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Logística Setorial 28 de janeiro de 2019

Têxtil e Vestuário: Exigências incluem manuseio dedicado, agilidade e menor aprazamento

Afinal, se trata de um mercado sazonal, regido pela moda, o que requer pronto atendimento às lojas – estas, por sua vez, instaladas em pontos nem sempre de difícil acesso, como em shoppings.

 

Hoje, o Brasil é referência mundial em design de moda praia, jeanswear e homewear, tendo crescido também os segmentos de fitness e lingerie. E a indústria têxtil e de vestuário destaca-se como estimuladora de criação de outras indústrias, bem como seu desenvolvimento no comércio exterior, onde compete com países de maior tradição, proporcionando uma geração líquida de divisas das mais significativas de todo o setor industrial nacional.

O mercado está sempre evoluindo e a indústria têxtil e de vestuário é uma das que mais se moderniza e se modifica para atender aos anseios de um consumidor cada vez mais exigente e seletivo, que busca ser diferente e valoriza produtos personalizados e exclusivos. Isso significa que a produção em massa de peças idênticas já não deve ser mais o foco da indústria têxtil. O ideal é apostar no desenvolvimento de artigos únicos, pensados para um grupo menor de indivíduos. Assim, com a grande variedade que o mercado impõe em termos de criatividade e preços é preciso atender com uma operação especializada para que o material chegue o quanto antes aos PDVs dos clientes.

Por outro lado, mesmo em um cenário de crise econômica, é possível perceber o aumento do número de consumidores. Estima-se que mais de 1,8 milhão de pessoas vão entrar para o mercado de consumo. Como a indústria têxtil está associada a uma necessidade básica humana, é essencial estar preparado para atender a essa demanda crescente.

Todos estes dados, mais os que constam na tabela, no final desta matéria, definem os segmentos têxtil e vestuário. E é lógico que as suas exigências acabam requerendo muito dos Operadores Logísticos e das transportadoras que atendem estes segmentos.

“As exigências mais comuns são, de um lado, uma maior abrangência de área, dada a tendência dos clientes preferirem transportadores que atendam mais regiões, e, de outro, o menor aprazamento, dada a tendência de redução dos lotes de compra e do baixo nível de capital disponível dos comerciantes em geral”, comenta Giuseppe Lumare Júnior, diretor comercial da Braspress Transportes Urgentes (Fone: 11 2188.9000).

Paulo Nogueirão, diretor comercial e de marketing da Jamef Encomendas Urgentes (Fone: 11 2121.6143), aponta como exigência um manuseio dedicado que garanta a integridade do material durante toda a operação e prazos competitivos, assegurando entregas rápidas que supram as grandes demandas das datas que favorecem o setor. “Ao Operador Logístico e às transportadoras, planejamento é fundamental. Nele, há de se contemplar as restrições de circulação de veículos nas áreas urbanas e as limitações de horários para recebimento das mercadorias, por exemplo”, diz Nogueirão.

Há de se considerar que, no caso de restrições de circulação, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, publicou no dia 21 de dezembro último, no Diário Oficial da cidade, a inclusão do VUC – Veículo Urbano de Carga nas exceções do rodízio municipal que limitam a circulação de veículos de acordo com o final da placa.

Na prática, isso quer dizer que agora o VUC pode circular livremente em qualquer horário e isento de restrições na região compreendida entre as vias que compõem o Mini Anel Viário da cidade: marginais dos rios Tietê e Pinheiros, Avenida dos Bandeirantes, Avenida Afonso D’Escragnole Taunay, Complexo Viário Maria Maluf, Avenida Tancredo Neves, Rua das Juntas Provisórias, Viaduto Grande São Paulo, Avenida Professor Luís Ignácio de Anhaia Melo e Avenida Salim Farah Maluf.

 

Mais exigências

Thiago Menegon, diretor comercial da TDB Transporte e Distribuição de Bens (Fone: 11 2127.4900), também aponta, como exigências por parte dos segmentos têxtil e vestuário, agilidade e rapidez, principalmente no atendimento a entregas e operações em hipermercados, magazines e shoppings.

André Perez, gerente regional PR da Alfa Transportes EIRELI (Fone: 49 3561.5100), relaciona, no âmbito das exigências, cuidado maior no manuseio dos produtos, visto que têm alto valor agregado, além de prazos de entrega agressivos. “Por se tratar de tecido, o mais importante é mantê-lo em cargas separadas de químicos ou qualquer outro produto líquido”, destaca Perez.

Em tempos atuais, onde as empresas não mantêm mais estoque de tecidos, uma operação logística rápida para atender a demanda entre as pontas tem sido um dos fatores mais importantes, segundo Bruno Silva, gerente corporativo do Grupo Farrapos (Fone: 85 3052.3146). Além disso, é primordial ao setor têxtil a atenção das transportadoras e OLs às particularidades de atendimento, principalmente ao tecido, no que diz respeito à forma de armazenar e transportar. Afinal, o tecido tem necessidade de armazenagem e transporte adequados para não ser danificado, e com isso prejudicar toda uma linha de produção, principalmente pelos efeitos de memória.

E Rubens Lacerda, diretor de Planejamento da Rodomaxlog Armazenagem e Logística (Fone: 11 3973.7948), também aponta: para o transportador é necessária maior atenção no manuseio dos produtos para evitar avarias ou violações, além de contar com equipe de Gerenciamento de Risco atuante, pois o material é atrativo a roubo, e veículos adequados (baú) para melhor acondicionar o produto.

“É exigido o máximo de eficiência para que se cumpram os prazos solicitados com menores preços possíveis, para que se possa manter, de maneira imperativa, a qualidade na prestação de serviços”, complementa Lilian Scaramella Fernandes, gerente comercial da Fox Cargo do Brasil (Fone: 11 3543.0200).

Toni Junior Ramos Trajano, diretor executivo comercial da Soluciona Logistica e Transportes (Fone: 11 4210.0635), também comenta que a operação, no caso dos grandes varejistas, exige investimento em equipamentos especiais adequados ao transporte em cabides, bem como investimento em sistemas de segurança, como rastreadores, localizadores (redundância) e escolta em determinadas regiões e operações. Tudo suportado por um Gerenciamento de Risco com empresas especializadas e com equipe full time dando suporte logístico a todas as operações e veículos em operação.

“Experiência com cabides e packs, que são as grades do vestuário, além de dispositivos como estrutura cabideira para armazenagem e, no transporte, caminhões adaptados para transporte de produtos em cabides são as maiores exigências dos segmentos”, acrescenta, agora, Carlos Sandrini, gerente comercial da Sequoia Logística e Transportes (Fone: 11 4391.8800).

 

Peculiaridades

Se, na abertura desta matéria, falamos sobre as exigências dos segmentos têxtil e de vestuário de um modo geral, quais seriam as características deste setor no tocante à logística, também sob a ótica dos representantes das transportadoras e dos Operadores Logísticos?

Por exemplo, Lumare Júnior, da Braspress, afirma que as encomendas destes segmentos se caracterizam por terem contínuas mudanças de produtos, cuja natureza é perecível, no sentido de perderem valor se demorarem a ser entregues, pois são segmentos de moda. O efeito direto destas características é que as operações de transporte devem ser ágeis e precisas para evitar perdas.

“O maior desafio está associado às possibilidades de manter os altos investimentos que o setor de transporte exige para cumprir rigorosamente o objetivo dessa logística, que é garantir a disponibilidade da mercadoria no endereço correto, no tempo esperado e em perfeito estado por um custo ideal”, acrescenta Nogueirão, da Jamef.

E Sandrini, da Sequoia, aponta como peculiaridade, principalmente, a necessidade de se transportar grande parte das mercadorias em cabides, para que já cheguem às lojas prontas para serem expostas. “Geralmente, esses segmentos trabalham por coleções, sendo que, em média, são quatro por ano, uma para cada estação, e isso traz uma renovação de estoque constante, havendo poucos produtos que são contínuos.”

Concorda com ele Trajano, da Soluciona, segundo o qual a principal peculiaridade é a alta “perecibilidade” da moda, ou seja, é preciso estar com produto novo e rapidamente no ponto de venda para manter a atratividade dos clientes.

“Os setores operam com coleções, a mercadoria não entregue dentro da janela de coleção praticamente tem desvalorização de mais de 80% no preço de venda, ou seja, precisamos de um acompanhamento mais próximo das entregas para evitar atrasos e recusas por parte dos clientes destinatários. Outro ponto é a gestão de risco, a mercadoria tem fácil revenda para receptadores e alto valor agregado, e a gestão de risco tem atuado permanentemente nas operações de vestuário e têxtil”, completa Menegon, da TDB Transporte.

E Lacerda, da Rodomaxlog, lembra que, o público com o qual lidam e as exigências específicas das características de cada segmento são grandes peculiaridades, pois o têxtil é direcionado à indústria, são produtos manufaturados, destinados à produção. Já o de vestuário é direcionado para o consumidor final, comércio em geral.

Outro tipo de análise é feita por Silva, do Grupo Farrapos. Ele destaca que o setor têxtil é um dos mais importantes do país, gera cerca de 9 milhões de empregos diretos e indiretos, contudo, tanto o setor produtivo quanto o varejo vêm sofrendo com a invasão dos importados, que é uma crescente em razão das portas escancaradas. A consequência disso é o achatamento na rentabilidade das empresas do setor, o fechamento de muitas indústrias e fábricas de confecção, gerando, assim, uma queda na geração de empregos, no consumo de insumos para produção e confecção e, consequentemente, reduzindo a arrecadação de impostos para o país. “Para o consumidor final não importa muito se a roupa é produzida aqui ou lá fora, mas para o país isso é uma grande perda”, lamenta o gerente corporativo do Grupo Farrapos.

 

Dados gerais do setor referentes a 2017 (atualizados em outubro de 2018), segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT)

 Faturamento da Cadeia Têxtil e de Confecção: US$ 51,58 bilhões; contra US$ 42,94 bilhões em 2016;

 Exportações (sem fibra de algodão): US$ 2,4 bilhões, contra US$ 1,0 bilhão em 2016;

 Importações (sem fibra de algodão): US$ 5,2 bilhões, contra US$ 4,2 bilhões em 2016;

 Saldo da balança comercial (sem fibra de algodão):  US$ 2,8 bilhões negativos,  contra US$ 2 bilhões negativos em 2016;

 Investimentos no setor:  R$ 3,1 milhões, contra R$ 2,9 milhões em 2016;

 Produção média de confecção: 8,9 bilhões de peças; (vestuário+meias e acessórios+cama, mesa e banho), contra 5,7 bilhões de peças em 2016;

 Produção média têxtil:  1,3 milhão de toneladas,  contra 1,6 milhão de toneladas em 2016;

 Varejo de Vestuário: 6,71 bilhões de peças, contra 6,3 bilhões de peças em 2016;

 Trabalhadores: 1,5 milhão de empregados diretos e 8 milhões se adicionados os indiretos e efeito renda, dos quais 75% são de mão de obra feminina;

 2º maior empregador da indústria de transformação, perdendo apenas para alimentos e bebidas (juntos);

 2º Maior gerador do primeiro emprego;

 Número de empresas: 27,5 mil em todo o País (formais);

 Quarto maior produtor e consumidor de denim do mundo;

 Quarto maior produtor de malhas do mundo;

 Representa 16,7% dos empregos e 5,7% do faturamento da Indústria de Transformação;

 A moda brasileira está entre as cinco maiores Semanas de Moda do mundo;

 Mais de 100 escolas e faculdades de moda;

 Autossuficiente na produção de algodão, o Brasil produz 9,4 bilhões de peças confeccionadas ao ano (destas, cerca de 5,3 bilhões em peças de vestuário), sendo referência mundial em beachwear, jeanswear e homewear (dados de 2014);

 O Brasil é a maior Cadeia Têxtil completa do Ocidente. Só nós ainda temos desde a produção das fibras, como plantação de algodão, até os defiles de moda, passando por fiações, tecelagens, beneficiadoras, confecções e forte varejo;

 Indústria que tem quase 200 anos no País.

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