e liberá-los com agilidade, mostrando a importância deste procedimento.”

Muitas empresas estão se adaptando a este processo, porém, segundo Hugo, é um trabalho que começa no setor comercial responsável pela negociação. Após isso, a empresa deve trabalhar na questão de logística para identificar se deve adquirir um veículo ou contratar um agregado para efetuar as entregas, qual região específica será trabalhada e de que forma seria possível analisar custos de operação e benefícios.

De acordo com o supervisor comercial, quando o embarcador é o pagador do frete, a relação com a transportadora é muito boa e fácil, mas quando o embarcador não é o contratante do serviço, o relacionamento passa por algumas dificuldades, pois nem sempre se consegue ter acesso à pessoa interessada pelo assunto e, muitas vezes, acaba recebendo uma negativa para realizar uma reunião e discutir o assunto.

Para o relacionamento ser melhor, seria preciso integrar o setor e as transportadoras, facilitando o diálogo. “As principais empresas de transporte neste segmento poderiam ser convidadas pelo sindicato das empresas de plásticos para apresentarem suas principais dificuldades e como, em parceria, elas poderiam ser resolvidas”, sugere.

 

Tecnologia

Sobre as novidades tecnológicas que ajudam na atuação entre embarcadores e transportadores, Melo, da TGM, diz que tudo que possa reduzir os custos na operação do transporte é fundamental, como treinamentos operacionais, otimização de rotas e troca de dados (EDI). O objetivo principal é diminuir perdas com sinistros, além de fazer com que os caminhões possam levar cada vez mais volumes, como baús de maior espaço útil e reboques do tipo Julieta, com o mesmo custo de arrasto.

Para Hugo, da Transduarte, a tecnologia está ligada ao sucesso das operações. “Com a quantidade de mercadorias coletadas e a agilidade que os embarcadores e destinatários esperam das transportadoras, não é possível fazer toda a operação manualmente. Investir em tecnologia é um item de extrema importância na qualidade do serviço prestado”, acrescenta.

Prêmio Top do Transporte

Sem dúvida, para Melo, da TGM, o Prêmio ajuda muito o transportador a ser melhor avaliado e valorizado pelos embarcadores, uma vez que este segmento acaba focando bastante o “quanto custa”, mas se esquece do “quanto vale”. Pelo lado dos embarcadores, isso ajuda a classificar os parceiros de transporte.

Segundo Hugo, da Transduarte, o Top do Transporte é um canal de ligação entre o embarcador e a transportadora. “Ter um parceiro premiado traz retornos significativos para ambos os lados, visando lucratividade, agilidade e harmonia entre todos”, opina.

 

A visão do cliente

 

“Hoje encontramos muita dificuldade na qualidade das informações.” Essa é a observação de Ariel Grabarz, diretor de logística da Zaraplast (Fone: 11 3952.3000), fornecedora de embalagens plásticas flexíveis convencionais para alimentos e itens de higiene, filmes laminados, sacarias de ráfia e big bags. Para ele, no geral, viagens longas, cujo prazo de entrega é superior a quatro dias, demandam acompanhamento de perto das cargas e informações em tempo real. É o custo de ter uma operação Just in time. “Além disso, os aumentos sequenciais no diesel requerem renegociações de contratos. Difícil encontrar transportadoras que já tenham desenvolvido um gatilho ajustável para rever somente o custo do diesel, evitando todo o desgaste de novas negociações”, expõe.

Grabarz conta que um dos parceiros da empresa que atende a região Sul disponibilizou as informações via EDI. Com isso, a Zaraplast recebe diariamente o status de todas as notas embarcadas, o que foi alterado no dia anterior e o prazo de entrega, com acesso por toda a equipe de atendimento ao cliente, que faz um ótimo uso da ferramenta. “Infelizmente, a maioria das transportadoras não consegue nos atualizar diariamente, pois isto depende de recursos humanos. E, em época de crise, esses profissionais são cortados”, lamenta.

Em casos mais críticos, a companhia aciona o comercial, que tenta ajudar acessando o rastreamento, mas o auxílio é pontual. Todos os clientes cujas entregas são superiores a quatro dias de viagem entram em contato cobrando posição e manutenção dos prazos. “Gostaríamos muito de poder respondê-los com propriedade, acessando as informações atualizadas naquele dia”, expõe.

No relacionamento com as transportadoras, Grabarz diz que o foco é sempre o ganha-ganha, para que a parceria seja duradoura. “Costumamos dizer que é difícil ser homologado e atender a Zaraplast, mas é mais difícil ainda sair”, encerra.

 

 

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