Facebook Twitter Linkedin Instagram Youtube telegram
Conteúdo 13 de agosto de 2015

Químico/Petroquímico – Sob várias imposições

Legislação complicada, burocracia, horários de entrega e risco. Esses quatro fatores bastantes presentes no transporte de produtos químicos e petroquímicos são os principais lembrados pelos embarcadores.

Buscando compreender o que ainda atrapalha o transporte neste segmento em específico, Logweb foi atrás de importantes embarcadores do setor, e, também, de transportadoras, para ouvir os problemas e as soluções possíveis para melhorar a atividade.

Quem ressalta dificuldade de lidar com a legislação do setor é José Aparecido Braga, gerente de logística da AQIA Química Industrial (Fone: 11 2436.3133). Isso, pois a legislação para transporte no modal rodoviário de produtos químicos e perigos no país é muito complexa, já que cada Estado tem suas próprias leis, algo que dificulta o entendimento, encarece o frete e restringe as negociações, “tornando polêmica a negociação. Nem todos os transportadores estão preparados e têm conhecimento da legislação para transporte e manuseio”, afirma.

Para solucionar a questão, Braga afirma que já estão em curso algumas saídas para a questão. Inclusive, nos últimos anos a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas vem revisando suas regras, reduzindo o número de normas técnicas, o que proporciona uma melhoria considerável diante das atuais condições. “Existem Comissões de Estudo de Transporte de Produtos Perigosos, com reuniões realizadas na sede da NTC – Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística, envolvendo diversos empresários e pessoas ligadas ao segmento, justamente buscado uma melhor adequação destas regras”, explica.

E as transportadoras auxiliam na solução do problema? Segundo Braga, “nos últimos anos algumas empresas começaram a restringir o embarque de diversos itens, por tipo de produto (líquido/sólido) ou por quantidade máxima para embarque por embalagem. Ou, simplesmente, o transportador recusa a coleta alegando que somente recebe o produto em seu armazém”, afirma. “A justificativa é sempre a mesma, o alto custo para manter motoristas capacitados, kits de emergência, placas e outros equipamentos exigidos por lei. As empresas que mantiveram suas licenças e nos atendem hoje, costumam ser parceiros buscando nos atender dentro da legalidade e apresentando soluções sem aumentar em demasia os custos envolvidos no transporte”, ressalta.

Encontrar uma transportadora que tenha todas as licenças para transportar qualquer tipo de produto químico também é um problema lembrado por Alexandre Barbosa, gerente regional de atendimento ao cliente para a América Latina da Perstorp Química do Brasil (Fone: 11 5091.6636). Outras questões levantadas são a dificuldade de encontrar transportadoras com frotas próprias e com disponibilidade de caminhão para entregas emergenciais. Até mesmo a falta de cordialidade dos motoristas quando chega ao cliente é uma questão a ser resolvida. “Acredito que o transportador poderia ser mais profissional e transparente ao fechar um contrato de transporte de carga com um cliente. Mencionar o que pode ser feito ou não, isto é, não prometer algo que não possa cumprir no futuro e colocar um projeto ou um cliente a perder. Fora as perdas financeiras que poderão ocorrer no futuro”, ressalta.

No caso da companhia, as transportadoras parceiras costumam ajudar a solucionar questões. Segundo Barbosa, quando há um problema, logo uma reunião é marcada para entender o que está acontecendo. “E durante uma negociação de um novo parceiro logístico eu já deixo claro o que a minha empresa precisa e questiono se o transportador poderá ou não me atender”, afirma.

Para João Osmar Julio, gerente de suprimentos e produtos da Lyondellbasell (Fone: 11 5184.8400), o transporte no segmento de químicos e petroquímicos tem como seu maior complicador o risco do produto transportado – maior ou menor, segundo suas características. No caso de plásticos, há um risco menor pelo tipo de produto e sua forma física, granulados sólidos. “Contudo, tanto para produtos de alto risco como para produtos de menor risco, o aumento na demanda por cargas chegando no horário estipulado, caracterizado pelo controle de estoque em níveis mais baixos e, consequentemente, redução do capital empregado na operação, eleva os riscos de desabastecimento ou de acúmulo de material no cliente e gera a necessidade de maior controle sobre as cargas em trânsito para evitar o comprometimento da entrega no horário marcado”, explica. A quebra de veículos, sua manutenção e o tráfego em regiões como São Paulo no horário de pico também são problemas do setor.

Alguns fatores, tanto externos como internos, podem interferir no controle de cargas em trânsito, segundo Julio. Porém, são nos fatores internos que se pode influenciar de forma mais abrangente para evitar os riscos de atrasos ou descontroles nos fretes. No caso dos fatores externos que influenciam neste controle, a restrição de horários para transitar nos grandes centros é um dos mais importantes. Isto gera desvios de rota com aumento do frete, cria a necessidade de carregamentos antecipados e causa o represamento do trânsito, resultando em atrasos.

Já nos fatores internos, “estamos falando de fatores que podem ser controlados pelas transportadoras e que, uma vez controlados, podem evitar vários problemas que geram riscos de desabastecimentos e descontroles na disponibilidade dos materiais”, analisa. “A manutenção da frota, como fator de influencia interno, é de extrema importância e merece bastante atenção das transportadoras. Muitos atrasos ocorrem por falhas nos equipamentos da frota direta e da frota dos contratados. Problemas como falhas elétricas, mecânicas, nos pneus, nos equipamentos auxiliares de descarregamento, entre outros, ocorrem muitas vezes devido à falta de manutenção ou por falta de um plano de manutenção preventiva destes veículos”, continua.

De acordo com Julio, é importante que as transportadoras estabeleçam planos de vistorias na frota dos contratados, os agregados, exigindo o cumprimento das manutenções corretivas, evitando que atuem sem o preparo adequado. “Já no cenário da frota direta, as transportadoras devem estabelecer um plano de manutenções preventivas e corretivas, com uso de serviço interno ou convênios com prestadores de serviço, para realização das verificações e correções necessárias. Com a devida manutenção da frota, é possível estabelecer um cenário mais adequado à demanda deste mercado cada vez mais exigente quanto ao cumprimento dos prazos acordados, evitando que veículos quebrem nas rodovias e provoquem gastos ainda mais altos que os custos gerados pelos programas de manutenção planejados”, afirma.

A parceria desenvolvida entre a transportadora e a empresa tomadora do serviço de transporte tem papel chave neste processo, acredita o profissional. Isso, pois experiências podem ser trocadas, e práticas incorporadas, buscando alinhar o processo todo e melhorar o atendimento ao cliente final, “É preciso que este relacionamento seja impulsionado para uma troca mais espontânea e proativa na busca por soluções onde ambos sejam beneficiados”, ressalta.

 

Falam os transportadores

Falando pelo outro lado, o do transportador, Conrado Damiani Mazzucco, gerente comercial da Transal Transportadora Salvan (Fone: 48 3411.1000), comenta que há alguns destaques nos problemas deste tipo de transporte, como a relação entre os órgãos reguladores e o transportador, com muitas barreiras burocráticas para implantar ou renovar os registros de licenças. Nas fiscalizações, as transportadoras ficam vulneráveis às interpretações das leis, por parte dos policiais rodoviários.  “E também, não generalizando, a falta de compreensão por parte dos embarcadores, no que diz respeito à negociação comercial, em que, muitas vezes, não é levado em consideração nosso know-how adquirido e coberturas que oferecemos, descartando de suas preocupações o risco de um sinistro e suas responsabilidades administrativas, caso isso ocorra”, lista.

Para as soluções, Mazzucco afirma que primeiro os órgãos responsáveis por cada licença expedida deveriam diminuir ao máximo a burocracia para inclusões e renovações. A fiscalização deveria estar mais instruída. “Nas negociações comerciais, dependeria da forma como cada transportador conduz a apresentação em suas propostas”, resume. E as transportadoras ajudam a solucionar os problemas também. Exemplificando, no caso de um sinistro, a transportadora tem como resolver a questão e isentar o embarcador de toda e qualquer responsabilidade, desde que este esteja também regulamentado juntos aos órgãos e tenha emitido documentos dentro da legislação.

Já para Paulo Ricardo Ossani, diretor executivo da Transportes Cavalinho (Fone: 54 3511.8000), o maior problema do setor é a falta da demanda, algo que somente será resolvido com o aquecimento da economia.

Fernanda Gomes, gerente comercial da Alfa Transportes Eireli (Fone: 11 2595.0891), lembra que o maior problema no segmento é efetuar a transferência da carga sem causar incompatibilidade. “Este problema poderia ser solucionado através do embarque com cofres, segregando os químicos incompatíveis”, diz Fernanda, também abordando o papel das transportadoras na solução dos problemas do setor: “quando detectamos alguma falha, procuramos corrigi-la, pois trabalhamos com produtos químicos, que podem causar um risco para a saúde e o meio ambiente”.

 

Bom relacionamento

O relacionamento entre embarcadores e transportadores no setor químico é bom, pelo menos segundo as fontes deste especial. Mas alguns fatores ainda podem melhorar.

Segundo Braga, da AQIA Química Industrial, num segmento com tantas regras, as parcerias coerentes dão velocidade às resoluções de problemas e ao entendimento de dificuldades que possam comprometer a operação. “Neste caso, nosso relacionamento hoje segue uma regra simples, comunicação e transparência, e estamos bem amparados”, assegura.

Diversas empresas e associações ligadas à indústria química, distribuidores e até transportadores possuem programas de qualificação no transporte de produtos químicos e perigosos. Como explica Braga, na área de expedição da AQIA Química Industrial, há a percepção de que o transportador, principalmente os indicados por nosso cliente (frete FOB), ainda desconhecem muitas regras e não se apresentam preparados para o carregamento, com veículos sem condições, faltando algum equipamento ou contendo outros produtos incompatíveis com a mercadoria. Isto impede a saída dos produtos da companhia, algo que irá gerar descontentamento do cliente final. “Portanto, desenvolver competência para atender este segmento iria melhorar nosso processo de expedição”, afirma.

No caso da Lyondellbasell, o relacionamento é de parceria, mas poderia melhorar no sentido da troca de experiências de gerenciamento dessas empresas, segundo Julio. Entre as melhorias que as transportadoras poderiam implementar para ajudar no trabalho do embarcador, o profissional cita a gestão da frota para manutenção preventiva.

“Hoje, com as transportadoras com as quais a empresa trabalha o relacionamento é aberto e transparente. É uma via de mão dupla, onde ambos os lados têm total liberdade de questionar alguma prática e buscar sempre a melhoria contínua dos processos”, afirma Barbosa, da Perstorp Química do Brasil.

Sobre as melhorias, o profissional lembra que, com a tecnologia cada vez mais evoluída, o transportador tem que estar preparado para manter seu cliente informado praticamente 24 horas por dia, sete dias por semana. “Portanto, ferramentas de consulta online, tanto via web site quanto smartphone, seriam os principais diferenciais”, ressalta.  “E acredito também que o transportador poderia ter uma integração EDI entre o sistema dele e de seu cliente. Por exemplo, o envio do XML da Danfe poderia sair automaticamente do meu sistema para o sistema do transportador, sem a necessidade de enviar o PDF por e-mail”, continua.

Mazzucco, da Transal Transportadora Salvan, afirma que a companhia mantém um bom relacionamento com os clientes, mas isso poderia ser melhorado com o entendimento de que a transportadora deve ser melhor remunerada, especialmente em função da qualidade e segurança proporcionada aos clientes.

E se o setor precisa de melhorias, a tecnologia está auxiliando no desempenho do trabalho realizado entre embarcador e transportador. Como ressalta Mazzuco, a nota fiscal eletrônica, por exemplo, contribuiu muito com a agilidade no processo administrativo e operacional.

A gerente comercial da Alfa Transportes Eireli também aponta o bom relacionamento com os clientes. “O relacionamento com os nossos clientes é bem estreito, pois procuramos buscar a parceria. Para melhorar, é preciso que o cliente entenda a dificuldade do transportador e o transportador entenda a dificuldade do cliente, com isso conseguiremos atender o cliente final com excelência”, destaca Fernanda. E, para que isto aconteça, ela aponta o uso de informações on-line e o acompanhamento da carga em tempo real.

 

A importância do Prêmio Top do Transporte para o setor

Braga, da AQIA Química Industrial: “em suas diversas categorias de premiação, o Prêmio reflete a opinião de embarcadores. O considero uma brilhante iniciativa desde seu início, premiando o que embarcadores, de modo geral, consideram como uma prestação de serviço completa no fornecimento de transporte, reconhecimento e a indicação de que o transportador deve buscar sempre a credibilidade. O ministro do Planejamento Nelson Barbosa falou em uma entrevista que ‘a popularidade você ganha e você perde, o importante é ter credibilidade e entregar resultado. Para isso, você tem que ter mensagem e ter resultado. Quando os resultados forem aparecendo, a expectativa melhora e isso vai gerando um ciclo virtuoso’. A credibilidade desta premiação deve ser a mesma que transportadores e embarcadores devem buscar constantemente, na melhoria de suas metas e relacionamento”.

João Osmar Julio, da Lyondellbasell: “este prêmio é importante para divulgar os trabalhos desenvolvidos e as melhores práticas do mercado. Os meios de comunicação em geral têm papel fundamental no processo de melhoria destes setores, pois promovem a troca de informações entre as empresas. O Prêmio Top do Transporte também tem papel fundamental na divulgação de trabalhos desenvolvidos e que resultaram em reconhecimento e melhoria dos processos existentes, com isso contribuindo para a atenção dessas empresas no bom desenvolvimento de suas atividades e na busca de inovações e contribuições para cada setor individualmente”.

Barbosa, da Perstorp Química do Brasil: “o Prêmio ajuda, nós, clientes, a monitorar os principais players do mercado, além de ser uma ferramenta de benchmark para saber como o seu atual transportador se porta perante os demais”.

Mazzucco, da Transal Transportadora Salvan: “esse prêmio vai proporcionar uma melhor visão do transportador de químico e petroquímico para seu cliente”.

Ossani, da Transportes Cavalinho: “é o reconhecimento dos embarcadores pelos serviços prestados”.

Fernanda, da Alfa Transportes: “o Prêmio é muito importante, pois mostra para os clientes que a empresa atua de forma correta, procurando sempre deixar seus clientes satisfeitos”.

 

O que os embarcadores oferecem

AQIA: desenvolve e produz insumos cosméticos e farmacêuticos. Parcerias e alianças internacionais possibilitam, também, soluções químico-inovadoras nas áreas skin e hair care.

Lyondellbasell: empresa produtora de compostos de polipropileno para indústria automotiva e outros mercados.

Perstorp Química do Brasil: líder mundial em diversos setores do mercado de especialidades químicas, pioneira na química do formaldeído, plásticos e materiais de superfície.

 

 

 

Volvo
BR-101
Mundial Express
Savoy
Globalbat
Retrak
postal